O ‘Brasil profundo’ está cada vez mais distante da esquerda e é atraído pelo bolsonarismo

Manifestação contra Bolsonaro | Foto: Nati Melnychuck / unsplash

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05 Outubro 2022

 

O desempenho acima do esperado no primeiro turno da eleição de 2022 do presidente Jair Bolsonaro na campanha de reeleição e de vários candidatos do bolsonarismo para o Congresso demonstrou ressonância do pensamento conservador em camadas bem distintas da sociedade.

 

A reportagem é de Shin Suzuki, publicada por BBC Brasil, 04-10-2022.



Bolsonaro, candidato do PL, obteve 43,2% dos votos válidos ou 51 milhões de votos, um resultado que foi significativamente acima do estimado por pesquisas de opinião durante a corrida eleitoral.

 

Apesar de denúncias de corrupção, de números ruins na economia e de uma criticada gestão da pandemia, o atual presidente mostrou resiliência política e eleitoral e vai agora para o segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

Os pesquisadores Fabio Baldaia e Tiago Medeiros Araújo, do Instituto Federal da Bahia, desenvolvem — ao lado dos também pesquisadores Sinval Silva de Araújo e Rodrigo Ornelas — estudos sobre como os valores do pensamento bolsonarista se enraizaram com bastante apelo em amplos setores do país.

 

Eles afirmam que o bolsonarismo têm conseguido dialogar com novas camadas populares — de evangélicos a trabalhadores de aplicativos — e com o "Brasil profundo" do interior do país com uma eficiência maior do que a esquerda em sua mensagem.

 

"A hipótese que a gente trabalha é de que existem elementos de longa duração na forma de ser brasileira que explicam a ascensão e a resiliência política de Bolsonaro mesmo após a pandemia e uma gestão não exitosa da economia nesse período. Eu não diria que há uma essência conservadora no brasileiro, mas sim elementos daquilo que a gente chama de "Brasil profundo" que podem ser traduzidos como uma ideia de conservadorismo", afirma Fábio Baldaia.

 

Segundo ele, "são elementos relacionados à manutenção da ordem, à família, a uma certa visão da segurança pública que ainda estão no Brasil com bastante força, por isso a ida de Bolsonaro para o segundo turno e a eleição de muitas figuras apoiadas por ele para o Congresso".

 

Por sua vez, Tiago Medeiros Araújo discute a hipótese de que "a esquerda mundial, não só no Brasil, mas no Ocidente, ainda está presa a conceitos do Maio de 1968 na França. Foi quando o conservadorismo ficou associado a estruturas fixas e dominantes da sociedade ocidental, que deveriam ser combatidas por seu conteúdo e sua simbologia, e a família era um desses núcleos".

 

 

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