16 Fevereiro 2018
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, com uma declaração escrita confirmou as palavras do Santo Padre relatadas por La Civilta Cattolica no relatório sobre a reunião com os jesuítas no Chile (em 16 de janeiro último). O comunicado de Burke diz textualmente: "Em resposta às perguntas dos jornalistas, posso confirmar que, várias vezes por mês, o Papa encontra vítimas de abusos sexuais tanto individualmente como em grupos. O Papa Francisco ouve as vítimas e tenta ajudá-las a curar as graves feridas causadas pelos abusos sofridos. Os encontros são realizados com a maior confidencialidade, em respeito às vítimas e seu sofrimento".
A informação é publicada por Il Sismografo, 15-02-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
De acordo com o citado relatório, o Papa, falando dos abusos sexuais contra menores por parte do clero, declarou: "É horrível! Você precisa ouvir o que conta uma pessoa que sofreu abuso! Às sextas-feiras - às vezes é marcado, às vezes não – eu costumo me encontrar regularmente com algumas delas. Seu processo é muito difícil, ficam aniquiladas.
Para a Igreja é uma grande humilhação. Mostra não só a nossa fragilidade, mas também, vamos ser claros, o nosso nível de hipocrisia. É curioso: o fenômeno do abuso tocou algumas congregações novas, prósperas. Lá, o abuso é sempre o resultado de uma mentalidade ligada ao poder, que deve ser sanada a partir de suas raízes malsãs. Existem três níveis de abuso que andam juntos: abuso de autoridade, sexual e confusões econômicas. O dinheiro está sempre envolvido: o diabo vem pela carteira".
A seguir reproduzimos outros trechos das reflexões do Papa:
"É a maior desolação que a Igreja está sofrendo - disse primeiramente Bergoglio - Isso nos impele à vergonha, porém devemos lembrar que a vergonha é também uma graça bem inaciana. Por isso, vamos assumi-la como graça e sintamo-nos profundamente envergonhados. Devemos amar uma Igreja com chagas. Muitas chagas ...".
"Deixe-me relatar um fato. Em 24 de março na Argentina celebra-se a memória do golpe militar, da ditadura, dos desaparecidos, e a Plaza de Mayo fica lotada para lembrar isso. Em um desses 24 de março, eu estava atravessando a rua e havia um casal com uma criança de dois ou três anos de idade, e a criança estava correndo para frente. O pai lhe disse: "Vem, vem, fica perto ... Cuidado com os pedófilos!". Que vergonha eu senti! Que vergonha! Eles não perceberam que eu era o arcebispo, eu era um padre e ... que vergonha".
"Às vezes alguém inventa 'prêmios de consolação' e até diz:'Olhe para as estatísticas ... veja... olhe só ... 70% dos pedófilos estão no ambiente familiar, entre os conhecidos.
Depois nos ginásios esportivos, nas piscinas. O percentual de pedófilos que são padres católicos não chega a 2%, é de 1,6%. Nem é tanto assim ...'. Mas é terrível mesmo que fosse apenas um de nossos irmãos! Porque Deus o ungiu para santificar crianças e adultos, e ele os destruiu".
"Se o abuso foi cometido por um sacerdote, a marca na vítima permanece ainda mais profunda, há uma confiança espiritual que é destruída, uma fé que é aniquilada".
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Roma. Diretor da Sala de Imprensa "confirma" que Francisco encontra várias vezes por mês vítimas de abuso sexual - Instituto Humanitas Unisinos - IHU