Por: André | 17 Abril 2015
Terminou, após três anos de controvérsias, o exame doutrinal do Vaticano em relação às irmãs estadunidenses da LCWR (Leadership Conference of Women Religious), a maior organização das irmãs norte-americana, que representa cerca de 80% das superioras das religiosas deste país. Uma declaração conjunta certifica “o papel crucial” da LCWR. O Papa recebeu uma delegação das religiosas.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicado por Vatican Insider, 16-04-2015. A tradução é de André Langer.
Trata-se de um caso diferente da visita apostólica que, promovida em 2008 pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, na época dirigida pelo cardeal Franc Rodé, colocou sob a lupa a “qualidade de vida” das mais de 51.000 irmãs estadunidenses, e concluiu positivamente em dezembro do ano passado, com um “Informe final da visita apostólica aos Institutos de Vida Consagrada das Religiosas nos Estados Unidos da América”, apresentado no Vaticano pelo atual presidente do dicastério, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, e, entre outros, pela presidenta da LCWR, irmã Sharon Holland.
A “visita doutrinal” da Congregação para a Doutrina da Fé (dirigida naquela época pelo cardeal estadunidense William Levada) à Leadership Conference of Women Religious (LCWR), ao contrário, começou em fevereiro de 2009. Em abril de 2012, poucos meses antes de Levada deixar o cargo ao cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, a Conferência Episcopal dos Estados Unidos (e não o Vaticano) publicou o documento final da fase instrutora no qual a congregação vaticana indicava, entre outras coisas, “sérios problemas doutrinais” entre as irmãs estadunidenses, registrando algumas “posturas inaceitáveis” expressadas por algumas de suas expoentes sobre a Igreja e sobre Jesus, sobre o enfoque da Santa Sé em relação a temas como a homossexualidade e a ordenação sacerdotal feminina. Em geral, indicava o documento, havia “um radical feminismo” na associação, além das “ocasionais posturas públicas em desacordo ou em polêmica com as posturas dos bispos (em relação à reforma da saúde da Administração Obama, ndr.) que são ensinamentos autênticos da fé e da moral católica”.
O documento, criticado pela mesma LCWR e alguns veículos de comunicação como National Catholic Report, America e Commonweal, concluía com a nomeação de uma comissão, dirigida pelo arcebispo de Seattle, James P. Sartain, encarregada de revisar os programas, patrocínios e estatutos da organização. Durante o primeiro encontro entre o novo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e as irmãs, Müller divulgou um comunicado, em 15 de abril de 2013, no qual se lia que havia informado “a presidência de que recentemente discutiu a avaliação doutrinal com o Papa Francisco, que reafirmou os resultados da avaliação e o programa de reforma para esta conferência de superiores”. A “conversa”, indicou por sua vez a organização das irmãs estadunidenses, “foi aberta e franca. Rezamos para que estas conversas possam dar frutos pelo bem da Igreja”. Nesta quinta-feira, finalmente, o Vaticano publicou um “joint report” (informe conjunto) no qual se “destaca a forma como se realizou a implementação do mandato” de 2012, assinado no encontro realizado esta semana entre ambas as partes e na presença do cardeal Müller.
“Ao final do processo”, comentou o cardeal Müller, “a Congregação para a Doutrina da Fé confia em que a LCWR esclareceu sua missão para apoiar seus institutos membros e desenvolver uma visão da vida religiosa centrada na pessoa de Jesus Cristo e arraigada na Tradição da Igreja. Esta visão faz com que as religiosas e os religiosos sejam testemunhos do Evangelho e, consequentemente, é fundamental para o florescimento da vida religiosa na Igreja”. A irmã Holland, que não pôde participar do encontro, comentou: “Recebemos favoravelmente a conclusão do mandato, após intercâmbios que foram longos e que puseram desafios à nossa prática. Mediante estes intercâmbios, conduzidos sempre em um espírito de oração e mútuo respeito, fomos guiadas para uma compreensão mais profunda das recíprocas experiências, responsabilidades, tarefas e esperanças para a Igreja e para o povo que ela serve. Aprendemos que temos muito mais em comum do que as diferenças que possa haver”.
A Sala de Imprensa do Vaticano informou que, na quinta-feira, o Papa recebeu a delegação da LCWR.
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Termina a “avaliação doutrinal” vaticana das irmãs estadunidenses - Instituto Humanitas Unisinos - IHU