"O padre Paulo Ricardo fecha os olhos, mesmo que abertos, para o sofrimento da pandemia, com milhares de mortos, apontando que esse é apenas um indício do sofrimento final. É isso mesmo. Seu sadismo elitista em nome de um deus entende que a pandemia não é um momento apocalíptico, mas apenas um treino do que passaremos no futuro e que apenas alguns irão sobreviver. Uma típica construção teológica cristã cega das elites brasileiras", escreve Fábio Py, doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RIO e professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF.
“O genocídio é uma forma de civilizar (...)
Acima de tudo, a pandemia mostra isso”.
Ailton Krenak
A doutrina da fé bolsonarista se conecta diretamente com uma nuvem densa de religiosos e cristianismos hegemônicos que sustentam o maquinário de sua gestão cristofascista. No apoio desse maquinário que tomou o Estado brasileiro se tem pelo menos três grandes pilares de intelectuais teológicos: a primeira dos pentecostais ligados à teologia da prosperidade que enchem o governo de expressões diárias de fé; a segunda aresta, os protestantes tradicionais (principalmente batistas e presbiterianos) que salpicam Bolsonaro com brindes teológicos do naipe de “eleito para governar a nação”; e a terceira tem “longa duração” como a espinha dorsal que estruturou o Brasil, o catolicismo conservador.
Essa linha antiga, hoje é irrigada por ao menos duas fontes mais proeminentes que se relacionam com Bolsonaro: os católicos tradicionais e o grupo dos católicos carismáticos, da Renovação Carismática Católica (a RCC). Para tratar desse sistema-aresta primordial do cristofascismo bolsonarista selecionou-se uma figura fundamental para o catolicismo hoje, o Padre Paulo Ricardo. Sim, porque, sua figura pública mobiliza esses dois mundos católicos (catolicismo conservador e RCC), além de ser uma persona midiática, antenada em múltiplas redes sociais e sites, agremiando milhares de seguidores. Esse cavaleiro do apocalipse de batina une os dois mundos a partir de uma formação acadêmica densa de passagem por instituições dos EUA e Itália, e a partir de sua prática pastoral espalhada entre as estruturas eclesiais romanas do Mato Grosso. Agora, o principal: o padre é uma figura que é recorrentemente citada por Bolsonaro, servindo como “intelectual teológico” para a mentalidade persecutória do estado cerceador brasileiro.
Bolsonaro e padre Paulo Ricardo de Azevedo | Foto: Congresso em Foco
O padre Paulo Ricardo se chama Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, ligado à Arquidiocese de Cuiabá, Mato Grosso. Nascido em Recife (PE) no ano de 1967, em 1979 rumou com a família para Cuiabá. Entre 1983 e 1984, fez intercâmbio e concluiu o Ensino Médio em Michigan, EUA, onde teve contato com livros e as ambiências dos catolicismos conservadores norte-americano. O que ajudou na decisão de no ano de 1985 ingressar no Seminário. Em 1992, tornou-se sacerdote com formação em filosofia e teologia. Defendeu o mestrado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, no ano de 1993. Sua formação se deu entre os pontificados de João Paulo II e Bento XVI, extremamente conservadores na direção do diálogo da fé com o mundo contemporâneo. Atualmente o padre exerce funções ligadas à pastoral e de ensino em faculdades e paróquias: Vigário Paroquial em Cuiabá, foi reitor do Seminário Cristo Rei, secretário geral do Sínodo Arquidiocesano de Cuiabá, professor de Filosofia e Psicologia na Universidade Católica Dom Bosco, no Instituto Regional de Teologia e no Studium Eclesiástico Dom Aquino Corrêa – Campo Grande e Cuiabá.
