Desmatamento na Amazônia Brasileira em 2016: prenúncio de um retrocesso?

Foto: Hebert Rondon / Ibama

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

02 Dezembro 2016

No dia 29 de novembro o Governo divulgou os dados preliminares do desmatamento de 2016. A taxa foi de 7.989 km2, o que representa um aumento de 29% em relação ao ano passado.O Brasil tem muito o que perder com isto, não só do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista político e econômico. Tal aumento não pode se tornar corriqueiro, nem ameaçar os grandes avanços ambientais do país nos últimos anos. É necessário que a sociedade como um todo aja para questionar este aumento e demandar, direta e indiretamente o cumprimento da legislação ambiental, bem como uma produção mais sustentável.

A reportagem foi publicada por IPAM Amazônia, 01-12-2016.

Este não é o primeiro repique no desmatamento. Em janeiro de 2014, o IPAM, em colaboração com o IMAZON e o Instituto Socioambiental (ISA), publicou uma nota técnica alertando para o fato de que o aumento de 28% na taxa de desmatamento na Amazônia brasileira em 2013[1] (5.891 km2) poderia ensejar um descontrole crescente da destruição florestal na região nos anos seguintes. Infelizmente, tal prognóstico se confirmou. A taxa de 2015 atingiu 6.207 km2 e a de 2016, recém anunciada pelo INPE, alcançou 7.989 km2 (Figura 1). Esse valor é o maior desde 2008, quando o desmatamento atingiu 12.911 km2. Naquele ano, drásticas medidas foram tomadas pelo governo, entre elas a criação da Lista de Municípios Prioritários da Amazônia, seguido do bloqueio ao crédito para produtores daquelas regiões. O recente aumento de 29% na taxa de 2016 em relação ao ano anterior não deixa dúvidas de que a tendência de redução, observada a partir de 2005, foi definitivamente revertida (Figura 1).

Figura 1: Taxa anual de Desmatamento na Amazônia Brasileira entre 2006 e 2016. O gráfico também mostra a área que poderia ser desmatada em 2020 para que o Brasil cumpra a meta de redução de  80% no desmatamento no bioma Amazônico (Decreto 7.390/2010). Baseado no desmatamento de 2016, o Brasil deve reduzir o desmatamento pela metade nos próximos anos. (Dados: PRODES/INPE, PPCDAM, MMA. Produção: IPAM).

O velho padrão de desmatamento se repetiu neste último anúncio divulgado pelo INPE: ParáMato Grosso e Rondônia seguem como os principais estados que perderam cobertura florestal. Juntos, eles são responsáveis por 75% de todo o desmatamento medido pelo PRODES. A surpresa, contudo, ficou por conta do estado do Amazonas, detentor de imensas florestas preservadas. Desde 2014 as taxas de desmatamento nesse estado vêm subindo, e em 2016 totalizaram mais de 100% de aumento acumulado.

A triste mensagem que o Brasil passa ao mundo com esta taxa assustadora de 2016 é que o seu ímpeto de controlar o desmatamento pode estar se enfraquecendo. O país já foi considerado o quarto maior emissor de gases estufa do mundo em 2007, em função das emissões oriundas da destruição florestal na Amazônia. É um passado para o qual não podemos em hipótese alguma retornar.

A partir de hoje, o IPAM lançará uma série de documentos e notas técnicas para destrinchar os motivos deste aumento na taxa de desmatamento da Amazônia. Quais as suas possíveis causas? O que pode ser feito para reverter este quadro de destruição? Não deixe de conferir no site

A nota na íntegra você confere aqui.

Leia mais