Por: André | 18 Fevereiro 2015
As temperaturas em Atenas caíram abaixo de zero na quinta-feira 12, mas as barracas dos trabalhadores desempregados que costumavam fazer a limpeza dos equipamentos públicos ainda permaneciam instaladas fora do Ministério das Finanças do país como um permanente desafio. São alguns dos milhares que perderam seus postos de trabalho como parte das demissões exigidas pelos credores internacionais da Grécia para equilibrar as contas do país.
A reportagem é de McDonald-Gibson e Nathalie Savaricas e publicada no jornal argentino Página/12, 13-02-2015. A tradução é de André Langer.
A quase 3.000 quilômetros dali, em Bruxelas, o novo primeiro-ministro da Grécia levou suas alegações para obter um abrandamento da austeridade aos outros líderes da União Europeia, numa tentativa de forjar um consenso político para um novo acordo sobre o resgate grego após o fracasso das negociações de abertura. Alexis Tsipras chegou para sua primeira reunião com líderes da União Europeia horas depois que seu ministro das Finanças não conseguira um grande avanço com outros 18 ministros da zona do euro, apesar das sete horas de conversações. Nem sequer eram capazes de chegar a um acordo sobre os próximos passos de procedimento, enquanto a Grécia tenta renegociar as condições de seu resgate de 240 bilhões de euros depois da vitória eleitoral, no mês passado, do partido de esquerda Syriza.
Mas tanto Tsipras como seus credores da União Europeia estiveram otimistas ao chegar à reunião. “Estou muito seguro de que juntos poderemos encontrar uma solução mutuamente viável com a finalidade de curar as feridas da austeridade, para fazer frente à crise humanitária em toda a União Europeia e colocar a Europa novamente no caminho do crescimento e da coesão social”, disse Tsipras.
A chanceler alemã, Angela Merkel, que insiste em que a Grécia deve ater-se aos termos do resgate e pagar toda a sua dívida, também disse que estava disposta a ouvir propostas gregas, logrando um tom conciliador. “A Europa sempre tem como objetivo encontrar uma solução de compromisso, e esse é o sucesso da Europa”, disse. “A Alemanha está pronta para isso. No entanto, também se deve dizer que a credibilidade da Europa depende, naturalmente, de que respeitemos as normas e sejamos confiáveis entre nós”.
Antes da reunião, os diplomatas da União Europeia disseram que não queriam que os líderes se empantanassem nas negociações sobre o plano de resgate, preferindo deixar as negociações aos ministros das Finanças, que se reunirão novamente na segunda-feira 23. Mas Tsipras teve um encontro com alguns dos seus homólogos em separado, entre eles David Cameron. Um funcionário britânico disse que Cameron instou Tsipras a encontrar uma solução com seus sócios da zona do euro. “O estancamento não é a maneira de se conseguir que a economia da Europa se ponha em movimento”.
Mas havia poucos sinais de que os líderes da União Europeia se demovessem da sua insistência em que a Grécia deve primeiro terminar o programa de resgate acordado com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, a chamada Troika. Este programa expira no dia 28 de fevereiro, e se Atenas se negar a estender o acordo, não receberá a soma final de 7 bilhões de euros, o que poderia levar a um default do país e a uma saída da zona do euro.
“O tempo está acabando”, advertiu o primeiro-ministro finlandês Alexander Stubb. “Nos últimos cinco anos, fizemos todo o possível para manter a Grécia na zona do euro e vamos continuar nesse sentido, mas os compromissos são compromissos e todos devem ater-se a eles. A bola está no campo dos gregos”.
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Disputas entre Tsipras e a União Europeia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU