07 Abril 2017
Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: «Tu és o rei dos judeus?»
Jesus declarou: «É você que está dizendo isso.» E nada respondeu quando foi acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos.
Então Pilatos perguntou: «Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?» Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou vivamente impressionado.
Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. Nessa ocasião tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. Então Pilatos perguntou à multidão reunida: «Quem vocês querem que eu solte: Barrabás, ou Jesus, que chamam de Messias?» De fato, Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: «Não se envolva com esse justo, porque esta noite, em sonhos, sofri muito por causa dele.» Porém os chefes dos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás, e que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a perguntar: «Qual dos dois vocês querem que eu solte?» Eles gritaram: «Barrabás.» Pilatos perguntou: «E o que vou fazer com Jesus, que chamam de Messias?» Todos gritaram: «Seja crucificado!» Pilatos falou: «Mas que mal fez ele?» Eles, porém, gritaram com mais força: «Seja crucificado!» Pilatos viu que nada conseguia, e que poderia haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse: «Eu não sou responsável pelo sangue desse homem. É um problema de vocês.» O povo todo respondeu: «Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos.» Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e o entregou para ser crucificado.
Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa em volta de Jesus. Tiraram a roupa dele, e o vestiram com um manto vermelho; depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram dele, dizendo: «Salve, rei dos judeus!» Cuspiram nele e, pegando a vara, bateram na sua cabeça. Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, e o vestiram de novo com as próprias roupas dele; daí o levaram para crucificar.
Quando saíram, encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer «lugar da Caveira.» Aí deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as roupas dele. E ficaram aí sentados, montando guarda. Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: «Este é Jesus, o Rei dos Judeus.» Com Jesus, crucificaram também dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. As pessoas que passavam por aí, o insultavam, balançando a cabeça, 40 e dizendo: «Tu que ias destruir o Templo, e construí-lo em três dias, salve-te a ti mesmo! Se é o Filho de Deus, desce da cruz!» Do mesmo modo, os chefes dos sacerdotes, junto com os doutores da Lei e os anciãos, também zombavam de Jesus: «A outros ele salvou... A si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que Deus o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: Eu sou Filho de Deus.» Do mesmo modo, também os dois bandidos que foram crucificados com Jesus o insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde houve escuridão sobre toda a terra. Pelas três horas da tarde Jesus deu um forte grito: «Eli, Eli, lamá sabactâni?», isto é: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?» Alguns dos que aí estavam, ouvindo isso, disseram: «Ele está chamando Elias!» E logo um deles foi correndo pegar uma esponja, a ensopou em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara, e deu para Jesus beber. Outros, porém, disseram: «Deixe, vamos ver se Elias vem salvá-lo!» Então Jesus deu outra vez um forte grito, e entregou o espírito. Imediatamente a cortina do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu, e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos santos falecidos ressuscitaram. Saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa, e foram vistos por muitas pessoas.
Leitura completa do Evangelho de Mateus 26,14-27,66 (Correspondente ao Domingo de Ramos, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado
No Domingo de Ramos, que celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, lê-se a Paixão de Jesus. Neste ano, ciclo A, é lida a narrativa no evangelho de Mateus.
No início do capítulo 26 deste Evangelho, Jesus anuncia sua crucifixão (26, 1-2), depois aparece o complô das autoridades para matar Jesus (26, 3-5); continua com a Unção de Betânia (26, 6-13) e, após, o relato que começamos a ler hoje, que é o trato de Judas com as autoridades (26, 14-16).
Jesus sabe o que vai acontecer e isto oferece um importante sentido para sua entrega, que muitas vezes não é fácil de compreender. Sem dúvida, ele poderia ter evitado, mas ele não escolhe o caminho fácil: fugir para o deserto, ir para longe de Jerusalém, mudar seu discurso e tantas outras oportunidades que até os discípulos lhe sugerem.
Ele é fiel a sua opção pelos mais pobres, pelos desprezados da sociedade, e fala com dureza aos sistemas opressores, sejam políticos ou religiosos. Jesus é Rei dos pobres, dos oprimidos, dos rejeitados, dos que não “valem porque não produzem”, não contribuem, num desenvolvimento econômico que favorece uns poucos e deixa de lado a grande maioria: pessoas, cidades, países inteiros.
Jesus escolhe estar do lado das vítimas, e neste domingo meditamos esta opção de sua vida! Não se deteve pelas ameaças recebidas e pelos insultos sofridos. Não desistiu do seu caminho.