Paulo Ricardo se conecta com o pensamento “ultracatólico” tensionando sempre que pode as demais tradições cristãs, e principalmente com as de matriz afro-diaspóricas. Dedica-se na escrita de livros e apresenta o programa semanal, “Oitavo Dia”, pela Rede Canção Nova de TV. Soma uma grande quantidade de serviços no seu site, blogs, cobrando por vídeos e aulas. Suas atividades são largamente difundidas na internet, sendo o padre brasileiro com maior impacto na internet. A manutenção de seu instituto educacional em Cuiabá ocorre a partir dos cursos que ministra pela internet. Todo serviço nos sites é formalizado por uma equipe intitulada Christo Nihil Praeponere, o que significa em latim: “A nada dar mais valor do que a Cristo” – sua “identidade visual”.
Muitos dos vídeos no Youtube vetam a inserção de comentários, dificultando, assim, a propagação de polêmicas e a visibilização de comentários negativos, além de cada vídeo ter um breve comentário explicativo resumindo a ideia central da fala ou da conferência. A maioria das postagens do padre são autorreferentes. A imensa atividade do padre como professor e palestrante está contida nas redes sociais eletrônicas, o que amplifica suas oportunidades de participar de eventos de massa e apresentar um programa de TV na Comunidade Canção Nova.
Essa atividade ganhou tamanha proporção que, por exemplo, o noticiário “Diário de Cuiabá”, publicou uma reportagem de descontinuidade à atuação do padre, intitulado “Padres pedem a bispo que Padre Paulo se cale. Em carta endereçada a arcebispo, 27 padres pedem que padre seja proibido de pregar”. Contudo, o texto sinaliza que ocorreu um apoio radical dos fiéis católicos ao padre. Por outro lado, pode-se destacar sua constante atuação no Congresso junto a políticos confessadamente católicos e evangélicos. No fim, a soma de controvérsias, ajudam na mobilização até porque são divulgadas pela mídia religiosa que dão ao padre mais exposição - tudo com anuência do bispo diocesano, Dom Milton Santos. Os apoios recebidos de milhares de fiéis vêm também por sua desenvoltura discursiva que retroalimentam seus perfis e páginas eletrônicas, em um movimento contínuo. Esse circuito beneficia a construção de sua guerra cultural trilhada na leitura restritiva da tradição católica contra quem ameaça a “família tradicional cristã brasileira”, tal como, defende a Frente Parlamentar Evangélica, tentáculo ultraconservador que frequentemente convoca-o para palestras.
Depois dessas palavras sobre essa emblemática figura do catolicismo, separaram-se sete materiais sobre sua militância até as recentes produções diante do impacto da pandemia.
Padre Paulo Ricardo empunha arma ao lado de Olavo de Carvalho (Foto: Reprodução | Redes sociais)
Um dos seus posicionamentos mais conhecidos é sobre a questão da liberalização das armas de fogo no país. Justifica-o assim: “Bom, numa abordagem superficial, você pode pegar o catecismo a respeito da guerra, e você irá encontrar ali uns parágrafos bem suculentos na mão, àqueles que são a favor do desarmamento (...) A igreja é a favor do desarmamento. Errado, luz vermelha para você” (veja aqui). Afirma que a Igreja não é a contra o armamento da população apenas no “contexto bem específico de corrida armamentista (...) Igreja é a favor de diminuir essas armas tão letais, de armas de destruição em massa (...) Entendamos meu irmão: o cristão é pacífico, não pacifista”.
Pegando um caso extremo de invasão de propriedades indica que “é um dever, um assaltante que entra na sua casa, violenta sua filha, violenta sua esposa, delapida seus bens, o que você fará? Você dirá que é a favor da paz? Você terá coragem de olhar para sua filha, sua esposa e olha eu não fiz nada, não porque sou um covarde, mas porque sou pacifista”. Pinça o caso para fundamentar o direito da população no acesso às armas, para traçar uma relação complexa entre armas de fogo, a segurança da propriedade privada, e familiares. O vídeo foi tão comentado que o clã ‘Bolsonaro’ repostou nas redes sociais.
