Por: Caroline | 29 Mai 2014
O presidente colombiano disse que as “aproximações” com dois daqueles que foram seus rivais nas urnas no último domingo, a esquerdista Clara López (foto, à direita) e o candidato verde Enrique Peñalosa (foto, à esquerda) se dão devido à afinidade de ideias.
A reportagem é publicada por Página/12, 28-05-2014. A tradução é do Cepat.
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O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, confirmou ontem que poderá aliar-se com a esquerda, com os verdes e com alguns conservadores para selar sua reeleição no segundo turno eleitoral, no próximo dia 15 de junho. Em uma entrevista com Caracol Radio, o presidente disse que as “aproximações” com os dois, que foram seus rivais nas urnas no último domingo, a esquerdista Clara López e o candidato verde Enrique Peñalosa, se dão por afinidades de ideias. “Há uma identidade espontânea, natural, em muitos temas onde compartilhamos plenamente objetivos e, essas aproximações, vão evoluindo naturalmente, sem ter que forçá-los e sem nenhum tipo de compromisso político”, garantiu Santos, que é o candidato da coalizão oficial da Unidade Nacional.
Além desses objetivos, López e Peñalosa dividem com Santos, de acordo com o presidente, uma série de “prevenções” comuns: “Nenhum dos dois acredita que seja conveniente ao país que a extrema direita chegue ao poder, pois tem uma forma de fazer as coisas em que ‘tudo vale’ e que ninguém aceita”. Desta forma referiu-se a seu rival no segundo turno, o candidato do movimento uribista Centro Democrático, Oscar Iván Zuluaga. O uribista convidou para somar a sua campanha a candidata conservadora Marta Lucía Ramírez, com quem compartilha alguns pontos de vista.
“Pouco a pouco os resultados vão se mostrando e vão se movimentando as forças que votaram nestes candidatos (López e Peñalosa), que fizeram campanhas muito boas até o momento, assim como muitos dos conservadores com os quais temos feito muitíssimo através da Unidade Nacional”, afirmou Santos. “Aos conservadores, os vejo cada vez mais entusiasmados em apoiar esta campanha”, disse, fazendo referência a um grupo de parlamentares do Partido Conservador que impugnou a eleição de Ramírez como candidata e que são partidários em apoiar Santos.
Na mesma entrevista, Santos reconheceu que este resultado desfavorável é de “responsabilidade do candidato”, enquanto que na Blu Radio admitiu que subestimou o cenário. “Nós confiamos que os resultados que teríamos viriam por si só e não nos movemos aos dirigentes regionais”, declarou. Também afirmou que não se sente perdedor e que está convencido de que o segundo turno já está “ganho” porque “a imensa maioria do país quer a paz”. Assim mesmo, o presidente considerou que se Zuluaga ganhar, ele que se eleito prometeu suspender temporariamente o processo de paz enquanto as FARC não cessem a atividade armada, os diálogos vão “explorar em mil pedaços”.
De sua parte, Zuluaga ofereceu ontem uma coletiva de imprensa para tratar do tema que, certamente, irá marcar estas três semanas de campanha: o processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), assim como para “abrir a porta” para outras opções políticas. O candidato uribista enfatizou a promessa de campanha que defendeu desde que foi eleito na convenção do Centro Democrático: a suspensão das negociações com as FARC em Havana até que a guerrilha declare um cessar fogo permanente.
Zuluaga tentou mostrar-se como “um amigo da paz” ao sugerir que os chefes guerrilheiros envolvidos em crimes que lesam a humanidade possam pagar penas reduzidas de seis anos de reclusão enquanto que os rebeldes rasos, que não tenham cometido graves delitos, poderiam não ir para a prisão. Além disso, deixou as “portas abertas” aos três candidatos que não conseguiram chegar ao segundo turno para selar “acordos programáticos”. Em seu discurso de vitória do domingo, Zuluaga fez um convite aberto para se juntar a Ramírez, com quem coincide em muitos pontos de vista e de quem destacou sua “liderança, disposição e vocação patriótica”.
Contudo, as alianças para o segundo turno ainda estão para serem definidas. Enquanto López afirmou que a opção por aliar-se com Santos ou Zuluaga é “uma decisão muito complexa” porque os dois representam um “modelo econômico injusto”, a União Patriótica, o partido de sua companheira de chapa, a candidata à vice-presidência Aída Avella, não descartou somar-se a proposta de paz do presidente. O partido de López, o Pólo Democrático Alternativo (PDA), estudará em uma reunião qual será sua postura, dado que há fortes questionamentos aos candidatos que passaram ao segundo turno. “Estamos em diálogo no interior de nosso partido e vamos falar com todos os setores. Queremos consolidar o projeto da esquerda, que seja aprofundado. Por isso que ainda não se decidiu. Temos dois candidatos que são contrários ao nosso planejamento. Nosso programa esteve fundamentado na necessidade de fazer uma mudança no modelo econômico. Claro que há diferenças em matéria de relações internacionais e a paz, e isso entrará em discussão”, expressou López no jornal La Tercera de Chile.
No entanto, Peñalosa reconheceu que ambos os candidatos “finalistas” o contataram para buscar seu respaldo, o que considerou “normal”, ao deixar nítido que a Aliança Verde irá fazer política para poder influenciar, de alguma maneira, a mudança no país, mas que também poderá ficar “a margem”. Ramírez, por sua parte, disse que queria que Zuluaga lesse o sentimento dos colombianos em relação aos acordos de paz, já que “ninguém acredita no processo da maneira que está sendo feito, mas todos nós queremos um processo que se conclua satisfatoriamente para o país”. A candidata conservadora contou que Zuluaga comunicou-se com ela e lhe disse que se sentia muito identificado com seu projeto.
Zuluaga ganhou as eleições do último domingo ao conseguir 29,25% dos votos frente a 25,69% de Santos, seguidos por Ramirez (15,52%), López (15,23%) e Peñalosa (8,28%).
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Na eleição na Colômbia, o atual presidente Santos corteja a verdes e conservadores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU