22 Julho 2019
Insultos online, considerações vulgares sobre aparência física e sexualidade, ameaças físicas contra Carola Rackete que hoje partiu, como cidadã livre, de volta à Alemanha depois de ter sido interrogada na sexta-feira pelos magistrados sobre o caso Sea Watch.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 19-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
No perfil no facebook do ministro do Interior, Matteo Salvini escreve "Não vejo a hora de expulsar aquela comunista mimada", algo impossível sendo a jovem cidadã alemã livre após a audiência no tribunal de Agrigento, Carola tornou-se alvo em poucos minutos de mais de 2 mil comentários desdenhosos, muitos dos quais em tons gravemente ofensivo, inclusive além limite do código penal. E na noite se sexta-feira o vice-primeiro ministro voltou a ofendê-la durante um comício em Barzago: "Aquele carrapato alemão me denunciou".
Após a apreensão do Sea Watch 3, Rackete pediu ao judiciário italiano para ocultar o perfil do vice-premier no Facebook. Isso foi, evidentemente, ignorado em massa pelos seguidores da página social de Salvini, que se manifestam no posts em que o ministro do Interior define a comandante como "a nova heroína da esquerda" e lembra como ela foi "interrogada por quatro horas ... Haverá finalmente um juiz que pelo menos desta vez vai fazer respeitar as leis, a segurança e a dignidade do nosso país? Não vejo a hora de expulsar esta mimada comunista alemã e mandá-la de volta para casa", afirma Salvini, que na noite anterior durante um comício havia chamado Rackete de “carrapato”.
O termo também reaparece nos comentários dos apoiadores de Salvini. Mas está entre os mais gentis. Conforme verificado pela agência Dire na página do FB do ministro, se chega à ameaça física contra a comandante. E não só isso. "Eu não gosto nem um pouco desta cara de m... com seu risinho debochado a serviço de Soros, mas onde a justiça humana não chega, chegará aquela divina. Treme ‘rasta’ treme", escreve franca gbs. Enrico Lucchetti invoca o retorno da pena de morte, assim, diz ele "punimos uma para educar cem".
Enquanto pensa em violência física, o apoiante que assina como Adelin Toluntan escreve: "Se eu encontrar esta fulana na rua, vou dar uns tapas em sua cara. Ela tem mesmo uma cara que pede uma boa bofetada".
A maioria dos comentários se concentra na aparência física de Carola Rackete. "baranga", "imunda”, "vai comprar um shampoo”, “aqueles como ela, os alemães chamam de vagabundas", são apenas alguns dos insultos. Que também se concentram em suas roupas. Mario di Martino pergunta: "poderia ter usado uma camiseta e um sutiã um pouco mais adequados para ir ao tribunal, não? Esta, na Alemanha, ninguém topa com... Ninguém". Continua o debate sobre as alemãs na praia sem sutiã.
Os insultos poupam muito pouco: do cabelo, "um arbusto", aos seios "aquelas ameixas murchas", ao rosto "de c...”, e ainda "fábrica de piolhos", "vagabunda". Wolfgang antonelli: "mas antes de mandá-la embora, eu até que daria uma...”.
Somente na última quinta-feira o parlamento aprovou o código vermelho contra a violência contra as mulheres. Além dos defensores de Carola, apenas uma voz de dissenso entre aqueles que apoiam o ministro. Anna Maria Ottazzi escreve: "comentários inqualificáveis. Eu sou salviniana e certamente não sou a favor de Carola. Mas essas referências ao aspecto físico são de uma baixeza absoluta”.
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Carola Rackete retorna à Alemanha, novos insultos de Salvini - Instituto Humanitas Unisinos - IHU