14 Agosto 2020
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: «Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu».
Então Maria disse:
«Minha alma proclama a grandeza do Senhor, meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão, porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo, e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração. Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias. Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.»
Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.
Leitura do Evangelho segundo Lucas 1, 39-56 (Correspondente à Festa da Assunção de Maria, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado
Neste domingo celebra-se a Solenidade da Assunção de Maria aos Céus. É a festa do destino definitivo da humanidade que se contempla em Maria, que já participa da ressurreição e glorificação de Cristo. Ele, nossa Mãe, mostra-nos o caminho a percorrer.
"Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia".
Maria parte, deixando a cidade onde se encontrava. Ela não tem problema em abandonar sua terra, em abandonar a segurança do conhecido para dirigir-se à cidade onde está sua prima Isabel. Maria é uma mulher atenta às pessoas que necessitam e se é preciso sair, abandonar sua terra, deixar sua família, seus parentes próximos para ajudar a uma mulher grávida, ela não duvida em fazê-lo.
O início deste trecho evangélico apresenta-nos esta atitude fundamental de Maria que “parte”, que sai, que não fica atrapalhada nas suas preocupações, pelo contrário. Ela deve começar um novo caminho, não pode ficar no mesmo espaço onde esteve até agora. Houve uma novidade que mudou sua vida para sempre.
O evangelista descreve que saiu apressadamente, sem demora. Quais seriam os pensamentos e sentimentos de Maria atravessando as montanhas dirigindo-se à cidade de Judeia? Uma profunda alegria desde o momento que soube que sua prima, já anciã, estava grávida. A necessidade de ajudá-la, contribuir, visitá-la, estar ao seu lado.
E um grande desejo de reencontrar-se e compartilhar seu júbilo pela boa notícia da vida que batia no seu interior! Maria caminha animada pela vida que palpita no seu interior, mas também pela vida que ela sabe que deve cuidar e assistir.
"Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel".
Assim como o anjo entrou no lugar onde estava Maria e lhe anuncia que vai ser a mãe de Jesus, Filho do Altíssimo, da mesma forma Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Mas a saudação de Maria ressoa na intimidade de Isabel e faz saltar a criança no seu interior. As palavras de Maria ecoam e mudam a vida dos que as recebem. Não são palavras vazias. Seu cumprimento leva consigo a presença do Espírito que habita nela!
A saudação de Maria está cheia de esperança, de ânimo, de confiança. Ela é portadora da presença consoladora do Espírito e assim é recebida por Isabel.
Maria levava Jesus, atravessando as regiões montanhosas, e assim visita sua prima Isabel na Judeia. Como descreve o evangelista, também hoje Maria leva Jesus pelos caminhos do mundo inteiro, pelas grandes ou pequenas cidades, povoados, famílias entrando na vida de cada uma das pessoas que ouvem sua voz e se deixam tocar pela sua saudação.
Ninguém pode ficar indiferente diante das palavras de Maria. Sua voz desperta a vida que ainda palpita no nosso interior e provoca uma alegria que esperta e salta, como descreve Isabel: “Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre.”
Na festa de Assunção é Jesus Ressuscitado que leva sua mãe pelos caminhos celestes! Essa é a Visitação definitiva. Nela proclamamos a obra definitiva de Deus que convida a humanidade a levantar seu olhar ao alto e deixar de lado tudo aquilo que é sem sentido, preocupações motivadas pelo orgulho e egoísmo.
Como disse Francisco, a assunção de Maria aos céus chama as pessoas a deixarem de lado toda insignificância e preocupações mundanas e mesquinhas que competem por sua atenção e, em vez disso, se prestarem a Deus e sua grandiosidade. Maria nos convida para levantarmos nosso olhar para cima, para as grandes coisas que o Senhor fez por ela, e lembra as pessoas que o Senhor também faz grandes coisas na vida delas".
“Com a assunção de Maria, de corpo e alma, no céu, ela é como uma mãe que espera que seus filhos voltem para casa. Sabendo que ela está lá com Deus no céu nos dá consolo e esperança durante a nossa peregrinação na terra. A festa da Assunção de Maria é um convite especialmente para aqueles, que aflitos pela dúvida e pela tristeza, vivem olhando para baixo. Vamos olhar para o alto onde Maria espera. Ela nos ama, ela sorri para nós e vem em nosso auxílio com pressa." (Texto completo: “A Festa da Assunção convida as pessoas a olhar para o céu com esperança”, diz o papa)
De forma especial fazemos presentes as palavras de Dom Pedro Casaldáliga que soube olhar para o alto e viver sua vida percorrendo as cidades e povoados dos marginalizados e discriminados da sociedade, especialmente dos indígenas. Como ele mesmo disse, “não se pode ser cristão sem defender os direitos dos pobres, aconteça o que acontecer”.
Virgem e Mãe Maria,
Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida
na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno,
ajudai-nos a dizer o nosso «sim»
perante a urgência, mais imperiosa do que nunca,
de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.
Vós, cheia da presença de Cristo,
levastes a alegria a João o Baptista,
fazendo-o exultar no seio de sua mãe.
Vós, estremecendo de alegria,
cantastes as maravilhas do Senhor.
Vós, que permanecestes firme diante da Cruz
com uma fé inabalável,
e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição,
reunistes os discípulos à espera do Espírito
para que nascesse a Igreja evangelizadora.
Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados
para levar a todos o Evangelho da vida
que vence a morte.
Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos
para que chegue a todos
o dom da beleza que não se apaga.
Vós, Virgem da escuta e da contemplação,
Mãe do amor, esposa das núpcias eternas
intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo,
para que ela nunca se feche nem se detenha
na sua paixão por instaurar o Reino.
Estrela da nova evangelização,
ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão,
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da terra
e nenhuma periferia fique privada da sua luz.
Mãe do Evangelho vivente,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós.
Amen. Aleluia!
Exortação Apostólica Evangelii Gaudium
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A partida de Maria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU