07 Fevereiro 2019
O sacerdote sequestrado em 2013 teria sido usado como objeto de troca com os curdos, junto com um jornalista britânico e uma agente humanitária da Nova Zelândia. Sua irmã: “A informação parece verossímil”.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 07-02-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Paolo Dall’Oglio, o sacerdote jesuíta sequestrado na Síria em 2013, ainda estaria vivo e seria objeto de uma negociação do Estado Islâmico para escapar da aniquilação em um dos últimos bolsões de território sob seu controle. Foi o que fontes curdas relataram ao jornal Times.
Segundo o jornal, além de Dall’Oglio, as negociações também envolveriam o jornalista britânico John Cantlie e uma enfermeira da Cruz Vermelha da Nova Zelândia. De acordo com as fontes citadas pelo jornal, o ISIS estaria buscando um acordo com as forças curdo-árabes apoiadas pelos Estados Unidos que as cercam, pedindo uma passagem segura em troca da libertação dos reféns.
“Todos os três reféns foram citados – continuam as fontes curdo-sírias – por prisioneiros do ISIS e pelas suas famílias, recentemente capturados enquanto tentavam escapar do cerco da cidade de Foqani Baghuz”.
Cerca de 500 membros do ISIS, incluindo combatentes estrangeiros, estão tentando negociar sua fuga para uma área do deserto controlada pelo ISIS para além do Eufrates, e as informações sobre os reféns poderiam ser apenas uma tática de negociação, advertem as fontes ao Times.
Na terça-feira, 5, o governo britânico havia informado que Cantlie ainda poderia estar vivo e nas mãos dos jihadistas: o vice-ministro da Segurança britânico, Ben Wallace, falara com a imprensa a respeito disso, sem dar mais detalhes.
“Essas são as figuras ideais para o ISIS usar em sua negociação por um corredor seguro de fuga”, disse um funcionário curdo, reiterando que não tem nenhuma prova.
Cantlie foi sequestrado na Síria em novembro de 2012, enquanto trabalhava com o fotojornalista estadunidense James Foley (depois decapitado) e foi visto pela última vez em Mosul em dezembro de 2016.
O Pe. Dall’Oglio, que viveu na Síria por mais de 30 anos, desapareceu em Raqqa em julho de 2013, depois de ir discutir sobre a segurança da comunidade cristã com o ISIS. O grupo nunca admitiu ter detido o sacerdote, e por muito tempo pensou-se que ele havia sido morto logo após o seu sequestro. Pela sua libertação, o Papa Francisco também dirigiu um profundo apelo.
A enfermeira neozelandesa, por sua vez, fazia parte da equipe de seis agentes sequestrados no noroeste da Síria em outubro de 2013. Todos os outros enfermeiros, exceto a mulher, foram depois libertados.
Romano, 62 anos completos no dia 17 de novembro passado, Dall’Oglio passou metade da sua vida na Síria, em Deir Mar Musa, onde fundou uma comunidade monástica dedicada ao diálogo inter-religioso. Em junho de 2012, o jesuíta foi expulso pelo governo de Bashar al-Assad por ter se encontrado com membros da oposição e criticado as ações do regime na guerra síria.
Durante alguns meses, ele se mudou para o Curdistão iraquiano, de onde retornou à Síria alguns meses depois, antes de ser sequestrado.
A família está agora novamente ligada a um fio de esperança. A informação dada pelos informantes curdos é uma fresta “importante, embora ainda não haja nada confirmado”, disse a irmã do religioso, Francesca Dall’Oglio: “Eu sempre continuei esperando que Paolo estivesse vivo. Realmente esperamos que ele esteja vivo, embora, até agora, não haja nada confirmado pela Unidade de Crise.”
“A informação parece verossímil. Estamos tentando entender com o Ministério das Relações Exteriores da Itália. Acho que vai levar algum tempo. Vivemos na incerteza. De todos os modos, após cinco anos de silêncio por parte de todos, é importante ter essa novidade. Seria a maior alegria se fosse verdade.”
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Síria: Pe. Dall’Oglio estaria vivo nas mãos do ISIS, segundo o Times - Instituto Humanitas Unisinos - IHU