25 Mai 2012
A HT Micron começa a operar comercialmente em setembro, com o encapsulamento mensal de 3 milhões de chips para placas de memória de microcomputadores de mesa e notebooks. A joint venture entre a brasileira Parit Participações e a coreana Hana Micron também já planeja produzir componentes semicondutores de memória para ultrabooks e projeta uma receita bruta em torno de R$ 50 milhões ainda neste ano, disse o presidente-executivo Ricardo Felizzola.
A reportagem é de Sérgio Ruck Bueno e publicada pelo jornal Valor, 25-05-2012.
O volume inicial será suficiente, por exemplo, para fazer 200 mil placas de 4 gigabytes (GB) por mês, explicou Felizzola. Os chips serão vendidos para a Teikon, empresa controlada pela Parit, que já está produzindo placas de 2 GB e 4 GB - inclusive para a Dell - com semicondutores importados, mas passará a usar os componentes fornecidos pela joint venture.
A HT começou a funcionar em caráter experimental no fim de 2011, mas a operação comercial iniciará quando for concluída a ampliação do laboratório no parque tecnológico Tecnosinos, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS), de 300 metros quadrados para 1.000 metros quadrados. Depois, em "maio ou junho" de 2013, segundo Felizzola, será inaugurada a fábrica definitiva da empresa, também no Tecnosinos.
A nova instalação terá 10 mil metros quadrados de área construída e capacidade para encapsular 50 milhões de chips por mês, incluindo semicondutores para smartphones, cartões de memória "flash" e circuitos para TV digital, entre outros. O encapsulamento é a ligação dos circuitos internos de um chip sobre "wafers" (discos) de silício importados. O executivo prevê um faturamento bruto de R$ 500 milhões para a empresa, em 2014, quando a fábrica já estará operando o ano inteiro.
Segundo Felizzola, a HT não fará as placas devido às regras do Programa de Apoio do Desenvolvimento da Indústria de Semicondutores (Padis), que garante isenção de Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e Imposto de Importação sobre máquinas e equipamentos. "Para receber os incentivos fiscais só posso vender chips", explicou. Por isso, a Teikon atuará como o 'departamento industrial' da empresa", comentou.
O investimento no projeto será de US$ 200 milhões em até cinco anos, incluindo a implantação e a ampliação do laboratório e a construção da fábrica. Os sócios da HT Micron vão bancar parte dos aportes com caixa próprio e buscarão linhas de financiamento no BNDES. Do montante, US$ 80 milhões serão destinados a ativos fixos e treinamento de pessoal, até junho de 2013, e o restante para capital de giro. Até agora foram aplicados US$ 25 milhões.
O cronograma de construção da planta definitiva, porém, está atrasado disse o executivo. "Já era para estar pronta", afirmou. De acordo com ele, o primeiro problema foi a necessidade de "redesenhar" a fábrica na Coreia do Sul para reduzir custos, pois os primeiros orçamentos dos fornecedores locais chegaram a US$ 50 milhões, o dobro do valor final do projeto industrial. "Como eles não tinham muito conhecimento do processo, houve exageros nas cotações", comentou.
Outro entrave, disse o executivo, foi o "emaranhado burocrático" brasileiro. Depois de um processo de um ano, há 35 dias a HT Micron teve o enquadramento no Padis publicado no "Diário Oficial da União", mas até agora a empresa não conseguiu a emissão do documento que permitirá o recebimento, sem pagamento de Imposto de Importação, de equipamentos trazidos da Coreia.
A parceria com os coreanos também deflagrou um processo de reestruturação interna da Parit, que além de 50% da joint venture, controla a Teikon e ainda a Altus, fabricante de controladores eletrônicos. Segundo Felizzola, quando a fábrica definitiva de chips estiver pronta, a Teikon deixará de fazer manufatura de equipamentos eletrônicos para terceiros, atividade à qual se dedicava desde a fundação, nos anos 90, e passará a fazer produtos de marca própria com os semicondutores da HT.
"Há uma tendência de verticalização em curso entre os clientes da Teikon para reduzir custos", explicou Felizzola. Com isso, o mercado de prestação de serviços diminui e as margens da operação também. A empresa ainda trabalha para indústrias como Itautec, Motorola e Positivo, mas já produz 70 mil cartões de memória por mês com sua marca e pode chegar a 200 mil no fim do ano. No fim de 2011, o volume mensal era de 15 mil unidades.
A mudança no perfil da produção levou a Teikon a fechar neste ano as fábricas que mantinha em Manaus e em São José dos Pinhais (PR). "Hoje, estamos concentrados em São Paulo e Porto Alegre", revelou Felizzola. De acordo com ele, a reestruturação está provocando uma redução do faturamento da empresa, que deve cair para R$ 180 milhões em 2012, ante os R$ 222,7 milhões apurados no ano passado. Em compensação, a rentabilidade será maior.
"Nossa visão é criar um 'hub' (ponto central) de tecnologia no Rio Grande do Sul", comentou Felizzola. Segundo ele, a Altus - empresa da qual é presidente do conselho de administração - deve alcançar uma receita bruta de R$ 130 milhões em 2012, ante R$ 99 milhões em 2011, puxada pelos novos contratos para automação de oito plataformas da Petrobras para exploração do pré-sal.
Felizzola explicou que os equipamentos da Altus já controlam plataformas responsáveis por 30% da produção brasileira de petróleo. A empresa também tem sede no parque Tecnosinos e neste ano inaugurou uma unidade industrial no município vizinho de Sapucaia do Sul, voltada principalmente para atender a Petrobras. Ela ainda produz controladores para usinas de geração de energia e mantém centros de engenharia em Campinas (SP) e Macaé (RJ).
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HT Micron prepara início de produção - Instituto Humanitas Unisinos - IHU