Conflito no Congo é ignorado pelo mundo

Mais Lidos

  • Para a professora e pesquisadora, o momento dos festejos natalinos implicam a escolha radical pelo amor, o único caminho possível para o respeito e a fraternidade

    A nossa riqueza tem várias cores, várias rezas, vários mitos, várias danças. Entrevista especial Aglaé Fontes

    LER MAIS
  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

05 Dezembro 2012

A retirada dos rebeldes congoleses tutsi da estratégica cidade oriental de Goma, que ocuparam em 20 de novembro em uma operação relâmpago, é só um episódio menor no tabuleiro de uma guerra colossal no centro da África, que deixou mais de cinco milhões de mortos e que nunca se extinguiu, apesar de ser dada como terminada em 2003. A permanente desestabilização da região não pode ser entendida sem enraizá-la no genocídio da minoria tutsi ocorrido em Ruanda há quase duas décadas. Mas, além dos profundos agravos étnicos e políticos, o temor de Ruanda de que seus inimigos hutus se fortaleçam do outro lado da fronteira, está o fato de que o Congo oriental, a região de Kivu, da qual Goma é o centro nevrálgico, abriga uma concentração incomparável de minérios estratégicos cujo controle implica poder e riqueza e provoca a cobiça de Ruanda, mas também de Uganda.

A reportagem é do jornal El País e reproduzida pelo Portal Uol, 04-12-2012.

O Congo, com as dimensões da Europa Ocidental, é um gigante com pés de barro. A corrupção generalizada, a discutida legitimidade do presidente Joseph Kabila, apesar de ter ganhado as eleições no ano passado, e a indisciplina de suas forças armadas agravam a situação e explicam que seu pequeno vizinho Ruanda, sob o punho de ferro do presidente Paul Kagame e com um exército organizado, tenha se transformado no cérebro e sustentáculo direto das milícias rebeldes congolesas, segundo evidência incontestável de um informe recente da ONU que Kigali rejeita furiosamente. O deslizamento para o abismo do Congo Oriental é favorecido pela inoperância das forças da ONU ali mobilizadas, mais de 8.000 soldados, em suposta e caríssima missão pacificadora, humilhados pela fulgurante tomada de Goma (1 milhão de habitantes) pelos insurgentes tutsi congoleses do M23, agora simbolicamente afastados a 20 quilômetros.

A explosiva situação acarreta o risco inadmissível de provocar uma nova guerra em grande escala em uma região onde ocorreram, em meio a uma pavorosa indiferença ocidental, algumas das maiores atrocidades de nossa era. Não basta que alguns países desenvolvidos congelem sua ajuda a Kigali. O Conselho de Segurança da ONU, no qual Ruanda tem agora um assento, é obrigado a abandonar sua complacência.