Nas eleições presidenciais de 2018, o padre seguiu dando cursos nas paróquias. Em um desses cursos citou a facada que Bolsonaro sofreu durante as eleições. O vídeo “Padre Paulo Ricardo se pronuncia sobre o atentado contra Bolsonaro e o vídeo viraliza na web” do dia 11 de setembro de 2018 mostra isso. É um vídeo curto, contudo, elucidativo mesmo com poucas palavras. Numa parte compreensível avista-se o cavaleiro do apocalipse de batina dizendo: “Como você cala a boca das pessoas? Ou você dá uma facada.... (a plateia diz: mito! Mito! Mito!)”. Com ele se percebe o apoio da plateia e do padre à Bolsonaro, quando mesmo discursando numa paróquia não pede para as pessoas se acalmarem diante da citação ao ocorrido ao candidato. Mais que isso. Com a afirmação indica que a facada sofrida por Bolsonaro no âmbito das eleições de 2018 foi uma tentativa de “calar” o candidato.
No discurso desenha a figura do candidato Bolsonaro como um mártir. Na sequência lembra de um papa representativo para o catolicismo conservador: Bento XVI. Assim “ou você realiza aquilo que Bento XVI chama de ‘martírio dos tempos modernos’, que é caluniar, desacreditar, inventar mentiras sobre essas pessoas”. Portanto, a partir do tom de adesão a Bolsonaro, salienta que tentam produzir calunias, mentiras que visam desacreditá-lo. Assume o mecanismo comum entre o ramo mais conservador, o destaque como perseguido, de que querem silenciar. Segue o ritmo do raciocínio persecutório típico do cristianismo em prol do discurso da “tentativa de silenciamento” de Bolsonaro.
No contexto da pandemia circulou novamente seu vídeo “A imbecialização do país” . Nele, o cavaleiro de batina faz uma palestra que foi repetidamente repostada por Bolsonaro (por exemplo: em 27 de fevereiro de 2017 e outra no dia 28 de abril de 2020). No material o padre ironiza as tendências de norma “culta” e a “linguagem popular”. Ao fazer isso numa acusação genérica culpa os professores de passarem para os alunos “um texto social, com a pretensão de fazer política, quando se paga para ensinar português”.
No material sem quaisquer dados ou fontes acusa os professores de tentarem traçar um processo silencioso a partir da ambiência da sala de aula, buscando incutir uma politização das crianças e adolescentes. Culpa a classe de ocasionar uma “lenta e gradual imbecialização de uma nação”. Eles fariam isso para espalhar uma baixa reflexão e com isso facilitar o domínio “esquerdista” do país. Com tom acusatório indica que eles promovem isso quando “ao invés de ensinarem o português, estão aprendendo cartilha marxista. Isso ajuda muito, pois afinal de contas se eu quero implantar o socialismo, se eu quero dominar uma sociedade nada melhor que dominar uma classe de idiomas”. Sim, ele acusa uma categoria, os professores das séries iniciais, de causar propositadamente a imbecialização da nação. Com isso, reforça a discriminação sobre a classe que já sofre com os baixos salários e a falta de condições de trabalho.
O padre movido por absoluto preconceito contra os educadores tece acusações cegas típicas de teorias de conspiração primárias. Diz sobre os professores que “eles (...) não querem que você aprenda nada, que você estude nada, pra estudar, do jeito que eles querem, isso é o gramscismo, na prática!”. Ainda diz: “mesmo que você não tenha ouvido falar de Antonio Gramsci você é um profundo conhecedor de Gramsci (...) um conhecedor prático, porque foi vítima dele”. Culpa os professores de ensino básico de construir uma ideologia “esquerdista”, baseada em Gramsci, chamada por ele de “nova ordem mundial cristã”. Eis a complexa dedução do olavista de batina que não tem qualquer demonstração na prática. Ele não fica sem graça de juntar um monte de dados sem sentido para construir o argumento. Assim, aciona o modus operandi comum do conservadorismo que despreza a classe professoral e mobiliza a partir disso seu discurso de guerra cultural. Assim, dá para entender por que Bolsonaro despreza a classe professoral.
