10 Dezembro 2014
O Papa Francisco pediu ao grupo internacional de teólogos que o assessora e assessora a Congregação para a Doutrina da Fé que respeite a diversidade de opiniões teológicas e escute os “sinais dos tempos” em seus trabalhos.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada pelo National Catholic Reporter, 05-12-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Ao se dirigir à Comissão Teológica Internacional, o pontífice também elogiou o papel das mulheres na teologia, dizendo que pelo “gênio feminino delas”, elas podem detectar “aspectos não explorados do mistério insondável de Cristo”.
Francisco falou à Comissão Teológica na sexta-feira, durante a sessão plenária anual em Roma do grupo. O Vaticano divulgou o texto de sua fala em italiano.
A Comissão, composta por 30 teólogos de todo o mundo nomeados pelo papa, foi fundada em 1969 para analisar problemas doutrinais importantes como forma de ajuda ao pontífice e à Congregação para a Doutrina da Fé.
Desde então, ela publicou 27 documentos, o último dos quais saído em junho e focou o tema “O Sensus Fidei na Vida da Igreja”. Sensus fidei, termo latino, é usado pela Igreja para indicar a capacidade dos fiéis individuais de discernirem a verdade da fé.
Francisco mencionou, em específico, este documento de junho em sua fala à Comissão, dizendo que é um texto “belo” e que gostou muitíssimo dele.
“O teólogo deve mesmo escutar humildemente ‘ao que o Espírito diz às igrejas’ através das várias manifestações da fé viva do Povo de Deus”, disse Francisco aos teólogos.
“Ao lado do povo cristão, o teólogo deve abrir seus olhos e ouvidos aos ‘sinais dos tempos’”, continuou o papa, citando o documento Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II. “Ele é chamado a ‘ouvir atentamente, discernir e interpretar as várias linguagens do nosso tempo, e saber julgá-los à luz da Palavra de Deus”.
Francisco também elogiou a diversidade de países representados na Comissão Teológica, declarando que isto refletia a “catolicidade da Igreja”.
“A diversidade de pontos de vista deveria enriquecer a catolicidade sem prejudicar a unidade”, disse. “A unidade dos teólogos católicos deriva de sua referência comum à fé em Cristo e alimenta-se com a diversidade dos dons do Espírito Santo”.
O religioso igualmente elogiou o “pluralismo saudável” de pontos de vista e disse que vários métodos teológicos “não podem ignorar um aos outros, mas no diálogo teológico devem se enriquecer e corrigirem-se”.
“A tarefa desta Comissão pode ser um testemunho para este crescimento, e também um testemunho do Espírito Santo, pois é ele que semeia estas variedades de carismas na Igreja, estes diferentes pontos de vista, e é ele quem fará a unidade”, disse o papa. “É ele o protagonista, sempre”.
O papa também disse que queria observar a “presença aumentada de mulheres” na Comissão Teológica Internacional, que conta atualmente com o maior número de mulheres desde que começou a trabalhar. Cinco dos 30 teólogos são mulheres.
Este número, afirmou ele, “não é muito”. As mulheres, completou, “são a cereja do bolo, mas queremos mais”.
Segundo o pontífice, a presença das cinco mulheres “é um convite a refletirmos sobre o papel que elas podem e devem desempenhar no campo da teologia”.
“Em virtude do gênio feminino, as teólogas podem revelar aspectos inexplorados do mistério insondável de Cristo”, disse o papa. “Eu vos convido, portanto, a tirar o melhor proveito desta contribuição específica das mulheres à inteligência da fé”.
Os membros da Comissão Teológica Internacional permanecem nela por um mandato de sete anos. A Comissão atualmente tem dois membros dos EUA: a Irmã Prudence Allen (da Divina Misericórdia), ex-presidente do departamento de filosofia do Seminário Teológico St. John Vianney, em Denver; e o padre capuchinho Thomas Weinandy, ex-diretor executivo da Secretaria para a Doutrina, da conferência episcopal dos EUA.
O padre francês dominicano Serge-Thomas Bonino chefia a Comissão.
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Papa pede à comissão teológica do Vaticano que respeite opiniões diferentes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU