Por: Jonas | 25 Julho 2013
Na tarde do dia 23 de julho, terça-feira, Francisco recebeu, em sua estadia no palácio de Sumaré, o cardeal Maradiaga. O mau tempo no Rio de Janeiro não favoreceu a ida do Pontífice ao Cristo Redentor, no Corcovado, mas, ao contrário, permitiu que o encontro com o coordenador da Comissão para a Reforma da Cúria fosse mais longo do que o previsto e que desse mais frutos. Entre eles, a elaboração de um “instrumentum laboris” que estará pronto em outubro, e que servirá como base para a reforma da Cúria.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada em seu blog El Barón Rampante, 24-07-2013. A tradução é do Cepat.
Será um documento baseado numa maior colegialidade, no qual os oito bispos da comissão já estão trabalhando. Estão fazendo isto por continentes. Maradiaga, como coordenador da comissão, já se teve encontros com o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago do Chile; Séan O’Malley, arcebispo de Boston, nos Estados Unidos e Canadá; Reinhard Marx, arcebispo de Munique, na Europa; George Pell, arcebispo de Sydney, na Oceania; Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa, na África; e Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim, na Ásia.
Todos eles estão recolhendo as propostas dos bispos do mundo todo. Segundo explica o cardeal hondurenho, “há muito entusiasmo e um desejo de fortalecer a colegialidade. A intenção é que as ideias venham de baixo para cima”.
Segundo acrescentou Darío Menor, em “La Razón”, Maradiaga reconhece que para Francisco muitas das propostas de mudança “respondem às inquietudes manifestadas” durante as reuniões de purpurados, prévias ao conclave. “Há um grande desejo de que o Papa seja mais bem informado, que não se repita o que ocorreu com Bento XVI e o caso Vatileaks. A informação deve ser sem filtros”. Também se pretende redimensionar a Cúria Romana. O desejo é de que a Secretaria de Estado não tenha tanto poder como até agora e que sejam evitadas duplicidades. Entre estas, o cardeal hondurenho cita a que ocorre com a evangelização, pois existe um Pontifício Conselho dedicado à Nova Evangelização e uma Congregação para a Evangelização dos Povos.
O Instituto para as Obras de Religião (IOR), banco vaticano, o organismo que tanto dano causou à imagem da Igreja, com seus contínuos escândalos, está obviamente dentro da lista de instituições que se pretende reformar. “Seria muito boa a ideia de se fazer dele um banco ético. Todo Estado tem direito de ter um banco. Por que o Vaticano não? Contudo, tem que ser de outra forma. No pré-conclave perguntamos e nos disseram que não é um banco, que é uma fundação. Então, por que atua como um banco?” Em sua opinião, não é negativo que nos últimos tempos tenham surgido problemas no IOR, pois “devem aparecer todas estas coisas do passado, para que não se arrastem mais e se possa esclarecer tudo”.
A profunda vontade reformista de Francisco e a grandiosidade do desafio que possui diante dele fará com que sua agenda de viagens seja reduzida ao mínimo. “Na América Latina há um enorme entusiasmo com o Papa. As pessoas o percebem como um deles, estão desejosas de que sejam visitadas em todo o continente. É um clamor dos jovens”, conta Maradiaga. Na sua avaliação, nesta primeira parte do pontificado não haverá “muitas viagens pastorais porque ele notou que entre os aspectos prioritários está a reforma da Cúria e o aspecto das finanças”.
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No Brasil, em encontro com Maradiaga, Francisco encaminha a reforma da Cúria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU