Por: Jonas | 28 Fevereiro 2014
A próxima segunda-feira, dia 3 de março, será uma data importante na história da Igreja espanhola contemporânea. Nesse dia, quase metade dos bispos espanhóis – residenciais, auxiliares, eméritos – serão recebidos em audiência pelo Papa. Será o momento alto da visita “ad limina” que o episcopado espanhol está realizando, de 24 de fevereiro a 8 de março, e a primeira vez que Francisco dirigirá um discurso específico para uma Igreja que delineia uma significativa mudança de estratégia pastoral.
A reportagem é de Antonio Pelayo, publicada por Vatican Insider, 26-02-2014. A tradução é do Cepat.
A data não é insignificante, porque imediatamente após a visita a Roma e do discurso papal, a Conferência Episcopal Espanhola celebrará, em Madri (de 11 a 14 de março), sua Assembleia Plenária. No curso da mesma, será eleito o novo Presidente – substituindo o cardeal Rouco Varela – e renovados todos os seus órgãos diretivos, menos o secretário geral, José María Gil Tamayo, eleito com ampla maioria na plenária do mês de novembro.
“O fim da era Rouco” é o título do livro recentemente publicado por Juan Rubio, diretor do semanário “Vida Nueva”, porque além de deixar a presidência da Conferência Episcopal Espanhola, o cardeal sabe que seu mandato frente à Arquidiocese de Madri (para o qual foi nomeado, em julho de 1994, pelo papa João Paulo II) já entrou em sua fase final, pois em agosto desse ano completará 78 anos.
Entre os seus possíveis sucessores são apontados vários nomes – o cardeal Cañizares, o arcebispo de Valladolid, Ricardo Blázquez, o de Valência, Carlos Osoro, e outros –, mas seja quem for o eleito por Bergoglio, não resta dúvida que significará uma mudança profunda em relação aos vinte anos em que o Cardeal galego exerceu uma liderança muito enérgica sobre a Igreja espanhola.
É muito possível que o Santo Padre já tenha decidido o nome do sucessor de Rouco para Madri, mas, em todo caso, nas conversas que esses dias mantém com os bispos espanhóis – caracterizados pela franqueza – afinará suas avaliações e perfilará melhor o tom de seu discurso. Tem sido dito que, em respeito à Conferência Episcopal Espanhola e para não condicionar seu voto, de algum modo, não quis antecipar a nomeação madrilena que ocorrerá após a Assembleia Plenária.
De qualquer modo, o cardeal Rouco não é o único que abandonará a cena pública. Igualmente, nos meses sucessivos, por razões de idade, deverá ocorrer a substituição do cardeal Lluis Martínez Sistach, da Arquidiocese de Barcelona. Nesse caso, além dos critérios pastorais, que são os prioritários nas nomeações episcopais, será necessário levar em conta a “sensibilidade” do próximo arcebispo barcelonês frente ao tema da identidade da Catalunha. Para o governo de Mariano Rajoy, assim como para a Generalitat catalã, esse é um assunto muito delicado e a Santa Sé não quer precipitar suas decisões, enquanto permanecer aberto o tema da consulta popular sobre a independência.
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A Igreja espanhola e a mudança de estratégia pastoral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU