27 Outubro 2015
O cardeal austríaco, artífice da negociação final sobre a questão da comunhão dos divorciados recasados, e o Papa emérito, muito atento aos acontecimentos do Sínodo dos bispos. Sua excelência o cardeal Christoph Schönborn e Sua Santidade o Papa Emérito Joseph Ratzinger-Bento XVI. Há o detalhe de um almoço dos dois, no mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do Vaticano, tendo como pano de fundo o acordo costurado no grupo de trabalho Germanicus que serviu de modelo para outros grupos, encontrando um ponto comum entre reformistas e conservadores antes do voto final.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 26-10-2015. A tradução é de IHU On-Line.
O encontro entre o jovem arcebispo de Viena, por muitos considerado papável num futuro Conclave, e o velho Pontífice alemão, acontecido poucos dias antes do voto de sábado, se insere no quadro das costumeiras visitas de cortesia dos alunos do assim chamado Schülerkreis (o grupo de ex-alunos de Ratzinger), ao velho professor. Mas o Papa Emérito, que caminha com muita dificuldade mas cujo cérebro fuciona perfeitamente, seguiu com atenção - de longe - os debates do Sinodo. Ele foi citado várias vezes nos textos. E todos sabem que o líder dos conservadores, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e curador das obras completas de Joseph Ratzinger, é muito sensível à visão de Bento XVI.
Na mão estendida por Müller aos progressistas Schönborn, Marx e Kasper, há quem visse o desejo de não rachar o Sínodo rejeitando o desafio lançado por Francisco, mas de acolhê-lo. "Foi uma verdadeira surpresa", comentam no dia de hoje as fontes internas da assembleia, enquanto revelam que "o relatório, aprovado não sem conflitos, antes de ser levado ao plenário encontrou uma base comum".
Nas difíceis horas da tratativa final o cardeal Walter Kasper citava a "Summa" de Tomás de Aquino, onde se fala do "princípio da prudência". E no relatório do grupo de trabalho Germanicus a palavra central era "discernimento", cara aos jesuítas e a Bergoglio.
Müller, de tarde, levava para casa o livro de Tomás de Aquino. No manhã seguinte aceitava o compromisso proposto pelos progressistas. "Foi um milagre", disse, não por acaso, referindo-se ao trabalho realizado, o padre Thomas Rossica, diretor da Fundação Salt and Light, especializada em mídia. Porque somente um voto, 178 contra 80 contrários, salvou o quorum requerido dos dois terços para que a comunhão aos divorciados passasse.
O Pontífice no dia de ontem estava visivelmente satisfeito. Na missa conclusiva na Basílica de São Pedro agradeceu aos "irmãos sinodais", e disse que o Sínodo "foi faticoso, mas, seguramente, trará muito fruto". Depois alertou que é preciso não "cair numa "fé de programa", que faz com que, presos nos nossos ritmos e convicções, excluamos "quem não está á altura (do programa) ou que nos dá fastídio".
Os Padres sinodais, felizes e cansados depois de três semanas de trabalho, mais uma vez se abraçaram. E partiram para as suas sedes residenciais espalhadas pelo mundo.
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O acordo sobre o Sínodo nascido depois de um almoço de Ratzinger com Schönborn - Instituto Humanitas Unisinos - IHU