Por: Jonas | 25 Setembro 2012
Nos últimos dias, ficaram conhecidos os nomes de outros 36 eclesiásticos chamados por Bento XVI para participarem da décima terceira Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que acontecerá de 7 a 28 de outubro, com o tema: “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”. São 12 cardeais, 20 arcebispos e bispos e 4 sacerdotes.
A reportagem é de Sandro Magister, publicada no sítio Chiesa, 22-09-2012. A tradução é do Cepat.
Eles se somarão aos padres sinodais, escolhidos pelas conferências episcopais do mundo todo e pela união de superiores gerais das ordens religiosas (que de qualquer forma devem ser aprovados pela Santa Sé e cuja lista oficial não foi ainda publicada), e aos membros da cúpula por direito, como o secretário geral do Sínodo e os chefes de discatérios da Cúria Romana.
Foram nomeados pelo Papa, também, as figuras de vértice do Sínodo, como os três presidentes delegados: os cardeais John Tong Hon, bispo de Hong Kong, Francisco Robles Ortega, arcebispo de Guadalajara no México, e Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa da República Democrática do Congo.
Como redator geral, foi escolhido o cardeal estadunidense Donald William Wuerl, arcebispo de Washington. E como secretário especial, o francês Pierre-Marie Carré, arcebispo de Montpellier.
Ajudando ao grupo de padres sinodais, diretamente nomeados pelo Papa, estão os nomes de eclesiásticos que foram escolhidos por cortesia institucional (como o cardeal Angelo Sodano) ou porque presidem importantes organismos eclesiásticos que reúnem conferências episcopais regionais ou continentais. Como são os casos do cardeal Polycarp Pengo, arcebispo de Dar es Salaam na Tanzânia, presidente do “Symposium des Conférences Episcopales d’Afrique et de Madagascar”; do cardeal Péter Erdo, arcebispo de Esztergom-Budapeste na Hungria, presidente do “Consilium Conferentiarum Episcoporum Europae”; do cardeal Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim na Índia, secretário geral da “Federation of Asian Bishops’Conferences”; de John Atcherley Dew, arcebispo de Wellington na Nova Zelândia, presidente da “Federation of Catholic Bishops’Conferences of Oceania”; de Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Tlalnepantla no México, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, CELAM; de Santiago Jaime Silva Retamales, auxiliar de Valparaíso no Chile, secretário geral do CELAM.
Entre os reitores das universidades romanas pontifícias, o Papa escolheu como padre sinodal o reitor da Lateranense, o bispo salesiano Enrico dal Covolo, que na reunião da cúpula se encontrará novamente com dois de seus imediatos predecessores no cargo de direção da mesma universidade: o arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e o cardeal de Milão, Angelo Scola.
Com no Sínodo Geral anterior, do ano de 2008, Bento XVI quis considerar, entre os padres sinodais, o cardeal vigário da diocese da qual é bispo (Roma), ou seja, Agostino Vallini.
Com suas nomeações, o Papa também pôde incorporar, junto aos padres sinodais, os eclesiásticos de sua estima ou especialmente recomendados pela Secretaria Geral do Sínodo e pela Cúria Romana, que não foram votados por seus respectivos episcopados. E isto também serve para “equilibrar”, de alguma maneira, os resultados das votações realizadas nas conferências episcopais.
Este parece ser o caso dos cardeais Joachien Meisner, arcebispo de Colônia na Alemanha; Vinko Puljic, arcebispo de Vrhbosna (Sarajevo) na Bósnia; Christoph Schönborn, arcebispo de Viena; George Pell, arcebispo de Sydney na Austrália; Josip Bozanic, arcebispo de Zagreb na Croácia; Lluís Martinez Sistach, arcebispo de Barcelona na Espanha; André Vingt-Trois, arcebispo de Paris na França.
Na maior parte dos casos (Meisner, Schönborn, Pell, Vingt-Trois) são purpurados mais “conservadores” em relação à maioria de seus respectivos episcopados.
Quanto aos bispos diocesanos incluídos por Bento XVI como padres sinodais, pode-se notar, por exemplo, a escolha do bispo de Toulon, Dominique Rey, da ala mais tradicionalista-carismática da Igreja francesa.
Nota-se, também, que o patriarca de Veneza, Francesco Moraglia, ratzingeriano na doutrina e liturgia, e com uma destacável sensibilidade social, foi o preferido ao invés dos mais antigos titulares de outras sedes cardinalícias italianas, como Turim, Bolonha, Nápoles ou Palermo. E, ainda, a escolha do arcebispo de La Plata, Héctor Rubén Aguer, o expoente mais ilustre da minoria conservadora do episcopado argentino.
Ao contrário, com um significado diferente é a nomeação do arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, entre os autores da história do Concílio Vaticano II promovida pela “Escola de Bolonha”, que nos dois Sínodos gerais anteriores, quando era bispo de Imus, foi escolhido por seus irmãos. Agora foi o Papa quem o escolheu para que participe.
Repassando a lista dos prelados escolhidos pelo Papa como padres sinodais, saltam à vista duas curiosidades:
Dos vinte, três pertencem à prelatura da Opus Dei. São eles: o segundo sucessor de são José María Escrivá, o bispo espanhol Javier Eschevarría Rodríguez, o arcebispo de Los Angeles, José Horacio Gómez, e o arcebispo de Guayaquil, Antonio Arregui Yarza, que embora seja presidente da Conferência Episcopal Equatoriana, não foi escolhido por seus irmãos. Ao contrário, nada de resgate para o único cardeal “votante” da Opus Dei, o arcebispo de Lima Juan Luis Cipriani Thorne. Seus irmãos peruanos preferiram escolher o arcebispo Salvador Piñeiro García, de Ayacucho, e Miguel Cabrejos Vidarte, de Trujillo.
E outros três pertencem ao “Comunhão e Libertação”, o movimento eclesial fundado pelo padre Luigi Giussani. Sendo os escolhidos: o padre Julián Carrón, sucessor de Giussani como presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, Filippo Santoro, arcebispo de Taranto (antes nomeado padre sinodal, em 2008, quando era bispo de Petrópolis, no Brasil) e Luigi Negri, combativo bispo de San Marino-Montefeltro, uma das poucas dioceses italianas visitadas até agora por Bento XVI.
Levando em consideração o fato de que entre os padres sinodais também está Scola, o cardeal de Milão, conclui-se, então, que três dos sete bispos diocesanos italianos, que participarão do Sínodo, provém do movimento Comunhão e Libertação (os outros quatro são os cardeais Angelo Bagnasco e Giuseppe Betori, o arcebispo Bruno Forte e o patriarca Moraglia).
Caso tenhamos presente que apenas uma meia dúzia, entre os mais de 200 bispos italianos, são do Comunhão e Libertação, parece que Bento XVI – não obstante, nos últimos tempos, o Comunhão e Libertação não esteja gozando dos favores da imprensa, na Itália – não diminuiu sua estima por este movimento eclesial.
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Os preferidos pelo Papa para o Sínodo dos Bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU