10 Setembro 2021
A história de homens gays no sacerdócio católico recebeu atenção nacional nos últimos meses em um segmento do jornal Sunday Morning, da CBS, em particular, pelo foco nas histórias do padre Greg Greiten, e um padre anônimo, que chamou a cultura opressora do sigilo de um “câncer crescendo lentamente”.
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 09-09-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Greiten falou sobre suas experiências de ser gay, viver no armário e depois sair do púlpito em 2017. Na época, os paroquianos o aplaudiram de pé e seu arcebispo o apoiou.
Greiten falou com a CBS em termos firmes sobre como era viver no armário e por que ele arriscou se assumir:
O correspondente Seth Doane perguntou: “O que você está arriscando por ter se revelado?”.
“Às vezes parece que tenho que andar na corda bamba”, respondeu ele.
“Só quero quebrar o silêncio”, disse Greiten a Doane. “Estamos aqui. E para mim, Seth, isso foi parte da hipocrisia que eu estava vendo acontecer”.
“Você se sentia um hipócrita quando estava no púlpito, e não fora?”, perguntou o jornalista.
“Eu pessoalmente sim. É como usar uma máscara. Todos os dias eu tinha que ir lá e fingir que sou algo que não sou”, respondeu.
A triste realidade é que, apesar de haver 38 mil padres nos Estados Unidos, a maioria dos quais provavelmente são gays, Greiten diz: “Eu sempre ouvi um número solto, como, dez de nós, os que realmente se assumiram”.
A reportagem do Sunday Morning incluiu uma entrevista com um daqueles padres que permanece no armário, cuja imagem foi borrada e atende pelo nome de “Padre Frederick”:
Doane perguntou: “O que diz que você precisa fazer esta entrevista na sombra?”.
“Dizem que não é legal ser gay se você é um padre. E se você é gay e padre ao mesmo tempo, você tem que esconder um ou outro”.
Ele comparou esse segredo à vida dupla dos espiões.
Doane perguntou: “Qual é o efeito desta cultura de silêncio na igreja?”.
“É um câncer crescendo lentamente”, disse o padre Frederick.
Greiten também comentou sobre o problema do armário clerical:
O padre Greg Greiten, servindo fielmente à sua paróquia em Wisconsin, disse que o segredo é um flagelo na igreja, então o primeiro passo para ele é ser aberto e honesto.
Doane perguntou: “Você se inscreveu para trabalhar em uma instituição que pensa que ser gay, agindo assim, é um pecado”.
“Correto. Mas a diferença é que este é meu lar espiritual. Foi aqui que fui batizado. Foi aqui que recebi minha primeira comunhão. E então, esta é minha casa. E eu não acredito que uma casa deva descartar os seus filhos”, respondeu.
O segmento da CBS também incluiu uma breve visão dos fiéis. Doane perguntou a Carol e Fred Webber, paroquianos da paróquia de Greiten e que tem um filho gay, se acham ruins que seu padre seja gay. Carol respondeu: “Não, é uma coisa positiva”.
As palavras de Carol Webber podem ser confirmadas por muitos católicos que conhecem um padre gay ou simplesmente presumem que alguns dos bons padres que eles conheceram ao longo dos anos eram gays. Infelizmente, conforme as histórias do padre Greiten e do “padre Frederick” revelam que o segredo e a vergonha em torno da homossexualidade no sacerdócio continuam sendo bastante prejudiciais, tanto para os indivíduos quanto para a igreja. Quer os padres gays estejam fora ou no armário, é responsabilidade dos fiéis leigos apoiar esses homens que tanto fazem para servir ao povo de Deus.
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Padres dizem que o sigilo sobre a homossexualidade no sacerdócio é um “câncer crescendo lentamente” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU