20 Julho 2015
Um dos mais importantes leigos católicos da Grã-Bretanha pediu que a Igreja permita participar da Comunhão aqueles fiéis que se divorciaram e casaram novamente no civil.
A reportagem é de Christopher Lamb, publicada pela revista The Tablet, 16-07-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Lord Patten de Barnes, que recentemente supervisionou uma revisão da estratégia midiática do Vaticano, citou o exemplo dos pais que não podem receber a Eucaristia quando os filhos fazem a Primeira Comunhão.
“Estive pensando sobre isso recentemente, porque um dos meus netos está prestes a participar na Primeira Comunhão. Os pais estão casados, nenhum dos dois se divorciou. Mas o que acontecerá se, na turma dele, haver uma criança cujos pais estão divorciados e todas as crianças forem aconselhadas a participar na Primeira Comunhão com eles?”, perguntou ao The Tablet.
“Como explicar para uma criança de 7 ou 8 anos que os seus pais não podem receber a Comunhão porque são terríveis pecadores? Quero dizer, onde fica o Evangelho de São Mateus aqui?”
Estes comentários do ex-presidente da BBC Trust [corpo diretivo da BBC] foram feitos no momento em que os bispos de todo o mundo se preparam para uma segunda Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a família a acontecer em Roma em outubro próximo. Um dos temas mais polêmicos em debate aí tem sido se a Igreja deve admitir, ou não, aos sacramentos os fiéis divorciados e recasados.
Lord Patten acrescentou: “Espero ver alguma mudança. Penso na combinação de um perdão maior, em mais flexibilidade em alguns casos e em mudanças em outros”.
Atualmente chanceler da Universidade de Oxford, Lord Patten elogiou o Papa Francisco por abrir “heroicamente” um debate sobre “se a Igreja deve adaptar-se mais para levar em conta as realidades contemporâneas ou se ela deve agarrar-se a um magistério imutável”. “Será que a Igreja deveria aceitar que as congregações se tornem menores contanto que deem uma mensagem clara e um claro sentido de destino, ou será que ela deveria tentar ajustar-se sem perder os fundamentos da mensagem cristã?”, perguntou, salientando que muitos católicos têm estado em desacordo com os ensinamentos da Igreja quanto à contracepção e à homossexualidade há algum tempo.
O nobre britânico, que ajudou a organizar a visita de Bento XVI à Grã-Bretanha em 2010, também refletiu sobre as recomendações que deu para a reforma nas comunicações da Santa Sé. No final do mês passado, o papa anunciou um novo secretariado que irá coordenar e agilizar toda a produção midiática do Vaticano.
Embora tenha sido Lord Patten quem recomendou a criação de um novo departamento de imprensa, houve a surpresa de que o Mons. Paul Tighe, que foi secretário do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e secretário de comissão que Patten coordenou, não foi incluído para fazer parte da nova e estrutura.
Perguntado sobre o que pensava a respeito das mudanças anunciadas, Patten disse: “Vou assistir com interesse e ver como o Vaticano irá gerir a implementação [das nossas recomendações], que nunca são fáceis. Veremos. Vou assistir a estes movimentos com interesse”.
Patten, ex-ministro conservador e presidente partidário, descreveu um e-mail que recebeu de um amigo depois de este ouvir que ele havia sido nomeado para trabalhar na revisão das operações midiáticas do Vaticano.
“Um dos meus amigos americanos, que é padre, me enviou um e-mail dizendo que eu já trabalhei para a Margaret Thatcher, que já negociei com os chineses, que entendo de política, mas que é agora que irei, de fato, aprender sobre política”.
E acrescentou: “No papa temos provavelmente o melhor comunicador do mundo e seria estranho se ele não estivesse apoiado por uma tecnologia e uma organização que fosse, pelo menos, tão boa quanto seria de se esperar de uma ONG bem estruturada ou mesmo de uma organização empresarial”.
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Ex-presidente da BBC pede que católicos divorciados e recasados possam receber a Comunhão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU