Os "indignados" retomaram na Grécia a tradição da ágora

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15 Junho 2011

Quando o herói da resistência francesa e diplomata aposentado Stéphane Hassel apelou, em 2010, para que a indignação quanto à injustiça se transformasse em "insurreição pacífica", talvez não esperasse que o movimento
dos aganaktismenoi ("indignados"), na Grécia, aceitasse o apelo tão rápido.

O comentário é de Costas Douzinas, professor de direito na Universidade de Londres, publicado pelo The Guardian e reproduzido pelo jornal Folha de S. Paulo, 16-06-2011.

Era de esperar que houvesse resistência a medidas econômicas catastróficas. Ao longo da história, os gregos resistiram à ocupação estrangeira e à ditadura interna com determinação e sacrifício.

Os "indignados" atacaram o injusto processo de empobrecimento dos trabalhadores gregos, a perda de soberania que fez do país um feudo de banqueiros e a destruição da democracia. Sua demanda é que as elites corruptas que governam há 30 anos "e conduziram a Grécia à beira do colapso" saiam.

Na praça Syntagma, em Atenas, os paralelos com a ágora clássica, localizada a algumas centenas de metros, são notáveis. Os aspirantes a orador recebem uma senha e são convocados ao palanque caso ela seja sorteada (na Atenas clássica, muitos ocupantes de cargos públicos eram selecionados por sorteio).

Não há questão acima de discussão. Nos debates semanais, economistas, advogados e filósofos políticos convidados apresentam ideias sobre como enfrentar a crise. A assembleia aberta em geral é conduzida sem apupos, e os tópicos variam de novas modalidades de resistência e solidariedade internacional a alternativas para as medidas catastroficamente injustas.

É a democracia em ação. Opiniões de desempregados e de acadêmicos têm tempo igual, são discutidas com o mesmo vigor e terminam submetidas a votação. Os indignados retomaram a praça e a transformaram em um espaço de interação pública.

Se a democracia é o poder do "demos" "ou seja, daqueles que não dispõem de qualificações específicas para governar", o que vemos é o que há de mais próximo da prática democrática na Europa.