D. Vicente Ferreira na COP30: “Devemos unir nossas espiritualidades para defender a casa comum”

Foto: Religión Digital

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13 Novembro 2025

  • “Quando você chega aos lugares mais distantes, os empreendimentos se declaram grandes defensores da vida, quando na verdade estão matando nosso povo e destruindo nossa terra.”

  • O Tapiri Ecumênico e a Cúpula dos Povos são iniciativas que, na agenda da COP30, se desenvolvem sob o impulso do Movimento Laudato Si'.

  • “O Manifesto pela Ecologia Integral denuncia os efeitos do modelo extrativista e neoliberal que subordina a vida ao lucro, depredando os povos e os territórios.”

A informação é de Paola Calderón, publicada por Religión Digital, 12-11-2025. 

O poder das contradições sistêmicas e a força das narrativas que conseguem dissuadir e confundir a opinião pública sobre a responsabilidade das indústrias na devastação da casa comum foram o ponto de partida da reflexão feita por Dom Vicente Ferreira durante o conversatório “Justiça climática, democracia e direito à vida: diálogo inter-religioso pela justiça ambiental”.

Vicente Ferreira na COP30: “Devemos unir as nossas espiritualidades para defender a nossa casa comum” | Foto: Religión Digital

O evento faz parte das atividades do Tapiri Ecumênico e da Cúpula dos Povos, iniciativas que, na agenda da COP30, se desenvolvem sob o impulso do Movimento Laudato Si'.

O prelado comentou que, nos territórios onde atua, muitas coisas positivas são ditas sobre as indústrias — mas não correspondem à realidade. “Quando você chega às distâncias mais remotas, os empreendimentos se declaram grandes defensores da vida, quando estão matando nosso povo e destruindo nossa terra; contradições sistêmicas”, afirmou.

Ações reais

O bispo recordou o compromisso da Igreja com o fortalecimento da ecologia integral. No caso da comissão da CNBB à qual pertence, diversas iniciativas vêm sendo desenvolvidas: modos pelos quais seu pensamento vai amadurecendo e seus compromissos se traduzem em ações concretas — como as campanhas que antecederam a COP30.

“Em 2025, tivemos a grande Campanha da Fraternidade sobre ecologia integral, com muitos frutos que mobilizaram nossas igrejas locais”, explicou.

Falou também do processo que preparou a realização do evento: as cinco pré-COP. Atividades que, a partir da escuta e da reflexão, aproximaram os objetivos da cúpula das necessidades das populações. “Foram mais de dois anos de reuniões em todas as regionais, mobilizando, criando consciência e chamando as comunidades a pensar na valorização da ecologia integral”, indicou.

Iniciativas que o prelado define como “ações que vão além dos discursos. Propostas em nossos territórios e comunidades católicas que estão gerando frutos neste momento”.

Falsas narrativas

A isso se somam documentos como o Manifesto pela Ecologia Integral que, segundo o bispo de Livramento de Nossa Senhora, é uma resposta à crise socioambiental planetária.

“O manifesto está baseado na encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, e enfatiza a necessidade de uma ecologia integral que considere a conexão entre a crise social e a crise ambiental.”

Ele também denuncia os efeitos do modelo extrativista e neoliberal que, de acordo com o representante da CNBB, “subordina a vida ao lucro, depreda povos e territórios”. Sem esquecer as “falsas soluções que vão aparecendo e reduzem a ecologia a uma forma meramente estética e superficial, que deixa de lado a justiça social”.

Sem minimizar a gravidade da crise, Dom Vicente Ferreira lembra que o documento oferece uma mensagem de esperança ao identificar caminhos de vida que nascem da fé, encarnada nas comunidades e na espiritualidade dos povos indígenas. Além disso, “propõe uma conversão ecológica integral que vincula fé, justiça social e defesa do meio ambiente”, insistindo na proteção da vida em todas as suas dimensões.

O passo para a conversão

Recordando que hoje “o capitalismo é verde, a economia é verde, até o ferro é verde”, o bispo afirma que a Igreja deve assumir sua posição. “Como igrejas, como espiritualidades, precisamos combater esse domínio das falsas narrativas, inclusive em nossos territórios.”

Para o bispo, “ninguém se converte ainda, e a ecologia integral é um tema transversal, inclusive inter-religioso, porque, se não unirmos nossas espiritualidades para defender nossa casa comum, nenhum outro ponto vai nos convencer ou nos converter — além de que não teremos uma casa.” O chamado de Dom Vicente é ao reconhecimento de que a ecologia integral “não é apenas uma opção nossa; é também uma opção do próprio Deus, que se fez pobre e se encarnou. É o Deus dos pobres e desamparados.”

No conversatório também participaram Mons. Marinez Bassotto, o pastor Josias Vieira, Luiz Felipe e Felício Pontes.

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