Há vários exemplos de pessoas que seguiram o estilo de vida de Jesus até o fim. A vida de Vicente Cañas, escreve Paulo Suess, é uma advertência. “A religião pode ser “religião do mercado”, para acumular mercadorias e “religião do sagrado”, para defender a vida. Carregamos os tesouros de Deus em vasos de barro. Vicente deu a sua vida pelos Enawenê Nawê na Igreja que procura ser “companheira de caminho” (DAp 396) dos índios e “casa dos pobres” (DAp 8, 524), segundo a proposta do “Documento de Aparecida” (2007). (texto disponível Provocar rupturas, construir o Reino. Vicente Cañas SJ: Fragmentos de seu martírio)
Há muitas vidas na América Latina que são exemplo desta entrega aos mais empobrecidos. Há poucos dias (24 de março) lembramos a morte de Dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, assassinado pela sua opção pelos mais pobres, pelos que eram torturados e mortos pelo regime opressor. “Uma coisa é certa: se ele não tivesse denunciado a injustiça social e a opressão dos empobrecidos, ainda estaria vivo. É verdade, ele amava a Deus. Mas foi assassinado porque amava o homem sofredor.”
Falando sobre Don Oscar Romero, disse Dom Vicenzo Paglia: “Romero não viveu para si mesmo, mas para o povo, como Jesus. Este testemunho é tão claro que, num mundo globalizado, ele consegue tocar os corações de milhões e milhões de pessoas. E se queremos transformar o mundo, temos de transformar os corações das pessoas, da mesma forma como fez Romero”.
Neste momento, podemos perguntar-nos: quais são os valores que Jesus defende com sua forma de agir, suas palavras e sua opção de vida? Quais são os impérios reinantes que impedem que vivamos na igualdade, na justiça, e numa distribuição equitativa dos bens?
Podemos nos acostumar a viver com as pessoas sem teto, sem uma moradia segura, aqueles que lutam pelos direitos para seus filhos e filhas e até preferem sair do seu país assolado pelas guerras injustas na procura de um lugar mais tranquilo?
Lemos sobre os feminicídios, sobre a necessidade da igualdade de gênero e sem dúvida Jesus está nessa defesa, nessa luta pelos direitos das pessoas consideradas inferiores.
Jesus não foi condenado por uma causa justa. A causa da sua condenação e morte é que seu atuar incomodava os que estavam acomodados num sistema opressor e os desestabilizava. Eles não queriam escutar acusações e consideravam que o povo simples, sem cultura, não era digno de ser escutado nem considerado.
A morte de Jesus é uma morte injusta, ele recebe uma condenação injusta que o leva a uma morte humilhante. Mas, na sua pobreza e fragilidade, esconde-se o grande mistério do Reino de Deus, que prefere os pobres, os ignorados, os excluídos e os condenados pela sociedade que se achava proprietária da vida das pessoas.
Nesta semana somos convidados a entrar neste Mistério de um amor até o extremo por fidelidade ao Pai e ao Seu projeto, que é a igualdade da pessoa humana sem distinção nenhuma: seja homem ou mulher, indigente, carente, necessitado!
Neste domingo peçamos ao Senhor que, assim como ele, tenhamos um amor que se entrega pelas pessoas, sem distinção de raça, família, formação acadêmica ou tantas outras construções sociais que estabelecem muros de separação entre as pessoas e países.
Creio em...
"Eu sei, em quem acreditei" 2 Tim 1,12
Eu sei! Eu sei!
Estou convicto!
Tenho certeza!
E não: eu acho.
Presumo, suponho,
Imagino, sonho.
Sei que Tu estás comigo,
Sei que me acompanhas,
Sei que caminhas ao meu lado.
“Eu sei, em quem acreditei”
Vejo-Te no recôndito da minha alma
E no próximo caído e despojado,
Crucificado entre Chuí e Oiapoque.
Ouço a Tua voz
Em Tua Palavra eternamente atual
E no surdo clamor dos pobres e excluídos.
Sinto a Tua presença na Eucaristia,
Corpo entregue e Sangue derramado,
E na irmã, no irmão que chora e padece.
“Eu sei, em quem acreditei”
Tu és amor.
A graça de todas as graças
É acreditar no Teu amor:
O amor que não tem limites,
O amor que não se cansa,
O amor que se doa a si mesmo.
O amor que abrasa,
O amor que cativa,
O amor que jamais passará!
“Eu sei, em quem acreditei”
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