13 Outubro 2014
Tendo concluído seu debate geral, os bispos presentes no Sínodo Extraordinário (de 05 a 19 de outubro) estão agora trabalhando em diferentes grupos de discussão separados por língua, os circuli minores.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada no sítio Vatican Insider, 11-10-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
De segunda-feira em diante, esses grupos irão trabalhar nas alterações a serem feitas no relatio post disceptationem que será publicado nesta segunda-feira pela manhã antes do relatio synodi que os padres sinodais vão votar no próximo sábado. O Sínodo será concluído no domingo e um Sínodo Ordinário sobre a família acontecerá em 2015. "Ninguém irá embora dessas conversas com a sensação de que não teve a chance de falar o que pensa", disse o arcebispo de Dublin, Dom Diarmuid Martin, durante o briefing diário com jornalistas no Vaticano. Ele salientou que o debate é "aberto" e que a Igreja está refletindo sobre como ela pode desenvolver a sua linguagem e a sua doutrina, ao mesmo tempo em que é uma Igreja da verdade e da misericórdia.
As discussões gerais terminaram na sexta-feira à tarde com os discursos dos "delegados fraternos" que representam outras denominações cristãs. Na sexta-feira à tarde, os circuli minores também começaram a "discussões livres sobre uma série de questões" que surgiram durante a assembleia-geral, disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, durante a coletiva de imprensa. Os circuli minores, disse Dom Martin, "examinará o texto relatio [de segunda-feira]" e vai sugerir mudanças, bem como coisas a acrescentar e coisas a remover. "No passado, cada grupo apresentava várias prepositiones. O documento final "reunirá as reflexões de todos e será entregue ao papa que vai decidir: o processo continua".
O papa colocou as seguintes pessoas encarregadas de preparar o relatio synodi: o relator geral, cardeal Peter Erdö (Hungria); o secretário especial, Mons. Bruno Forte; o secretário-geral, cardeal Lorenzo Baldisseri; os cardeais Gianfranco Ravasi e Donald W. Wuerl (Washington); Mons. Victor Manuel Fernandez (Argentina); Mons. Carlos Aguiar Retes (México); Mons. Peter Kang U-Il (Seul) e o Superior Geral dos Jesuítas, Padre Adolfo Nicolás. "Eu não sei por que não há um africano na lista", disse Martin ao responder à pergunta de um jornalista durante a coletiva de imprensa.
Na sexta à tarde, os circuli minores elegeram seus moderadores e relatores. Os moderadores para os dois grupos de língua francesa ("Gallicus") são os cardeais Sarah e Schönborn. Os relatores eleitos são o jesuíta Dumortier e Mons. Leonard. Para os três grupos de língua inglesa ("Anglicus"), os cardeais Burke e Napier e Mons. Kurtz foram eleitos como moderadores os monsenhores Dew, Martin e Brislin como relatores. Para os dois grupos de língua italiana, os cardeais Filoni e Bagnasco foram eleitos moderadores e Mons. Menichelli e Fisichella como relatores. Finalmente, para o grupo em espanhol, os cardeais Robles Ortega e Sistach foram eleitos moderadores e Mons. Arroba Conde e Valenzuela Nuñez como relatores.
"No momento, eu diria que o relatio de segunda-feira incidirá sobre as diferenças que surgiram", disse Martin. "Eu não acho que este Sínodo vai chegar a qualquer conclusão, há debates teológicos que vêm acontecendo há 20 anos. Mas o Sínodo não pode simplesmente repetir o que já foi dito anos atrás. Muitos casais "são fiéis, amam seus filhos, mas eles são, aparentemente, incapazes de encontrar a linguagem certa para expressar isso" e "a doutrina poderia ser desenvolvida". O papa "estava ansioso para não deixar ninguém ir embora sentindo-se como se não tivesse tido a oportunidade de falar abertamente. E todo mundo tem ouvido com grande respeito". O debate até agora tem sido "muito aberto", as pessoas "têm falado muito claramente" e o Sínodo também precisa "apresentar a opinião da minoria, não apenas as opiniões da maioria".
"Poucos católicos seguem a doutrina da Igreja plenamente", disse Martin. "As facções acabarão concordando sobre o fato de que a misericórdia e a graça andam juntas: não temos a verdade como dogma de um lado e a misericórdia como ensinamento da Igreja do outro. Mas precisamos encontrar formas nas quais possamos realisticamente combinar as duas e isso não é tarefa simples".
Martin lembrou que o Papa Francisco também falou sobre o risco de cair em um dos dois extremos: rigorismo por um lado e laxismo do outro. Em resposta a uma pergunta específica sobre a comunhão para os divorciados recasados, Martin lembrou que "há uma posição simples, a ortodoxa", que prevê esta possibilidade, "mas todos, incluindo o cardeal Kasper", que falou sobre a posição da Igreja Ortodoxa sobre este assunto, "sabe que o princípio da indissolubilidade é algo que a Igreja Católica não pode mudar e uma ou duas pessoas já disseram ao papa que ele também não pode mudá-lo. O debate continua".
Martin disse que há "questões famosas" - em outras palavras, questões que têm sido muito discutidas na mídia - que "aparecem" no Sínodo, mas estas não devem levar o Sínodo para fora da trilha. Ele também está endereçando um "cuidado pastoral a cada dia" e os padres sinodais rejeitam por unanimidade o divórcio católico.
Cursos pré-matrimoniais, especialmente para os jovens e o tema da contracepção (que também é mencionado na encíclica Humanae Vitae de Paulo VI) foram outros assuntos discutidos. O Pe. Lombardi sublinhou que "todos" os discursos dos delegados fraternos "salientaram que os desafios e as esperanças centradas em torno da unidade familiar são comuns a todos os cristãos". Durante a coletiva de imprensa, a senhora Valérie Duval-Poujol, uma batista, enfatizou que "os leigos não desempenham somente um papel simbólico". "Eu acredito que a próxima semana vai ser cheia de emoção", acrescentou.
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Sínodo: ''circuli minores'' começaram a trabalhar, e todos têm a oportunidade de falar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU