3º domingo do advento – Ano A – Vinde Senhor, para salvar o vosso povo!

Por: MpvM | 09 Dezembro 2022

"A mensagem que precisamos reter é a de que precisamos estar atentos aos sinais para podermos nós também preparar os caminhos do Senhor com a nossa atuação na sociedade e com a nossa alegria. A apreciação que Jesus faz ao Batista é decorrente de sua missionariedade, ele cumpriu sua vocação com sobriedade e humildade, sem vacilar como um caniço ao vento que se verga conforme as forças externas, sem soberba ou ostentação, não buscou poder ou autoridade mundana. Deu exemplo com sua vida de como se colocar diante do Senhor. Assim devemos também nós ser testemunhas do Salvador e abrir caminhos para que o Reino de Deus possa se manifestar."

A reflexão é de Lucíola Cruz Paiva Tisi, teóloga leiga, bacharel em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio (2017) e doutoranda em Teologia sistemática também pela PUC-Rio. Atua junto à Congregação dos Agostinianos da Assunção como leiga e na paróquia agostiniana da Santíssima Trindade no Rio/RJ, no catecumenato de adultos e como ministra extraordinária da eucaristia. Também integra um grupo de reflexão e estudos de leigos. 

 

Leituras do dia

1ª leitura: Isaías 35,1-6a.10
Salmo: Sl 145,7.8-9a.9bc-10
2ª leitura: Tiago 5,7-10
Evangelho: Mateus 11,2-11

Eis o texto. 

O Senhor virá para nos salvar em ato de amor, vem fazer parte de nossa história. Essa é a nossa esperança e a nossa alegria.

Podemos ver na leitura do profeta Isaias (Is 35,1-6a.10) a alegria da perspectiva da libertação do exilio. O texto também pode ser chamado de hino da alegria, que remetem aos sinais da natureza que anuncia um novo tempo, um tempo de renovação. A vida volta a surgir colorindo a realidade com a sua beleza. Assim também depois de momentos de turbulência e opressão a glória de Deus se manifesta de maneira abundante, trazendo ânimo e coragem para continuarmos a caminhada de cabeça erguida. “É Ele que vem para vos salvar”.  Deus sempre escuta o clamor de seu povo, sempre o acompanha e se faz próximo, se fez próximo outrora, se faz próximo no hoje da nossa história.

Thiago (Tg 5,7-10) nos convida a reflexão com a analogia ao agricultor: plantar cabe a nós, mas fazer germinar e crescer cabe a Deus. Portanto, devemos aguardar com fé e alegria que se consolide e frutifique a nossa semeadura. Essa analogia é muito rica e vai de encontro as nossas ansiedades e expectativas. Perceber os sinais é importante para a semeadura do agricultor: o momento certo, o tipo de solo e a irrigação adequada para o seu plantio são fatores fundamentais para que se desenvolva a sua plantação. Thiago nos exorta a observarmos a realidade com coragem, perseverança e fé, a termos paciência. O Senhor virá e fará sua Justiça. Os pobres se saciarão, os surdos ouvirão, os cegos verão e os doentes serão curados.

No evangelho (Mt 11,2-11) temos a continuação do último domingo, que nos mostra a missão profética de João Batista: preparar os caminhos do Senhor. Na leitura desse domingo, encontramos João Batista preso por ordem de Herodes Antipas. Envia seus discípulos para perguntar a Jesus se é ele mesmo o Messias. A Resposta de Jesus é intrigante, ele aponta os fatos que ocorreram devido a sua atuação. Os cegos viram, os surdos ouviram, os pecadores se converteram, doentes foram curados e os marginalizados se tornam os protagonistas do Reino de Deus. Resposta que gera escândalo por ir em encontro as leis de pureza do judaísmo vigente. Jesus age entre os excluídos e marginalizados. Seu Reino não favorece os poderosos, mas os mansos, humildes, pobres, pecadores e impuros. Podemos ver aqui um paralelo com a leitura do profeta Isaias. O início da salvação já está presente e de maneira misteriosa, porém ainda há de se cumprir. Já está presente hoje, em nosso meio através dos atos de Jesus e da igreja, mas ainda inconcluída pois só deve ser cumprida no Reino vindouro, no Reino escatológico de Deus.

A mensagem que precisamos reter é a de que precisamos estar atentos aos sinais para podermos nós também preparar os caminhos do Senhor com a nossa atuação na sociedade e com a nossa alegria. A apreciação que Jesus faz ao Batista é decorrente de sua missionariedade, ele cumpriu sua vocação com sobriedade e humildade, sem vacilar como um caniço ao vento que se verga conforme as forças externas, sem soberba ou ostentação, não buscou poder ou autoridade mundana. Deu exemplo com sua vida de como se colocar diante do Senhor. Assim devemos também nós ser testemunhas do Salvador e abrir caminhos para que o Reino de Deus possa se manifestar.

Aguardamos a celebração do Natal, da encarnação do Senhor que se fez pobre, manso e humilde de coração por compaixão do ser humano. Se identificou com os simples e deixou como o grande sinal de sua messianidade, a misericórdia, o amor incondicional ao próximo. Esses são os verdadeiros sinais de que o Reino está próximo, presente. Quando agimos no amor seguindo o exemplo e os ensinamentos de Jesus, semeamos a justiça, o acolhimento, a amizade e a solidariedade.

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