01 Setembro 2018
A Conferência Episcopal Argentina (CEA), por meio de uma carta emitida hoje e que leva a assinatura dos bispos Oscar Ojea, presidente, e Carlos Malfa, secretário, expressou seu apoio ao Papa Francisco, a quem manifestam “nossa fraterna e filial proximidade neste momento em que sofre um ataque desapiedado, no qual confluem distintos e mesquinhos interesses mundanos”. Os bispos argentinos dizem ao Papa que “compartilhamos suas dores e esperanças”.
A reportagem é de Washington Uranga, publicada por Página/12, 31-08-2018. A tradução é do Cepat.
Embora a nota não se refira a nenhum fato ou declaração em particular, é evidente que a mesma enfrenta as críticas que nos últimos dias foram formuladas, em particular por setores conservadores da própria Igreja. Carlo Maria Viganò, um arcebispo que foi núncio (embaixador do Vaticano) nos Estados Unidos entre 2011 e 2016, revelou uma carta na qual responsabiliza Francisco por ocultar informação e uma denúncia sua – que segundo disse é de 2013 – sobre os abusos sexuais cometidos pelo cardeal norte-americano Theodore McCarrick, arcebispo emérito de Washington e que recentemente foi obrigado a renunciar a sua condição por Francisco, que o retirou de qualquer atividade pública. Antes, uma investigação da própria Arquidiocese de Nova York concluiu que o bispo foi culpado pelo abuso sexual de uma criança.
Em sua carta, Viganò chegou a pedir a renúncia de Francisco, a quem acusou de liberar McCarrick de sanções que lhe teriam sido impostas por Bento XVI.
Ao retornar de sua viagem à Irlanda e falando com os jornalistas, Bergoglio disse a respeito da carta de Viganò que “não direi uma palavra sobre isto” e acrescentou que “a carta fala por si mesma”, pedindo por sua vez aos jornalistas que tirem suas próprias conclusões, a partir de sua “capacidade jornalística” e “maturidade profissional”.
Em declarações formuladas hoje ao Vatican Insider, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, disse que Francisco está “sereno” frente aos ditos de Viganò e que “o Papa é uma grande graça, inclusive frente a estas coisas que obviamente criam tanta amargura e também inquietação”.
Parolin também destacou que “não se pode a não ser expressar dor diante destas coisas, grande dor”, mas expressou seu desejo de que “todos trabalhemos na busca da verdade e da justiça, que sejam estes os pontos de referência e não outras coisas” e ratificou que “certamente a situação não é em nada preocupante”.
Diante de operações políticas encabeçadas especialmente por setores conservadores da Igreja contra Bergoglio, agora os bispos argentinos dizem ao Papa que, “unidos em confiada oração, pedimos ao Espírito Santo que o encha de sabedoria e fortaleza para que, como sucessor de Pedro, continue nos confirmando na fé da Igreja”.
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Argentina. O apoio dos bispos a Francisco que sofre um 'ataque desapiedado' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU