08 Agosto 2020
"Além de ser uma alimentação livre de colesterol e relativamente baixa em gorduras saturadas, a proposta traz um apelo ecológico por se tratar de alimentos que consomem menos água e energia para serem produzidos, além de ter menor emissão de carbono", escreve Susan Bowerman, nutricionista, mestre em Ciências dos Alimentos e Nutrição, membro da Academia Americana de Nutrição e Dietética (FAND) e diretora sênior global de Treinamentos de Nutrição da Herbalife Nutrition, em artigo publicado por EcoDebate, 07-08-2020.
Mais do que nunca, manter uma alimentação mais verde deveria fazer parte de nossa vida cotidiana não apenas para melhorar a nossa saúde, mas também para ter mais sustentabilidade.
Nos últimos anos, cada vez mais pessoas estão aderindo à ideia de reduzir o consumo de carne e manter uma alimentação à base de vegetais, também conhecida como plant-based diet. Para se ter ideia, uma pesquisa recente realizada nos Estados Unidos com 2 mil pessoas mostra que 71% delas estão dispostas a incorporar alimentos plant-based no dia a dia. Além disso, 53% afirmaram que as carnes já não compõem a maior parte do cardápio e outros 23% se consideram flexitarianos por consumirem carnes apenas em alguns dias da semana.
Aqui no Brasil, os números seguem a mesma tendência. De acordo com dados da Sociedade Vegetariana Brasileira, 14% da população já se declara vegetariana, o que equivale a 30 milhões de pessoas. Um aumento de 75% desde 2012.
Essa mudança de comportamento acontece por vários motivos. Além de ser uma alimentação livre de colesterol e relativamente baixa em gorduras saturadas, a proposta traz um apelo ecológico por se tratar de alimentos que consomem menos água e energia para serem produzidos, além de ter menor emissão de carbono.
No caso dos norte-americanos, a pesquisa mostra que “contribuir com o meio ambiente” é o principal fator para 40% dos entrevistados deixarem a carne de lado, seguido pelo fato de pais serem guiados pelas escolhas de seus filhos que estão deixando de consumi-la (36%) ou a busca das pessoas por se sentirem mais éticos em suas escolhas alimentares (30%). Ainda segundo a pesquisa americana, boa parte dessas pessoas (65%) buscam fontes de proteína vegetal ao consumir barras de proteína e shakes e 56% das pessoas entrevistadas obtêm proteína por meio da ingestão de alimentos conhecidos por serem uma alta fonte de proteína.
Entre os pontos de atenção para quem segue uma alimentação sem carne está o consumo adequado de proteína, que deve ser de cerca de 1g por quilo de peso [1] – quantidade que precisa ser maior no caso dos esportistas. No entanto, cada vez mais pessoas tomam consciência de que as dietas à base de plantas não são desprovidas desse nutriente.
Nesse quesito, a proteína isolada da soja se destaca pelo seu alto valor biológico, já que possui todos os aminoácidos essenciais e tem excelente biodisponibilidade, ou seja, é bem aproveitada pelo organismo. Por este motivo, ela é cada vez mais incluída em alimentos que vêm atender as necessidades desse público.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a produção mundial de alimentos precisará aumentar em cerca de 70% para ser suficiente para todas as pessoas até 2050. E, para dar conta dessa demanda, precisará superar questões ambientais, como a disponibilidade de terra, água e recursos energéticos.
A agência ainda aponta que a criação de animais para consumo de carne, ovos e leite é responsável por gerar 14,5% dos gases de efeito estufa, sendo a segunda maior fonte de emissões e maior que todos os meios de transporte combinados.
Não é à toa que entidades, como a The American Society of Clinical Nutrition (Sociedade Americana de Nutrição Clínica), orienta desde já que a maioria das pessoas adote uma dieta à base de plantas. Afinal, além dos benefícios nutricionais oferecidos pelas proteínas vegetais, há várias vantagens ambientais sendo, assim, mais sustentável:
A produção de proteína isolada de soja, por exemplo, usa muito menos água do que a carne de porco ou bovina. Para se ter ideia, são 38 litros por kg de proteína vegetal produzida, enquanto a carne exige mais de 1.600 litros de água por quilo.
A produção de proteína isolada de soja emite de oito a 80 vezes menos carbono do que a carne bovina e outras proteínas de origem animal, incluindo gases, como dióxido de carbono e metano. São 2,4 kg em comparação a 178 kg.
São necessários 8 m2 de terra por quilo da proteína vegetal em comparação com 1.311 m2 de terra para a carne bovina.
[1] Román, D. D. L., Guerrero, D. B., & Luna, P. P. G. (2012). Dietoterapia, nutrición clínica y metabolismo. Ediciones Díaz de Santos.
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Por que deveríamos adotar uma dieta à base de vegetais? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU