26 Agosto 2014
James Foley, jornalista norte-americano assassinado por militantes do Estado Islâmico - ISIS, estava vivendo a sua fé ao levar imagens ao mundo das pessoas que sofrem com a guerra e com regimes opressivos, disse um bispo católico no último domingo em uma missa em sua homenagem em Rochester, New Hampshire.
A reportagem foi publicada no sítio do CBC News, 25-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O bispo Peter Libasci disse que, mesmo depois que Foley ter sido capturado pela primeira vez na Líbia em 2011, ele "voltou [ao Oriente Médio] para que pudéssemos abrir nossos olhos".
A missa contou com a participação dos pais de Foley, John e Diane Foley, e de centenas de outras pessoas de sua cidade natal de Rochester, New Hampshire. O bispo leu em voz alta uma carta do Vaticano com as condolências enviadas pelo Papa Francisco.
Foley foi sequestrado no dia de Ação de Graças de 2012 enquanto fazia a cobertura da revolta síria. O Estado Islâmico postou um vídeo na terça-feira mostrando o assassinato e disse que se tratava de uma retaliação aos ataques aéreos dos Estados Unidos no norte do Iraque.
Dom Libasci invocou a oração de São Francisco, que começa com: "Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz", para pedir aos que estavam reunidos a não odiar, mas a deixarem-se curar.
"É dando que se recebe", recitou. "É perdoando que se é perdoado. É morrendo que se vive para a vida eterna. Com essas palavras, eu acho que nós podemos dizer: 'Sim, eu gostaria que pudéssemos fazer isso.' Isso não está além da nossa capacidade. Não é impossível. Nosso Senhor viveu isso. Nossa Mãe Santíssima viveu isso. Muitos santos viveram isso. James viveu isso".
No domingo, o embaixador britânico para os EUA disse que seu governo estava perto de identificar o homem que decapitou Foley. Peter Westmacott disse à CNN que seu governo estava usando uma tecnologia de reconhecimento de voz para localizar o homem, que falava com um sotaque de Londres no vídeo.
O presidente dos EUA, Barack Obama, chamou Foley de herói ao contar as histórias dos povos oprimidos em regiões devastadas pela guerra, como Síria e Líbia. Os EUA tinham realizado nesse verão uma missão para resgatar Foley e outros reféns, mas as forças especiais não foram capazes de localizar os cativos.
Na igreja lotada da paróquia Nossa Senhora do Rosário, o bispo frequentemente dirigia-se aos pais de Foley e ressaltava a ligação de seu filho com a família. Ele também rezou por outro jornalista preso, Steven Sotloff, e por todos os prisioneiros.
"Jim foi de volta [ao Oriente Médio] para que possamos abrir nossos olhos", disse Libasci. "Para que possamos de fato saber quão precioso é esse dom. Que Deus todo-poderoso conceda a paz para James e para todo o nosso frágil mundo".
O funeral de Foley será no dia 18 de outubro, data que celebraria o seu 41o aniversário.
Foley teve "a coragem de resistir corajosamente", disse Libasci à multidão que era tão grande que as pessoas que não conseguiam encontrar um lugar nos bancos da igreja posicionavam-se nos corredores.
Uma carta do Vaticano escrita à família de Foley foi lida no encerramento da missa, dizendo que o Papa Francisco "une-se a todos os que estão de luto [por Foley], rezando pelo fim da violência insensata e por um alvorecer de reconciliação e de paz entre todos os membros da família humana".
Libertado jornalista preso na Síria
Um pouco antes, no domingo, um jornalista americano sequestrado há quase dois anos foi libertado na Síria, de acordo com várias notícias.
Peter Theo Curtis teria sido sequestrado em Antakya, Turquia, em outubro de 2012. Ele estava planejando entrar na Síria.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse em um comunicado que os Estados Unidos estavam usando "todas as ferramentas diplomáticas, militares e de inteligência" à sua disposição para garantir a libertação dos outros norte-americanos mantidos como reféns na Síria.
As Nações Unidas disseram que ajudaram com a transferência para as forças de paz da ONU em uma vila localizada no anexo israelense das Colinas de Golã e que Curtis foi liberado para as autoridades norte-americanas após um exame médico.
O governo não deu detalhes sobre as circunstâncias de sua abdução ou de sua libertação. Não se sabe o que motivou a libertação de Curtis.
Em uma vigília na noite de sábado, em Rochester, cerca de 200 pessoas se reuniram para mostrar apoio à família de Foley. Os pais de Foley, John e Diane Foley participaram, conforme relatou o jornal Foster's Daily Democrat.
"Ficamos honrados porque vocês amam e se importam com o Jim. Ficamos honrados porque vocês reconhecem os sacrifícios que ele fez", disse John Foley. "Ele amava o povo sírio. Ele se dedicava para contar a sua história e fazia de tudo para ajudar a sua luta".
Os palestrantes elogiaram a determinação de Foley para informar sobre o povo sírio refugiado pelo conflito.
"Hoje, queremos honrar e amar a liberdade: a liberdade que James veementemente acreditava que todas as pessoas merecem", disse Nadia Alawa, fundadora da NuDay Síria, uma organização com sede em Massachusetts que trabalha para aliviar a dor e a perda na Síria. "Para James Foley, não era correto negar aos outros a liberdade e uma voz de sentimentos e espaço livre".
Ela também condenou a campanha de terror e violência praticada pelo Estado Islâmico.
"O ISIS prospera com o uso do nome do Islã para justificar atos vingativos que tem como alvo inocentes não-muçulmanos e muçulmanos por motivos racionais nada aparentes", disse Alawa. "Como muçulmana, eu me recuso a deixar que os terroristas tomem minha religião como refém".
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James Foley é lembrado por sua coragem em missa em sua cidade natal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU