27 Novembro 2013
"Eu acredito em Deus e sou gay. Por que a Igreja me discrimina?". "O meu casamento acabou, agora sou feliz com o meu novo marido: por que não posso fazer a Comunhão?".
A reportagem é de Giovanni Panettiere, publicada no sítio Quotidiano Net, 25-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Essas são algumas das perguntas enviadas ao papa nos últimos meses por e-mail, questões que acendem os holofotes sobre dois dos nós mais complicados que o próximo Sínodo dos Bispos será chamado a desfazer, a partir do histórico questionário sobre a família distribuído nos últimos dias aos fiéis.
"Nós já estamos recebendo diretamente centenas de respostas", sinal de que a família "está hoje no centro do interesse mundial. Diz-se que ela está em crise, mas eu prefiro interpretar essa situação positivamente, como uma oportunidade de aprofundamento, ao invés de falar de uma instituição em degradação e irrecuperável".
Quem toma o caminho do otimismo, em pleno estilo bergogliano, é Dom Lorenzo Baldisseri, o novo secretário do Sínodo dos Bispos e "diretor" da consulta na Igreja sobre os divorciados em segunda união, a coabitação e as uniões homossexuais. Uma iniciativa desejada por Francisco em vista da cúpula sinodal.
Eis a entrevista.
Excelência, esperava-se tanto clamor pelo questionário?
Dado o tema, eu podia imaginar isso, mas não se trata de uma pesquisa.
Qual é então a palavra certa?
Trata-se de um pedido de informações, experiências, sugestões. Como por ocasião dos outros sínodos, o documento preparatório foi enviado aos presidentes das conferências episcopais, para que o transmitam aos bispos e, em seguida, às dioceses. Caberá às Igrejas nas nações enviar até janeiro uma síntese das contribuições para a Secretaria Geral, que elaborará o Instrumentum laboris do Sínodo.
Dito dessa forma, parece que não há nenhuma novidade.
Talvez desta vez foi tudo mais claro e conhecido. Além disso, o assunto "família" desempenhou a sua parte para chamar a atenção.
Crentes e não crentes podem enviar as respostas ao questionário também diretamente à Secretaria, passando por cima dos bispos. Vocês temem uma tentativa de controle por parte das conferências episcopais?
Não, isso não. Estamos diante de uma nova metodologia voltada a evitar passagens que retardem ou bloqueiem o curso das operações, também por pouca atenção e empenho. A sensibilização estimula aqueles que devem trabalhar na coleta dos dados e das reflexões.
Vocês registram atrasos na recepção do documento?
O envio do texto aos episcopados é muito recente, e é preciso o seu tempo para difundi-lo. Na Itália, ele não foi distribuído imediatamente. Mas agora não há mais lentidão.
As associações de fiéis homossexuais também aplaudiram a iniciativa. Isso o preocupa?
A mãe Igreja se ocupa de todos, não discrimina ninguém. Está aberta para acolher e para escutar. Ela tem respeito pelas pessoas como elas são, nas suas diferentes condições.
Divorciados em segunda união, uniões civis, casais gays: as expectativas não faltam.
Se a doutrina sobre a família não está em discussão, o que muda é a abordagem pastoral aos problemas. Parte-se da convicção de que não sabemos tudo, e que o estudo e a busca abram cada vez mais horizontes novos, anteriormente desconhecidos.
O documento não aborda a chaga do feminicídio. Por quê?
Se esse gravíssimo crime não entrou na agenda do Sínodo de 2014, certamente irá entrar na cúpula de 2015.
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Família: ''A Igreja está aberta para acolher e escutar''. Entrevista com Lorenzo Baldisseri - Instituto Humanitas Unisinos - IHU