12 Abril 2019
Design ecológico ou ecodesign é a expressão para uma crescente tendência mundial nos campos da arquitetura, engenharia e no próprio design.
O artigo é de Dr. Roberto Naime, doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale, publicado por EcoDebate, 11-04-2019.
O objetivo principal é desenvolver produtos, sistemas e serviços que reduzam o uso de recursos não-renováveis e minimizem o seu impacto ambiental, sendo assim amigáveis para o meio ambiente.
Mas a relação do design com a ecologia, não é nova. O primeiro designer a ter consciência do impacto ambiental da profissão foi o americano Victor Papanek nos anos 1970.
Visionário, foi um homem a frente do seu tempo, mas, mesmo assim, exposto a constrangimentos pelos colegas, que acreditavam que esta preocupação pela relação do design com o meio ambiente era exagerada.
Victor escreveu o livro “Design for the real world”, onde já expressava esta preocupação com a relação entre homem e natureza e o papel do design na produção de artefatos.
Também é importante no tema o designer e engenheiro Buckminster Fuller, um visionário e pioneiro na relação entre a espécie humana e a natureza, da qual a mesma é integrante.
É sabido hoje que grande parte dos problemas ambientais atuais foram causados pela mesma engenharia, design e manufatura tradicional que sempre desconsideraram qualquer posterior impacto ambiental na hora de projetar, manufaturar, transportar e vender bens e serviços.
O ecodesign é a aplicação prática de requisitos ambientais de projeto desde o início, substituindo então a matéria-prima, materiais, tecnologia, processos, manufatura por outros menos nocivos ao meio ambiente.
Devemos lembrar que o design ecológico além de um papel tecnológico, de otimização, também tem um papel educativo, já que conscientiza o consumidor sobre o seu impacto negativo no ambiente, e como é possível minimizar estes impactos pelo consumo de produtos, sistemas e serviços, considerados ecológicos.
O ecodesign é, acima de tudo, o reconhecimento de que na civilização humana, é necessário uma confluência com a natureza, mimetizando os processos naturais e aplicando quando possível, ao mundo material e artificial do homem.
Alguns princípios do ecodesign são fielmente cumpridos desde o momento em que o designer e o engenheiro tem um novo projeto.
O ecodesign também permite exploração de novos conceitos de produtos, sistemas, serviços já que existe uma tendência para a miniaturização da tecnologia, e o uso cada vez mais de materiais derivados da natureza.
O ecodesign pode ser classificado como uma etapa anterior ao design sustentável, já que a concepção de uma sociedade homeostática em todos os seus âmbitos implica uma mudança de todos os sistemas de produção, manufatura, consumo e pós-consumo.
Essa mudança ainda não é possível. Essa alteração de paradigma deve ocorrer em um novo sistema de pensamento, de inovação, e num novo sistema civilizacional, usando parâmetros, ferramentas que anteriormente causaram crises globais e ambientais.
Os materiais de um produto devem ser de baixo impacto ambiental, com menos poluentes, sem produtos tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, ou ainda que requerem menos energia na fabricação.
Devem ser utilizados processos de fabricação com menos energia. Os produtos devem ter qualidade e durabilidade, que durem mais tempo e funcionem melhor, a fim de gerar menos resíduos sólidos.
Os princípios de modularidade devem ser empregados, criando objetos cujas peças possam ser trocadas em caso de defeito, pois assim não é todo o produto que é substituído, o que também gera menos resíduos sólidos.
Devem ser propostos objetos feitos a partir da reutilização ou reaproveitamento de outros produtos, projetados para sobreviver seu ciclo de vida e após criando ciclos fechados sustentáveis, como latinhas de alumínio.
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Design ecológico ou ecodesign - Instituto Humanitas Unisinos - IHU