07 Dezembro 2022
"Mais de um sociólogo fala de uma autêntica 'cultura da violência'. Mas há outras formas mais sutis e, por isso mesmo, mais eficazes de destruir o crescimento e a vida das pessoas."
"Mecanização do trabalho, massificação do estilo de vida, burocratização da sociedade, reificação das relações, são fatores que estão levando muitas pessoas a se sentirem não seres vivos, mas sim peças de uma engrenagem social."
"Se algo caracteriza a personalidade de Jesus, é o seu amor apaixonado pela vida, a sua biofilia. A narração evangélica apresenta-o lutando contra tudo o que bloqueia a vida, a mutila ou a torna pequena."
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, publicado por Religión Digital, 12-05-2022.
Diante das diferentes tendências destrutivas que podem ser detectadas na sociedade contemporânea (necrofilia), Erich Fromm fez um apelo vigoroso para desenvolver tudo o que é amor à vida (biofilia), se não quisermos cair no que o famoso cientista chama de decadência síndrome.
Foto: Religión Digital
Sem dúvida, devemos estar muito atentos às diversas formas de agressividade, violência e destruição que são geradas na sociedade moderna. Mais de um sociólogo fala de uma autêntica “cultura da violência”. Mas existem outras formas mais sutis e, por isso mesmo, mais eficazes de destruir o crescimento e a vida das pessoas.
A mecanização do trabalho, a massificação do estilo de vida, a burocratização da sociedade, a reificação das relações, são muitos outros fatores que estão levando muitas pessoas a se sentirem não seres vivos, mas sim peças de uma engrenagem social.
Milhões de indivíduos no Ocidente hoje vivem vidas confortáveis, mas monótonas, onde a falta de propósito e propósito pode sufocar todo crescimento verdadeiramente humano.
Então algumas pessoas acabam perdendo o contato com tudo o que é vivo. Sua vida é cheia de coisas. Eles apenas parecem vibrar adquirindo novos itens. Eles funcionam de acordo com o programa ditado pela sociedade.
Outros buscam todos os tipos de estímulos. Eles precisam trabalhar, produzir, agitar ou se divertir. Eles devem sempre experimentar novas emoções. Algo emocionante que permite que eles se sintam ainda vivos.
Se algo caracteriza a personalidade de Jesus, é seu amor apaixonado pela vida, sua biofilia. As histórias evangélicas o apresentam lutando contra tudo que bloqueia a vida, a mutila ou a apequena. Sempre atento ao que pode fazer as pessoas crescerem. Sempre semeando vida, saúde, sentido.
Ele mesmo nos delineia a sua tarefa com expressões tiradas de Isaías: "Os cegos vêem e os aleijados andam; os leprosos são purificados e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados e aos pobres é anunciada a Boa Nova. E bem-aventurado aquele que não se sente decepcionado por mim".
Verdadeiramente abençoados são aqueles que descobrem que ser crente não é odiar a vida, mas amá-la, não bloquear ou mutilar nosso ser, mas abri-lo para suas melhores possibilidades. Muitas pessoas hoje abandonam a fé em Jesus Cristo antes de terem experimentado a verdade dessas palavras dele: "Eu vim para que os homens tenham vida e a tenham em abundância" (João 10:10).
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“Verdadeiramente bem-aventurados os que descobrem que ser crente não é odiar a vida, mas amá-la”. Artigo de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU