Por: André | 10 Setembro 2013
A foto abaixo deu a volta ao mundo, e inclusive foi comparada com a do Papa no avião com a pasta na mão: no sábado, 7 de setembro, pela tarde, Francisco foi fotografado enquanto entrava num velho Renault 4 de cor branca. Seria o novo papamóvel versão pobre? A revista Famiglia Cristiana revelou como e por que Bergoglio foi imortalizado com esse veículo.
Fonte: http://bit.ly/1cXwhgB |
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 09-09-2013. A tradução é de André Langer.
O carro é um Renault 4, ano 1984, placa de Verona 779684. “O bonito é que por trás deste utilitário – escreve a revista italiana – há uma história de caridade de 300.000 quilômetros”. O carro pertencia a Renzo Zocca, hoje pároco de Santa Lucia de Pescantina, em Verona. “Estava guardado em uma garagem com alguns amassados, embora o sacerdote tenha feito revisões periódicas e o registro como veículo de época. Renzo, que em novembro completou 70 anos, tem um passado como sacerdote de periferia e fundou a cooperativa L’Ancora, que oferece trabalho e assistência a muita gente. Trabalhou na periferia do bairro operário de Saval, em Verona, onde foi pároco nos anos 1980”.
Renzo combateu com suas mãos os traficantes de drogas que devastavam a sua juventude e o ameaçavam de morte. Chegaram inclusive a esfaqueá-lo, mas seguiu em frente. “Eu queria encarnar o Concílio naquela paróquia de periferia e que foi o coração da minha vida: passei ali 25 anos. Eu e meu irmão vivíamos em um apartamento popular no 9º andar: brincando, dizia que a minha era a casa canônica mais alta da Itália”. O Renault 4 de cor branca foi um presente que Renzo ganhou. “Com esse veículo de 800 cilindros e 30 cavalos, cuja alavanca de câmbio ficava ao lado do volante e cujos assentos mais parecem espreguiçadeiras – escreveu a Famiglia Cristiana –, Renzo começou a percorrer cada canto do bairro, ultrapassando os limites da sua paróquia: as escolas e o oratório de verão, os centros de acolhida, o Vale de Aosta, os Dolomitas, Roma... quer dizer, ao final, o taquímetro marcava 300.000 quilômetros”. E nunca o deixou no caminho...
Zocca escreveu a Francisco para lhe contar suas experiências e para dar-lhe um presente: o Renault 4. No dia 10 de agosto, às 10h19, Francisco lhe telefonou. Falaram um bom tempo sobre a missão na periferia. “Confirmei-lhe o meu propósito de presenteá-lo com o meu carro. ‘Você tem certeza?’, me perguntou: ‘Realmente, queres trazê-lo para mim? Não é melhor dá-lo aos pobres?’. Eu lhe respondi dizendo que esse carro já havia feito muito pelos pobres e que agora tinha que ser do Papa, e notei que, emocionado, havia levantado a voz. ‘E tens outro carro?’, me perguntou. Quando lhe disse que tinha outro mais novo, finalmente, o Papa se convenceu”. E fixaram um encontro para o sábado, 07 de setembro, dia da grande jornada de jejum e oração pela paz na Síria, Oriente Médio e no mundo inteiro.
O Renault 4, bem arrumadinho e brilhante, fez sua viagem num reboque. Acompanharam-no Renzo e outros 100 peregrinos (em um ônibus). Por motivo de segurança, apenas 50 paroquianos puderam entrar no Vaticano para participar do momento da doação. O Papa disse: “Então, vamos!”. “Entramos quatro no carro: eu dirigia, ele [o Papa] ia ao meu lado, atrás ia o mecânico Stefano e meu assistente Luigi. Stefano me disse: ‘Devagar, estamos no Vaticano’. Íamos a 30 km por hora. Nem lhe conto a emoção dos 50 paroquianos ao verem o R4 chegar e dele descer o Santo Padre!”
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O Renault 4 do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU