Record quer se desfazer do jornal Correio do Povo, afirma sindicato

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Por: Cesar Sanson | 20 Abril 2012

A precarização das relações de trabalho, a falta de investimentos e o desleixo na manutenção do prédio e mobiliários levam o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul a suspeitar que o Grupo Record pretende se desfazer do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, adquirido em 2007 numa negociação de 100 milhões de reais que envolveu também a Rádio e a TV Guaíba. Foto: do site Intonses.

A reportagem é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 19-04-2012.

O presidente do Sindicato, José Maria Rodrigues Nunez, acredita que a Record, de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), quer concentrar investimentos em televisão e internet. “Queremos chamar a atenção de toda a sociedade gaúcha para o que está sendo feito com um patrimônio histórico”, disse.

O Correio do Povo foi fundado em 1 de outubro de 1895. Fechou em 1984 e voltou a circular dois anos depois, no formato tabloide. O grupo Caldas Junior, dono do jornal, das emissoras de rádio e de televisão, foi adquirido, então, pelo empresário do agronegócio Renato Ribeiro que, por sua vez, vendeu o conglomerado para a Record.

O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schroeder, critica a insensibilidade de grupos empresariais que passam a investir em comunicação e que não têm no jornalismo o foco dos seus interesses. A IURD estava interessada, além da televisão, no negócio imobiliário. O centenário prédio que abriga o Correio do Povo, no centro de Porto Alegre, serviria muito bem para uma catedral. Acontece que o prédio está inventariado na prefeitura e não pode ser modificado sem autorização pública.

A “instabilidade no Correio” foi reportado em matéria de Clóvis Victória, no “Versão dos Jornalistas”, jornal do Sindicato, impresso, curiosamente, nas oficinas do Correio do Povo. “É recorrente a reclamação de profissionais que cumprem jornadas de trabalho de 14 horas”, redigem e editam em local com pouca iluminação “por causa de lâmpadas queimadas ou ordem de apagão por economia e usam computadores cheios de problemas”, relata o repórter.

As contratações estão suspensas e a cada mês o Sindicato registra demissões, voluntárias ou determinadas pela empresa, no Correio do Povo. De janeiro de 2011 a março de 2012, uma média de três jornalistas por mês se desligaram ou foram desligados da empresa. “É consenso que a Record nunca quis ficar com o jornal impresso”, relata Clóvis Victória, embora o grupo da IURD tenha desmentido, no final do ano passado, o interesse de querer vendê-lo. Procurada pelo Sindicato, a empresa não quis se manifestar a respeito.