Seu primeiro vídeo gravado diante da pandemia do Covid-19 chamou “A igreja prostada diante de um vírus?”, do dia 22 de março de 2020. Gravou diante da opção do Vaticano de fechar as paróquias pela pandemia. Questiona: “terá a Igreja perdido a fé? (...) os nossos bispos sendo covardes, ao cancelarem e privarem as almas do conforto dos sacramentos?”. Ele fala que o problema não é apenas com a afirmação fideísta (que é “só a fé”) ou do “racionalismo (...) só a razão” diante da pandemia. Mas sim, de a partir da fé com rezas e súplicas “obrigar a deus a interferir na história humana com a abertura das paróquias”. Para ele, com essa série de ações de devoção pode-se “obrigar a Deus a fazer um milagre”. Tal como o diabo fez com Jesus, no texto de Mateus 4 e Lucas 4,1-13. Resume assim: “abrir as portas das paróquias (...) é tentar a Deus, porque está obrigando a Deus a fazer o milagre”.
Com base nisso afirma que ser católico e fideísta é um contra censo, uma loucura. Para ele, essas são visões de mundo completamente dispares. Assim, esse cavaleiro do apocalipse de batina se preocupa em acatar no fechamento das paroquias para não tentar a Deus, e não diretamente pelas sinalizações dos cientistas de se evitar aglomeração. A pandemia e o pecado.
No dia 1 de abril, próximo à Páscoa, lançou mais um vídeo da série sobre o Covid-19. No material tenta responder à pergunta se o Covid-19, e outras pestes, são castigos de Deus. O padre indaga: – se Deus é um “pai bondoso e compassivo como permitiria tamanhos males sobre os inocentes?”. Nesse vídeo pondera que “o problema da humanidade é o pecado”, ou seja, o problema dos milhares de mortos no mundo é o pecado. Numa leitura teológica da realidade social e biológica entende que é o pecado que está matando as pessoas.
Essa leitura comum no universo ultraconservador cristão transformando o problema humano num juízo teológico, e de forma cruel evoca: “Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu na Cruz, não por causa dos seus pecados, mas pelos nossos. (...) O sofrimento é sinal dos nossos pecados, do pecado original, do pecado que fazemos”. Na afirmação ele radicaliza a dogmática cristã colocando que o sofrimento e a morte são sinais do pecado da humanidade. Não qualquer pecado, mas sim, o pecado original. O primeiro, que manchou toda humanidade. É impressionante que nesse momento com o número exponencial de mortes pelo Covid-19 tal evocação mais parece parte de um sadismo teológico, que pouco se identifica com o sofrimento das pessoas. Ainda mais comparando-o com o martírio de Jesus: “O que estou sofrendo não é nada, diante do que sofreu por mim na cruz”. Além disso, aproveita para chamar a pandemia de “histeria coletiva”.
Ora, mesmo com a marca de 217 mil mortos, para ele (e para os bolsonaristas) é parte da “histeria coletiva” e serve muito bem de “pedagogia divina. Porque o sofrimento que “estamos passando agora, são pequenos ensaios de sofrimentos que virão para a igreja no futuro. Pode ser que não estejamos vivos para ver os sofrimentos da grande tribulação”. Assim, fecha os olhos, mesmo que abertos, para o sofrimento da pandemia, com milhares de mortos, apontando que esse é apenas um indício do sofrimento final. É isso mesmo. Seu sadismo elitista em nome de um deus entende que a pandemia não é um momento apocalíptico, mas apenas um treino do que passaremos no futuro e que apenas alguns irão sobreviver. Uma típica construção teológica cristã cega das elites brasileiras.
O último material destacado está na forma de escrito desse cavaleiro do apocalipse de batina brinda-nos com sua crueldade teológica. No dia 15 de julho de 2020, em seu site pessoal publicou o artigo “Pandemia e os quatro cavaleiros do apocalipse”. Nele, escreve sobre doenças, pragas, ciclones, terremotos, guerras políticas e sociais que estamos vivendo desde o início de 2020, sobre o ritmo do Evangelho de Mateus 24,8, “de fato, há de levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá fome e terremotos em vários lugares. Tudo isso é o começo das dores”.
