14 Setembro 2011
O ganhador das eleições de domingo na Guatemala foi Otto Pérez Molina, mas os votos não foram suficientes para levar já no primeiro turno. Tanto ele como o seu rival Manuel Baldizón fizeram campanha com um discurso de mão dura.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 13-09-2011. A tradução é do Cepat.
O futuro da Guatemala será conduzido por um presidente de direita. Essa parece ser a única certeza que as eleições gerais trouxeram no país da América Central. Com 95% das 16.668 urnas contadas, o Supremo Tribunal Eleitoral assinalou oficialmente que Otto Pérez Molina, candidato do Partido Patriota (PP), obteve o apoio de 35,9%, enquanto que Manuel Baldizón, candidato do Liberdade Democrática Renovada (Líder), teve 23,5% dos votos. O terceiro colocado foi o acadêmico Eduardo Suger, do Partido Compromisso, Renovação e Ordem (CREO), de direita, que obteve pouco mais de 16%. A situação ficou sem candidato depois que a Corte de Constitucionalidade impugnou a candidatura de Sandra Torres, ex-esposa de Alvaro Colom. A Carta Magna guatemalteca proíbe a candidatura de familiares de presidentes em exercício.
Seja qual for a decisão durante o segundo turno, o povo guatemalteco não terá outra opção que escolher como novo presidente um ex-coronel ou um empresário populista. Ambos os candidatos construíram seus discursos, durante a campanha, sobre a posta em prática de mão dura e até admitiram a possibilidade de implantar a pena de morte como instrumento para fazer frente a uma violência que parece não ter fim na Guatemala, e que a Argentina conheceu de perto com o assassinato do músico Facundo Cabral.
Desta maneira, os prognósticos de que haveria um segundo turno se confirmaram. A lei eleitoral guatemalteca estabelece a obrigatoriedade do segundo turno no caso de nenhum candidato à presidência alcançar 50% mais um dos votos no primeiro turno. "Agradecemos àqueles que confiaram em nós", afirmou o ex-militar, durante uma entrevista para o canal Guatevisión, na qual assegurou que a partir da segunda-feira (anteontem) "vamos nos reunir com o comando da campanha para começar a trabalhar na estratégia para ganhar no segundo turno". Baldizón também manifestou sua satisfação com a nova oportunidade de competir pela presidência da Guatemala. Ambos os candidatos confirmaram a busca de alianças com o resto dos partidos, mas garantiram que não negociarão cargos nem cotas de poder.
O presidente guatemalteco, Alvaro Colom, por sua vez, felicitou o povo do país pela maturidade demonstrada durante as eleições gerais e pediu aos candidatos em condições de disputar a primeira magistratura do país no segundo turno para que façam uma campanha limpa e serena. "Estou muito satisfeito e contente com o povo da Guatemala por essa maturidade política de ontem [domingo]", disse o presidente durante uma entrevista coletiva realizada no Palácio Nacional da Cultura. Colom disse que o processo de votação havia sido exemplar e assinalou que a democracia funcionou graças à participação do povo, que de forma massiva acorreu às urnas.
Sobre o resultado das eleições, Colom afirmou que "saíram duas candidaturas diferentes entre as quais o povo terá que escolher" o seu próximo governante. "Espero que haja propostas e discussão de planos de governo. É o que o povo merece", destacou.
Quem também deu a sua opinião foi Rigoberta Menchú. A Prêmio Nobel da Paz guatemalteca e até terça-feira candidata presidencial pela Frente Ampla de esquerda qualificou de "mercantil" as eleições e antecipou que embora ainda não tenha definido o que sua força fará no segundo turno, "o que está claro é que vamos fazer o possível contra o candidato do Partido Patriota, Otto Pérez Molina". Acrescentou Menchú: "É uma grande honra ter sido a candidata da Frente Ampla de esquerda, porque neste país há muitos anos que a esquerda foi completamente invisibilizada, fustigada, e inclusive houve uma discussão muito grande entre as pessoas que chega inclusive a acreditar que generais vinculados ao genocídio e à matança na Guatemala sejam de esquerda", remarcou em alusão a Pérez Molina.
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Guatemala. Entre dois candidatos da direita - Instituto Humanitas Unisinos - IHU