Inserção de negros entre a população economicamente ativa (PEA), isto é, a população entre 10 a 64 anos, aumentou 3,1% entre 2014 e 2015, enquanto que a taxa de desemprego aumentou com intensidade semelhante para negros (48,2%) e não negros (47,3%).
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, compartilha a publicação da Fundação de Economia e Estatística – FEE sobre a inserção dos negros no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA, em 2015.
Eis o texto.
Com o objetivo de ampliar o debate e produzir informações que orientem políticas públicas, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) e parceiros divulgaram nesta quinta-feira (17/11) os indicadores da inserção dos negros no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre, em 2015.
No comparativo entre 2014 e 2015, a População Economicamente Ativa (PEA) negra, na RMPA, aumentou em 8 mil pessoas em 2015, e a não negra, em 17 mil. Em termos relativos, o crescimento da PEA foi mais intenso para os negros (3,1%) em comparação aos não negros (1,0%). A taxa de participação, que reflete a população negra incorporada ao mercado de trabalho quer esteja ocupada ou desempregada, apresentou aumento, de 53,9% em 2014 para 54,5% em 2015.
A taxa de desemprego aumentou para todos os segmentos populacionais em 2015, com intensidade semelhante para negros (48,2%) e não negros (47,3%). Manteve-se o processo de redução da desigualdade das taxas de desemprego entre os sexos observado nos anos anteriores.
“O contexto de recessão econômica, em 2015, aumentou de forma severa a taxa de desemprego para negros e não negros, sendo que os homens foram os mais atingidos. Por isso não foi interrompida a tendência de redução das desigualdades das taxas de desemprego entre homens e mulheres”, pondera a economista Iracema castelo Branco, Coordenadora do Centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE.
Em 2015, o nível ocupacional diminuiu em 1,3% para os negros e 1,8% para os não negros. Nos diferentes setores de atividade econômica, observou-se aumento na concentração dos negros ocupados nos serviços e na construção, diminuição na indústria de transformação e relativa estabilidade no comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas.
Segundo Iracema Castelo Branco, “A construção e os serviços são os setores que historicamente possuem uma presença maior de negros. Em 2015, do total de homens negros ocupados, 17,4% trabalhavam na construção contra 11,6% entre os homens não negros. Já entre as mulheres, 17,3% das negras estavam ocupadas no emprego doméstico, o índice é de 9,8% entre as não negras.”
Os dados relativos ao rendimento médio real apresentam, de 2014 para 2015, redução tanto para os negros (-4,5%) quanto para os não negros (-7,8%). Observa-se, assim, que a redução do rendimento é maior para os não negros.
Por outro lado, os negros ainda ganham menos. Em valores monetários, o rendimento médio real caiu de R$ 1.697 para R$ 1.620 entre os negros e de R$ 2.343 para R$ 2.160 entre os não negros. Na segmentação por gênero, as mulheres negras apresentaram queda de 9,2% e os homens de 1,4%. Para a população não negra, a retração do rendimento médio real foi mais intensa para os homens (10,2%) do que para as mulheres (3,9%).
“A redução do rendimento médio real foi menos intensa para os negros do que para os não negros, indicando que a recessão econômica foi mais severa para aqueles de maior rendimento médio. A melhoria na desigualdade de renda, em termos proporcionais, deveu-se ao fato dos homens não negros terem apresentado retração do rendimento médio real mais acentuada do que a dos demais segmentos”, analisa Rodrigo Campelo, sociólogo da FEE.
A íntegra da pesquisa sobre a inserção dos negros no mercado de trabalho está disponível aqui.