Por: Jonas | 27 Junho 2013
Reunir-se-ão oficialmente em outubro, mas já estão trabalhando e aproveitarão o verão para chegarem com ideias claras na primeira reunião. Os oito cardeais nomeados pelo papa Francisco como “conselheiros”, no último dia 13 de abril, exatamente um mês após sua eleição, estão avaliando ideias e propostas. E não se ocuparão apenas da reforma da Cúria.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 25-06-2013. A tradução é do Cepat.
De fato, ao anunciar a decisão de Francisco, a Secretaria de Estado apontou que o grupo foi criado para aconselhar o Papa “no governo da Igreja universal e para estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica 'Pastor bônus' sobre a Cúria Romana”. O “conselho” a respeito do governo da Igreja universal não é, evidentemente, secundário frente à reforma da Cúria, apesar desta última representar o trabalho mais efetivo.
Aos oito purpurados (Giuseppe Bertello, Francisco Javier Errázuriz Ossa, Oswald Gracias, Reinhard Marx, Laurent Monsengwo Pasinya, Sean Patrick O’Malley, George Pell, Andrés Rodríguez Maradiaga), coordenados pelo hondurenho, é necessário somar, com a função de secretário, o bispo de Albano, Marcello Semeraro. Futuramente um expoente das Igrejas orientais poderia se integrar. Todos eles são cardeais, razão pela qual são colaboradores próximos ao Papa e, ao mesmo tempo, estão envolvidos com os órgãos de representação das Conferências Episcopais, para melhorar a relação entre o centro e a periferia, entre Roma e as Igrejas locais, que é um dos pedidos que se ouviu, com maior ênfase, durante as reuniões do pré-Conclave. Antes da reunião dos oito cardeais, ou seja, durante o verão, será definida de forma muito mais clara a natureza deste conselho e sua identidade.
Os oito cardeais possuem encontros separadamente com o Papa e, entre eles, estão em constante contato, trocam materiais e propostas que chegam a respeito das possíveis reformas. Em relação à Cúria Romana, muita coisa já foi dita, tratando-se de uma urgência abertamente apresentada durante as reuniões dos cardeais, nas congregações gerais, prevendo-se uma agilização das estruturas, a fusão de alguns escritórios, uma maior coordenação entre os dicastérios, uma maior e melhor comunicação entre eles e o Papa. Embora não façam parte das prioridades do conselho, pelas palavras ditas pelo coordenador Maradiaga, as reformas relacionadas com as estruturas econômico-financeiras da Santa Sé também estão incluídas no trabalho dos oito cardeais.
O verão servirá para relacionar e compartilhar o material que recopilaram até agora. Os oito cardeais se ocuparão da Cúria e de muitos aspectos que vão além da necessária reforma. Efetivamente, avaliarão algumas propostas relacionadas com a vida da Igreja, de modo geral, seguindo as indicações de Francisco. Ao reler com atenção alguns dos recentes discursos do Papa, é possível encontrar alguns destes assuntos. Quando recebeu os membros da Secretaria do Sínodo, Bergoglio, por exemplo, insistiu na necessidade de refletir sobre os problemas da família, sobre o fato de que hoje muitas pessoas não se casam e convivem juntas, razão pela qual o casamento se torna “provisório”.
Também convidou a refletir sobre a Nova Evangelização, partindo da “Evangelii nuntiandi” de Paulo VI e de sua consciência sobre as “condições da sociedade”, que nos “obrigam a repensar os métodos, a buscar, de todas as formas, estudar como levar a mensagem cristã para o homem moderno”. É necessário, disse Francisco, no dia 13 de junho, “deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, inclusive quando nos leva por novos caminhos”.
Outro dos assuntos importantes é o caminho ecumênico. Estas questões também surgiram durante as congregações gerais dos cardeais, antes do Conclave. A decisão de Francisco em nomear os oito “conselheiros” e as questões em torno das quais estão trabalhando demonstram, concretamente, a vontade de escutar os pedidos feitos e compartilhados pelos purpurados antes da eleição do novo Papa.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Os “oito” conselheiros do Papa. Muito mais do que a reforma da Cúria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU