Primado da política sobre as finanças: a visão econômica do Vaticano

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06 Novembro 2011

"Libertando a imaginação, o homem liberta a sua existência". Assim se expressa o Conselho Pontifício Justiça e Paz na sua recente nota sobre a crise econômica. O sabor dos anos 1960 não é casual. O documento se fundamenta no magistério daqueles anos: em 1963, o Papa João XXIII anunciou o advento do mundo global e apelou pela criação de uma "Autoridades pública mundial": na encíclica Populorum progressio de 1967, Paulo VI invocou uma ação inspirada na "visão clara de todos os aspectos econômicos, sociais, culturais e espirituais", através da qual a Igreja está no mundo, como Cristo, "para dar testemunho da verdade, para salvar, não para condenar, para servir, não para ser servido".

A reportagem é de Marco Ventura, publicada no jornal Corriere della Sera, 04-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O catolicismo deve retornar às profecias daquele tempo se quiser responder ao colapso gerado por aquela que, em 1991, o Papa João Paulo II chamou de "idolatria do mercado". A nota Por uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal condena o liberalismo, o utilitarismo e a tecnocracia, critica duramente os nacionalismos autárquicos, mas também "toda forma de economicismo vulgar e mercantilismo performativo".

Retomando Bento XVI, o documento vaticano reivindica o primado da espiritualidade, da ética e da política sobre a economia e as finanças, e esboça um projeto institucional a ser realizado através de uma "espécie de Banco central mundial", de um lado, de uma autoridade política planetária, de outro.

Falando ao Financial Times, o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, definiu a ideia de um governo mundial "um pouco utópica", mas elogiou a concretude da receita vaticana, contraposta ao vago protesto dos indignados da St Paul"s Cathedral. Construir mercados livres, abertos e competitivos; separar o crédito normal e as finanças de risco; recapitalizar os bancos com fundos públicos em benefício da economia real; e, acima de tudo, taxar as transações financeiras. A Igreja propõe ao mundo, escreve o Conselho Pontifício, a "força revolucionária" da imaginação.