25 Novembro 2011
O papa Bento XVI aceitou a renúncia do bispo da diocese irlandesa de Derry, Seamus Hegarty, acusado de estar envolvido em um "pacto secreto’ para solucionar fora dos tribunais um caso de abusos contra uma menina de oito anos por um sacerdote cuja identidade não foi revelada.
A reportagem é da agência Efe, 23-11-2011. A tradução é do Cepat.
Bento XVI exigiu a demissão de Hegarty com base no artigo 401/2 do Código de Direito Canônico, que reza o seguinte: "O Bispo diocesano que, por doença ou por outra causa grave, se tiver tornado menos capacitado para cumprir seu ofício, é vivamente solicitado a apresentar a renúncia do ofício".
Em março de 2010, foi o jornal irlandês The Belfast Telegraph quem revelou o caso. A vítima explicou ao jornal que sofreu abusos durante um período de 10 anos, mas indicou que não o havia denunciado até àquele momento porque havia assinado uma cláusula de confidencialidade. Pelo visto, a jovem recebeu cerca de 1.200 libras esterlinas e uma carta de desculpas do suposto agressor, um padre da diocese de Derry.
Seamus Degarty é o quinto bispo irlandês a renunciar após os numerosos casos de abusos sexuais contra menores por parte de clérigos na Irlanda, que vieram à tona em 2009, quando foram publicados os relatórios oficiais que revelaram que durante décadas centenas de crianças irlandesas sofreram abusos sexuais por parte de sacerdotes.
O Relatório Ryan revela que nos últimos 70 anos, milhares de menores sofreram abusos sexuais e torturas físicas e psíquicas em instituições estatais administradas por religiosos. O Relatório Murphy informa que 400 crianças foram vítimas de abusos por parte de 46 sacerdotes da arquidiocese de Dublin entre 1975 e 2004.
Após tomar conhecimento destes casos, Bento XVI manifestou que estava "desolado e angustiado" e que compartilhava com os fiéis a "indignação, a traição e a vergonha" por esses crimes sexuais. Numerosas pessoas e grupos de vítimas mostraram, no entanto, sua decepção ao considerar que o Pontífice se esqueceu da responsabilidade do Vaticano e da hierarquia católica local ao dirigir principalmente suas críticas apenas aos sacerdotes.
Recentemente, o Governo da Irlanda acusou o Vaticano de ter obstaculizado e tentado frustrar as investigações de uma comissão oficial sobre abusos sexuais cometidos por sacerdotes católicos na diocese irlandesa de Cloyne entre 1996 e 2009. Em 13 de julho o Governo irlandês publicou um novo relatório sobre abusos sexuais cometidos contra menores na diocese de Cloyne por 19 clérigos, assim como a resposta das autoridades eclesiásticas dessa diocese às denúncias de agressões.
O Vaticano assinalou, em um comunicado, que "em nenhum momento procurou interferir na Justiça irlandesa ou impedir as autoridades civis de exercerem o seu trabalho" e rechaçou a acusação de que obstruíra os esforços da Igreja deste país na hora de enfrentar os abusos sexuais contra menores cometidos por sacerdotes.
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O Papa aceita a renúncia de outro bispo irlandês envolvido em um caso de pederastia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU