Por: André | 19 Mai 2015
A beatificação do mais universal dos salvadorenhos, dom Oscar Arnulfo Romero, tem entre suas dimensões a justiça, afirmou, no sábado 16 de maio, à Prensa Latina o secretário de Comunicações da Presidência, Eugenio Chicas.
A reportagem é de Odalys Troy e publicada por Prensa Latina, 16-05-2015. A tradução é de André Langer.
“Falar de Romero, romerismo, em El Salvador, é falar da nossa história”, destacou.
Observou que a questão da violência e da insegurança no país remonta a muitas décadas atrás, e hoje é difícil imaginar como um grupo de pessoas com a ideologia que tiveram naquele momento decidiram assassinar dom Romero.
“E não foi só a ele, mas a dezenas de religiosos que foram assassinados nesse período, pastores evangélicos, os padres jesuítas. Então, hoje, o caso Romero é um assunto de justiça nacional”, enfatizou.
Destacou que coloca no centro dos salvadorenhos a necessidade da recuperação de princípios e valores e leva-os a refletir sobre o que aconteceu naqueles anos para que tenham ocorrido nesta sociedade crimes dessa magnitude.
“A figura de Romero transcende o catolicismo, os adeptos da Igreja Romana e converte-se em um ícone não apenas de todos os cristãos, mas dos salvadorenhos e do mundo”, expressou Chicas.
Por isso, a Igreja realiza a cerimônia de dom Romero e o governo de Salvador Sánchez Cerén toma a decisão de acompanhá-la, disse.
Para El Salvador é a oportunidade de desenvolver ações comunicacionais orientadas a fortalecer o resgate de princípios, valores, ética, moralidade na sociedade na perspectiva das ideias progressistas, da mudança, do amor pelos mais necessitados, pelos mais excluídos de dom Romero, recalcou.
“Nesse contexto, o presidente Sánchez Cerén decidiu apoiar uma iniciativa da Igreja para realizar uma cátedra para que as novas gerações, as crianças, conheçam as origens de dom Romero, sua luta, sua história, sua época”, precisou.
Além disso, para que saibam das condições nas quais ocorreu o seu assassinato, das suas contribuições para o resgate de princípios e valores de uma nova sociedade, acrescentou.
A cátedra se estenderá por três anos e será coordenada pelo conteúdo formulado pela Igreja católica e o Ministério da Educação, detalhou.
Para Chicas, neste cenário em que a Igreja decide nomeá-lo beato, dom Romero já é um santo para os salvadorenhos e para toda a América Latina.
Será uma celebração sem precedentes, impressionante e estima-se, em números conservadores, que cheguem ao país cerca de 260 mil pessoas, disse o secretário de Comunicações.
A cerimônia, organizada pela Igreja católica, conta com o apoio do governo, para o que se criou uma comissão interinstitucional que contempla áreas como a atenção às delegações oficiais estrangeiras, segurança, transporte, comunicações, emergências, entre outras.
Em 03 de fevereiro passado, o Papa Francisco assinou o decreto de beatificação de dom Oscar Arnulfo Romero.
A Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano reconheceu que Romero foi assassinado “por ódio à fé”.
“O que moveu os seus agressores não foi a simples intenção de eliminar um inimigo político, mas o ódio contra o amor pela justiça e contra a predileção pelos pobres que Romero manifestava como eco direto de sua fé em Cristo e de sua fidelidade ao magistério da Igreja”.
O arcebispo mártir denunciou incansavelmente em suas homilias a repressão militar e manifestou publicamente a sua solidariedade com as vítimas da violência; por isso foi assassinado no dia 24 de março de 1980 enquanto celebrava uma missa.
A Comissão da Verdade criada para investigar os crimes durante o conflito armado (1980-1992) concluiu que o major da inteligência Roberto d’Aubuisson, fundador do partido de direita Aliança Republicana Nacionalista e dos esquadrões da morte, foi o autor intelectual do crime.
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A justiça, uma dimensão da beatificação de dom Romero - Instituto Humanitas Unisinos - IHU