31 Janeiro 2014
O jesuíta belga Jean Bolland nasceu no século XVI; foi um excelente historiador e sistematizador. Ensinou em vários colégios jesuítas na Bélgica e na Holanda antes de ser chamado para Antuérpia pelo Superior da província flamenga para analisar os trabalhos deixados pelo recém-falecido hagiógrafo Heribert Rosweyde.
Percebendo que Rosweyde havia confiado seus textos originais a uma biblioteca local, Bolland decidiu expandir o escopo de seu trabalho. Fez apelos a historiadores de toda a Europa, coletando toda a informação que pudesse encontrar. Ele então escreveria um prefácio para cada texto com um estudo de seu autor e seu valor histórico, acrescentando notas explicativas na forma de apêndice. Tratou-se de uma pesquisa histórica detalhada sem precedentes; em essência, uma hagiografia crítica: a Acta Sanctorum.
O texto é publicado por Jesuit Restore, 29-01-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Logo se tornou uma tarefa grande demais para um homem só, e dois outros jesuítas foram designados para ajudá-lo, viajando pela Alemanha, França e Itália em busca de documentos antigos em mosteiros e bibliotecas. O seu trabalho teve continuidade após sua morte, 1665, com cada volume seguindo o calendário romano. Por exemplo, o Volume I, com santos que apareceram de 1º a 10 de janeiro; por volta da edição do final de dezembro haviam sido publicados 67 volumes.
O trabalho que durou quatro séculos é visto como inovador em seu uso da crítica histórica. Quando a Companhia de Jesus foi supressa, as bibliotecas das casas jesuítas foram adquiridas pelos membros da Ordem Premonstratense da abadia de Tongerlo, próxima de Antuérpia, que se esforçaram para dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito. Os 53 volumes foram publicados pelo abade.
Em 1836 uma sociedade hagiográfica se formou na França sob o patrocínio de vários bispos e por um ministro do governo. Ela priorizou a retomada do trabalho dos bolandistas.
Este fato gerou muita indignação no recém-formado Reino da Bélgica (1830), indignação por um trabalho que deveria ser reconhecido como uma glória nacional e que estava sendo passado para as mãos dos franceses.
Então, no dia 29-01-1837, o Pe. Van Lil, provincial da Companhia na Bélgica, concordou em nomear novos bolandistas da Companhia com residência no Colégio São Miguel, em Bruxelas.
O governo belga, orgulhoso, prometeu um subsídio anual que iria continuar de ano em ano sob diferentes governos, fossem católicos ou liberais, até 1868. Em 1882 uma revista trimestral sobre hagiografia foi lançada sob o título “Analecta Bollandiana”, que existe ainda hoje e publica suplementos na Acta Sanctorum.
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Reforma bolandista de 1837 após a Supressão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU