16 Julho 2014
Nesta terça-feira o Papa Francisco entrou na polêmica envolvendo menores desacompanhados que chegam à fronteira entre EUA e México ao pedir pelo fim do racismo contra os migrantes e pressionar as autoridades americanas para garantirem maior proteção às crianças que ingressam no país ilegalmente.
A reportagem é de Josephine McKenna, publicada por Religion News Service, 15-07-2014. A tradução é de Isaque Gomes.
“Muitas das pessoas forçadas a emigrarem acabam sofrendo e, na maioria das vezes, morrem de forma trágica”, disse o papa numa mensagem enviada a uma conferência mundial ocorrida no México.
“Muitos dos direitos dessas pessoas são violados. Elas são obrigadas a se separarem de seus familiares e, infelizmente, continuam sendo alvos de atitudes racistas e xenofóbicas”.
O pontífice argentino falou da necessidade de uma abordagem diferente para se combater o que chamou de “emergência humanitária”, na medida em que um número crescente de crianças desacompanhadas migra para os Estados Unidos vindo da América Central e do México.
“Gostaria também de chamar a atenção para as dezenas de milhares de crianças que migram sozinhas, desacompanhadas, para escapar da pobreza e violência”, escreveu o papa.
“A quantidade delas está aumentando a cada dia. Esta emergência humanitária exige, como uma primeira medida urgente, que as acolhemos e as protegemos”.
Em abril, uma delegação de bispos americanos celebrou uma missa na fronteira dos EUA com o México e distribuiu a comunhão através da cerca que separa os dois países. A Conferência dos Bispos Católicos dos EUA pediu ao governo Obama para deixar as crianças permanecerem no país. “A perspectiva de os Estados Unidos enviar crianças vulneráveis de volta para as mãos de criminosos violentos em seus países de origem levanta questões preocupantes sobre o nosso caráter moral”, afirmou o bispo auxiliar de Seattle, Dom Eusebio Elizondo, presidente do comitê sobre migração da Conferência dos Bispos.
Diversas vezes o papa se pronunciou sobre a questão dos refugiados, pedindo sempre uma mudança radical de consciência.
No ano passado, quando foi visitar a minúscula ilha italiana de Lampedusa em sua primeira visita oficial fora de Roma, o pontífice de 77 anos cumprimentou os migrantes vindos do norte da África e do Oriente Médio e criticou o que chamou de “indiferença global” para com a situação destas pessoas.
Em sua mais recente mensagem, Francisco disse que o medo e a indiferença em relação ao que chamou de “cultura do descartável” deveriam ser substituídos por um compromisso em construir um mundo mais justo e fraternal.
Estas medidas, no entanto, não serão suficientes, a menos que venham acompanhadas de políticas que informem as pessoas sobre os perigos de realizarem uma tal viagem e, sobretudo, que promovam o desenvolvimento em seus países de origem”, disse o papa.
“Este desafio exige atenção de toda a comunidade internacional para que novas formas de migração legal e seguras possam ser adotadas”.
A carta do papa foi enviada ao “Colóquio México-Santa Sé sobre Migração Internacional e Desenvolvimento” e apresentada pelo núncio papal no México, Dom Christophe Pierre. O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado vaticano, também participou da conferência.
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Papa Francisco pede o fim da abordagem “racista e xenofóbica” aos migrantes na fronteira EUA-México - Instituto Humanitas Unisinos - IHU