08 Junho 2018
Jesus foi para casa, e de novo se reuniu tanta gente que eles não podiam comer nem sequer um pedaço de pão. Quando souberam disso, os parentes de Jesus foram segurá-lo, porque eles mesmos estavam dizendo que Jesus tinha ficado louco.
Alguns doutores da Lei, que tinham ido de Jerusalém, diziam: “Ele está possuído por Belzebu”; e também: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”.
Então Jesus chamou as pessoas e falou com parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar Satanás?”
“Se um reino se divide em grupos que lutam entre si, esse reino acabará se destruindo; se uma família se divide em grupos que brigam entre si, essa família não poderá durar. Portanto, se Satanás se levanta e se divide em grupos que lutam entre si, ele não poderá sobreviver, mas também será destruído. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar suas coisas, se antes não amarrar o homem forte. Só depois poderá roubar a sua casa.”
“Eu garanto a vocês: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como as blasfêmias que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, pois a culpa desse pecado dura para sempre.” Jesus falou isso porque estavam dizendo: “Ele está possuído por um espírito mau.”
Nisso chegaram a mãe e os irmãos de Jesus; ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo: Havia uma multidão sentada ao redor de Jesus. Então lhe disseram: “Olha, tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram.” Jesus perguntou: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” “Então Jesus olhou para as pessoas que estavam sentadas ao seu redor e disse: «Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
Leitura do Evangelho de Marcos 3,20-25 (Correspondente ao 10º Domingo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Hoje, a Liturgia convida-nos a continuar nossa leitura sobre o Evangelho de Marcos. Num primeiro momento Jesus dirige-se para sua casa e “de novo” um grupo de pessoas se reúne ao redor de Jesus, mas isso não “lhes permite comer nem sequer um pedaço de pão”.
Podemos imaginar a cena. Possivelmente um grupo grande de pessoas que estava ao redor de Jesus fazia-lhe perguntas, apresentava-lhe suas doenças físicas, da sua família, a escravidão que sofriam, a marginalização, as dificuldades religiosas e tantas realidades padecidas por cada um e cada uma delas.
Pessoas que desejavam sua chegada, tocar seu manto, ficar perto dele. Jesus sabia e possivelmente queria estar perto deles. Nesse momento sua comida não era o mais importante. No Evangelho de João, Jesus disse: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.” (Jo 4,32) Neste momento ele se alimenta desta comida que é diferente!
Mas os parentes consideram que ele está louco devido ao seu comportamento. Por isso se dirigem até Jesus para afastá-lo e impedir que continue nessa situação. Num primeiro momento não fica claro quem é sua família, mas um pouco mais adiante esclarece que esse grupo é sua mãe e seus irmãos. No Evangelho de João aparece uma vez mais esta desconfiança de seus irmãos: “Nem mesmo os irmãos de Jesus acreditavam nele.” (Jo 7,5)
Possivelmente eles tinham dúvidas sobre suas atitudes, ele quebrava muitas fronteiras preestabelecidas. De onde recebe o poder de curar, de sanar? No fundo desconfiam de Jesus e não acreditam nem no seu poder. Sua conduta produz confusão.
“Alguns doutores da Lei, que tinham ido de Jerusalém, diziam: ‘Ele está possuído por Belzebu’.”
Jesus está falando e atuando em nome de Deus e estas pessoas o consideram “possuído pelo Belzebu”. Eles acusam-no de estar “possuído pelo Belzebu” e dizem que a origem de seu poder é o príncipe dos demônios. Justamente o contrário do que Jesus faz, que é dirigir-se ao pobres, os que carregam o sofrimento da opressão e da marginalização, de libertá-los em nome de Deus, o Pai.
A resposta de Jesus, colocada pelo evangelista como parábolas, contém três elementos a considerar.
Respeito ao poder de Jesus. Se a origem provém de Satanás, então é um reino dividido que nunca conseguiria ficar em pé. Utiliza também a imagem da família que, se estiver dividida em grupos, nunca poderá subsistir.
Num segundo momento, Jesus fala a respeito de sua pessoa. Para arrombar uma casa onde mora um homem forte, é preciso primeiro amarrá-lo antes e derrubá-lo. Só dessa forma é possível roubar sua casa. Fica claro que aquele homem tem menos poder porque foi vencido.
Respeito aos escribas. O pecado contra o Espírito Santo é uma referência à rejeição da força reconciliadora de Deus que se revela na atuação de Jesus vencendo todo o mal.
Falando sobre o Sacerdócio de Cristo, Francisco disse que o Papa fez referência à grande unção sacerdotal de Jesus realizada pelo Espírito Santo no seio de Maria, ao passo que os sacerdotes, na cerimônia de ordenação, são ungidos com o óleo. “Também Jesus, como Sumo Sacerdote, recebeu esta unção. E qual foi a primeira unção? A carne de Maria com a obra do Espírito Santo. E aquele que blasfema sobre isto, blasfema sobre o fundamento do amor de Deus, que é a redenção, a recriação. Blasfema sobre o sacerdócio de Cristo. ‘Mas que mal!, o Senhor não perdoa?’ – ‘Não! O Senhor perdoa tudo! Mas, aquele que diz estas coisas se fecha ao perdão. Não quer ser perdoado! Não se deixa perdoar!’. Isto é o feio da blasfêmia contra o Espírito Santo: não se deixar perdoar, porque renega a unção sacerdotal de Jesus, realizada pelo Espírito Santo”. (Texto disponível em: "Há uma blasfêmia imperdoável: a contra o Espírito Santo”, prega o Papa).
Nesta semana o texto evangélico convida-nos a interiorizar as diferentes situações que lemos e meditamos hoje e a perguntar-nos: qual é a nossa atitude interior quando procuramos estar com Jesus?
Acreditamos realmente no seu poder que liberta profundamente, somos pobres e necessitados da sua presença libertadora ou, pelo contrário, nos fechamos consciente ou inconscientemente ao Espírito que não pode atuar em nós nem em nossas comunidades porque as portas da necessidade, do desejo, da procura, ficam fechadas para ele?
Há um grupo que procura Jesus e fica sentado ao seu redor e ele os reconhece como sua família. São os que estão ao seu lado, que não têm medo de quebrar fronteiras estabelecidas para estar ao seu redor. São os que contribuíram com seu grande desejo para que o Espírito os guie e os leve pelos seus caminhos.
Eles recebem a Boa Nova que proclama Jesus.
É uma nova família que está se constituindo, que são aqueles que entram na casa com Jesus, abrem suas portas ao Espírito Santo. Os que têm olhos para ver e ouvidos para entender.
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Por que procuramos Jesus? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU