14 Julho 2014
Um adolescente guatemalteco de 15 anos de idade, cuja morte se tornou um símbolo dos perigos enfrentados pelas crianças que tentam atravessar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos foi enterrado em sua cidade natal no último sábado, em meio a orações e lágrimas de sua família.
A reportagerm é de Sonia Perez D., publicada pela Associated Press, 12-07-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Os moradores de San Jose de Las Flores, uma aldeia nas montanhas, encheram a pequena casa onde Gilberto Francisco Ramos Juarez cresceu, transformando o quarto onde ele dormia no chão em um espaço onde as pessoas choravam sobre seu caixão cinza e prata.
Um arco branco estava pendurado na porta da frente em sinal de luto. Dentro da humilde casa de concreto, as mulheres choravam e rezavam enquanto os homens esperavam para levar o corpo de Gilberto até o cemitério no topo da colina de onde se pode ver a vila. Em meio a flores e velas, estava uma fotografia do menino.
"Ai, meu filho, agora eu não vou mais te ver", gritava sua mãe, Cipriana Juarez, entre lágrimas.
O corpo decomposto do garoto foi descoberto em 15 de junho, no Vale do Rio Grande, não muito longe da fronteira do México com o Texas. Ao redor do pescoço, ele tinha um terço que tinha recebido de presente de sua primeira comunhão. Rabiscado dentro da fivela do cinto estava o número de telefone de um irmão mais velho que mora em Chicago, a quem ele tinha a esperança de encontrar.
Ele aparentemente se perdeu em seu caminho para o norte e provavelmente morreu devido à exposição ao calor do ambiente seco do sul do Texas. Uma autópsia não revelou sinais de trauma. Seu corpo estava a menos de uma milha da casa mais próxima.
A morte de Gilberto destacou as dificuldades que afligem os jovens imigrantes. O governo dos Estados Unidos está em busca de maneiras para lidar com um número recorde de crianças desacompanhadas que estão tentando entrar no país, fugindo da pobreza e da violência na América Central.
A família disse que Gilberto tinha a esperança de encontrar trabalho para pagar os medicamentos de sua mãe. Os trabalhadores nas montanhas do norte da Guatemala ganham cerca de 3,50 dólares por dia, disse seu tio, Catarino Ramos.
"Ele saiu por causa da pobreza, porque ele queria ajudar a comprar os remédios de sua mãe", disse Catarino Ramos.
Agora, a família terá que encontrar uma maneira de pagar o empréstimo de 2.500 dólares que fizeram, hipotecando sua casa para poder pagar a viagem de Gilberto.
"Aqui, só ficará a tristeza", disse o pai do garoto, Francisco Ramos.
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Adolescente imigrante é sepultado em sua cidade natal na Guatemala - Instituto Humanitas Unisinos - IHU