24 Setembro 2011
Já se pode estender a toda a viagem a previsível imagem do sol sobre Berlim escolhida pelo Frankfurter Allgemeine Zeitung para intitular um comentário ao magistral discurso de Bento XVI, que, com uma escolha inteligente e jornalisticamente perfeita, o respeitado jornal alemão publicou na íntegra.
A reportagem é de Giovanni Maria Vian, publicada no jornal L"Osservatore Romano, 24-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Não só e nem tanto pelo belíssimo tempo fresco e ensolarado que está acompanhando a visita, mas sim pela sua importância nos diversos momentos. O sol, portanto, resplandece sobre a Alemanha, aonde Joseph Ratzinger voltou pela terceira vez desde que foi eleito papa, para se encontrar com pessoas e falar de Deus, como ele logo explicou.
Na tradição cristã, a luz solar também significa a luz divina, que ilumina o mundo, e foi justamente da luz de Deus que o bispo de Roma escolheu falar encontrando em Erfurt – precisamente no lugar onde o jovem Lutero estudou teologia – os representantes evangélicos, acolhido com cordialidade.
E é naturalmente a questão de Deus, central no pensamento e no tormento do jovem monge agostiniano, que está no coração de Bento XVI, sobretudo. Quem se preocupa com isso, mesmo entre os cristãos? Quem leva a sério as suas próprias faltas e a realidade do mal? Repensar "a causa de Cristo", cara a Lutero, e, portanto, a fé é o principal compromisso ecumênico hoje, em um mundo em que pesa cada vez mais a ausência de Deus.
Justamente a imagem da luz é utilizada pelo papa para descrever o progressivo afastamento do mundo de Deus: no início, os seus reflexos ainda o iluminam, mas depois, cada vez mais, o homem acaba perdendo a sua vida. É por isso que é preciso superar o erro do passado de enfatizar aquilo que divide os cristãos e insistir naquilo que – e já é muito – os une: a fé no Deus trinitário revelado por Cristo e o seu testemunho em um mundo que está sedento dele, como se adentrasse sempre mais em um deserto sem água, como disse Bento XVI na homilia inaugural do seu pontificado.
Esse testemunho comum dos cristãos deve se refletir – em sociedades em que a ética é substituída por cálculos unicamente utilitaristas – na luta para defender "a dignidade inviolável do homem, desde a concepção até a morte". Em diálogo com as outras religiões, e em particular com o Judaísmo e com o Islã, como o papa repetiu encontrando-se com alguns representantes. Com os muçulmanos e os judeus, de fato, os cristãos e os católicos podem e devem colaborar, em sociedades em que é preciso lutar juntos para assegurar a dimensão pública das religiões e para criar, por meio da justiça, as condições para a paz: "opus iustitiae pax", segundo a expressão do profeta Isaías, escolhida como lema por Eugenio Pacelli.
Em um tempo de inquietação e de indiferença, e em circunstâncias que, não raramente, esmagam como um torno, aqueles que vivem na alegria da Igreja, que é o dom mais belo de Deus, devem se deixar transformar misteriosamente no vinho doce de Cristo. Oferecido a todos os homens com amizade e com a razão. O homem pode hoje destruir o mundo e por isso, com a razão, precisa reencontrar os fundamentos do direito. Como o pescador de homens vindo de Roma – como mais uma vez o Frankfurter Allgemeine Zeitung escreveu sugestivamente – explicou ao Parlamento de Berlim.
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O sol sobre a Alemanha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU