16 Março 2012
Quatro meses depois do vazamento de óleo no Campo de Frade, operado pela petroleira americana Chevron, foram descobertos novos pontos de afloramento em uma fissura a 1,2 mil metros de profundidade. A empresa decidiu pedir a suspensão das operações de produção na Bacia de Campos, no litoral fluminense.
A Chevron foi autuada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) por "não atender notificação para apresentar as salvaguardas solicitadas para evitar novas exsudações na área".
A reportagem é de Mônica Ciarelli, Felipe Werneck, Sabrina Valle e Daniela Amorim e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 16-03-2012.
O termo vazamento foi evitado até mesmo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Para o órgão, "em princípio não se trata de novo vazamento, uma vez que o poço não estava operando. Segundo informações preliminares, ocorreu um afloramento de óleo, provavelmente decorrente do vazamento registrado em novembro de 2011".
Questionado sobre a dimensão do problema, o diretor de Assuntos Corporativos da Chevron, Rafael Jaen, disse que cálculos iniciais apontavam para uma quantidade de apenas 5 litros de óleo. A fissura teria 800 metros de comprimento. Diferentemente do Ibama, ele descartou que o novo incidente tenha relação com o derramamento de 7 de novembro, quando foram despejados no mar cerca de 2,4 mil barris.
Técnicos da ANP estiveram no Centro de Comando de Crise da Chevron e determinaram a instalação de um coletor no novo ponto de vazamento.
Jaen disse que encaminhou aos órgãos reguladores um pedido de suspensão temporária da produção no Campo do Frade. Segundo a empresa, a decisão é preventiva. Também foi identificado rebaixamento do terreno em área próxima ao vazamento.
Estudo
A Chevron acrescentou fará um estudo técnico para "o melhor entendimento da estrutura geológica da área". Segundo a ANP, a empresa precisa apresentar justificativas técnicas para interromper sua produção.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse que faltou transparência após o acidente de novembro e "ainda há fatos nebulosos". "Trata-se de uma nova situação ou é um rescaldo do vazamento de 2011? Já tínhamos advertido que o vazamento ocorrido em novembro não havia sido completamente resolvido", disse. "Além disso, a causa do acidente não foi completamente esclarecida. Naquela época, a Chevron foi informada de que havia uma fissura no fundo do mar. A empresa fez o encapsulamento de apenas parte da fissura, quando o correto era ter feito em toda a área."
Jaen disse que a fissura foi encontrada na terça-feira e que a companhia instalou um sistema para capturar as bolhas de óleo que vazaram. Ele afirmou que a fissura fica em uma área onde a companhia não perfura.
A produção total do Campo de Frade atualmente é de 61,5 mil barris por dia. Seguindo a decisão da ANP, a Chevron parou a produção de um poço em dezembro e suspendeu a reinjeção de água em quatro poços do campo.
A Chevron tem 51,74 % de participação no Campo de Frade. Os outros parceiros são Petrobrás (30%) e Frade Japão Petróleo. Apesar dos problemas, a petroleira informou que não pensa em alterar seus investimentos no País. "Continuamos com nossos planos", disse Jaen.
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Óleo volta a brotar no Campo de Frade e Chevron pede suspensão de operações - Instituto Humanitas Unisinos - IHU