Faz isso citando novamente a “Grande Tribulação”, a alimentando com seu raciocínio exclusivista ligando o cristianismo, a peste e a purificação. Assim, no seu mote central do artigo saca a seguinte sentença: “A ‘peste’, a ‘fome’ e a ‘guerra’ estão biblicamente ligadas à purificação pela qual os homens precisam passar”. Essa sua tese teológica é muito séria, pois fundamenta teologicamente a eugenia socio-biológica. E, com ela, extrapola a ideia do martírio de toda humanidade por conta do pecado. Engessado no seu manual de dogmática particular/patriarcal, assume que as três tragédias são importantes: a peste, a fome e a guerra. É isso mesmo: para ele esses cataclismas servem para “purificação”. Está cego ao entendimento de que, desde as sociedades bíblicas (por ele citadas), as pessoas que sobrevivem aos grandes desastres são aquelas que não são expostas às doenças, não passam fome ou não vão para guerra. Logo, a sentença teológica do padre é absolutamente cega às questões sociais. O dito do padre justifica o que Judith Butler afirma sobre as modulações eugenistas intrínsecas às sociodicéias cristãs. Entende que as mortes são fruto da mão de deus, que só ele quer vivos e salvos aqueles que o seguem, os eleitos. Ou seja, operaliza a eugenia a partir da inteligência católica tal como o cristofascista que se encontra no poder.
Ao longo do artigo se destacou a figura que sintetiza variados elementos comuns do catolicismo conversador que vem nutrindo as falas, pensamentos e as redes sociais de Bolsonaro, o genocida. Esse último cavaleiro do apocalipse dá tons católicos para um sem número de pautas que ajudaram a construir politicamente Bolsonaro e que na atual gestão foram amplificadas. São elas: a teoria da conspiração que coloca os professores como ponta do gramscianismo no Brasil, que tentam calar Bolsonaro, o apelo pelo armamento da população brasileira, a ideia de que a pandemia é apenas uma gripezinha, que ocorre uma histeria coletiva pelo Covid-19, e o sofrimento é bom pois ajuda a cortar as “sementes pobres” da humanidade.
Assim, sua tese mais séria, que vem inspirando nesse período pandêmico Bolsonaro, é que a gripe é apenas uma prova que visa não apenas ensinar, mas purificar a nação brasileira. Um eugenismo teológico, um aprofundamento da biopolítica do capitalismo, típico do cristofascismo de Bolsonaro. No fundo, defende que as mortes que estão enchendo as covas brasileiras e implodindo nosso sistema de saúde são parte do zelo do divino sobre seus verdadeiros fiéis. E, infelizmente, todos esses materiais foram produzidos e difundidos no núcleo do bolsonarismo o que mostra a importância do pensamento do padre para o setor.
Logo, o padre Paulo Ricardo atua como “intelectual orgânico” (Gramsci) teológico ajudando na construção do pensamento do governo Bolsonaro, operando de forma distinta de Malafaia (repleto de xingamentos e gritarias). Nem tão pouco age de forma descolada como o pastor batista Valandro Junior. Mas sim, fala sobre isso tudo, seguindo o script indicado na formação católica, isto é, com poucos gestos, expressões sempre comedidas, e não alterando o tom da voz. Usa o que se chama de “mansidão na fala” para apoiar e fornecer material teológico para o genocídio da população pobre, preta, indígena e periférica brasileira. Assim, vem sendo uma aresta central para a construção do governo mais genocida do Brasil desde a construção da República.
BUTLER, Judith. Undoing gender. Nova York: Routledge, 2004.
PY, Fábio. Pandemia cristofascista. São Paulo: Recriar, 2020.
GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. São Paulo: Civilização Brasileira, 1982.
MARX, Karl. Liberdade de imprensa. Porto Alegre: L&PM, 1999.
SILVEIRA, Emerson José Sena. Padres conservadores em armas: o discurso público da guerra cultural entre católicos. REFLEXÃO (PUCCAMP), v. 43, 2019, p. 289-309.