O Brasil registrou 28,2 mil homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios (roubo seguido de morte) no primeiro semestre de 2017, conforme a reportagem do Estado de São Paulo do dia 21/08/2017. De acordo com os dados fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança pública do país, foram 155 assassinatos por dia, com uma média de seis mortes por hora nos estados brasileiros. As características destas mortes são ligadas ao tráfico de drogas e as vítimas são jovens negros pobres da periferia mortos com armas de fogo. Os dados ainda apontam que o número de mortes é 6,79% maior do que no mesmo período de 2016.
O Rio Grande do Sul teve 1.491 homicídios no primeiro semestre de 2017, o que representou um aumento de 4,56% em relação ao mesmo período de 2016 (1.426). Mesmo aparecendo abaixo da média nacional, o Rio Grande do Sul está entre os estados mais violentos do Brasil, enquanto Minas Gerais e Paraná conseguiram reduzir os homicídios entre 2016 e 2017.
Nestes contextos, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, acessou os dados sobre homicídios da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul - SPP/RS para traçar um quadro sobre a realidade da violência na região do Vale do Sinos.
Eis o texto
Os indicadores criminais disponibilizados pela SPP/RS de 2017 compreendem o período entre janeiro e junho. Os indicadores mostram que nesse período ocorreram 21.212 casos de crimes no Vale do Sinos. Os furtos são responsáveis por 36,37% (7.745) e os roubos por 34,15% (7.273), ou seja, esses dois tipos de tipificações de crimes são responsáveis por 70,52% dos registros. A partir dos indicadores, pode-se concluir que houve, até junho de 2017, uma média de 83 roubos e furtos por dia no Vale do Sinos.
O mês com o maior número de ocorrências foi março, com 4.044 ocorrências de crimes na região. Esse mês teve uma média de 91 roubos e furtos por dia. Os municípios com o maior número de habitantes foram os que registraram o maior número de indicadores criminais até junho de 2017. Canoas aparece na primeira colocação, com 6.663 casos (2.185 furtos e 2.500 roubos), Novo Hamburgo, com 4.385 casos (1.547 furtos e 1.387 roubos) e São Leopoldo, com 3.587 casos (1.173 furtos e 1.276 roubos).
Apesar ter ocorrido uma média de 83 roubos e furtos por dia no Vale do Sinos até junho de 2017, percebe-se que os indicadores de criminalidade diminuíram entre junho de 2016 e junho de 2017. No mês de junho de 2016 aconteceram 3.813 crimes, enquanto em junho de 2017 foram 3.322 crimes. A redução na quantidade de crimes foi de -12,88% nesse período de um ano. É importante destacar que os dados disponibilizados para 2016 tinham mais tipificações de indicadores criminais do que os indicadores divulgados em 2017. Além da descontinuidade metodológica por parte da SPP/RS, existe o fator da subnotificação, que colabora para que os indicadores não demonstrem realmente a realidade da violência no país.
Somente o crime de roubo teve aumento no número de casos entre os onze tipos de crimes estratificados na imagem acima. O número de roubos no Vale do Sinos aumentou de 1.137 para 1.181 (+3,86%) entre junho de 2016 e junho de 2017. Os crimes que diminuíram na região nesse período foram a posse de entorpecentes (-50,32%), delitos relacionados a armas e munições (-41,18%), o roubo de veículos (30,50%). Os municípios de Dois Irmãos e Portão foram os únicos do Vale do Sinos que aumentaram o número total de crimes nesse período de um ano. O primeiro aumentou em 10,00% o número de crimes, pulando de 60 para 66, enquanto o segundo município aumentou em 29,17%, passando de 24 para 31 crimes.
Acesse aqui os indicadores de criminalidade no Vale do Sinos.