18 Outubro 2023
Uma proeminente freira irlandesa afirmou em 16 de outubro que as vozes das mulheres estão sendo ouvidas na grande assembleia do Papa Francisco sobre o futuro da Igreja Católica e disse que os delegados também estão reconhecendo a dor causada pela posição da Igreja em relação à homossexualidade.
A reportagem é de Nicole Winfield, publicada Global Sisters Project, projeto do National Catholic Reporter, 16-10-2023.
A Irmã Patricia Murray, secretária executiva do principal grupo de ordens religiosas femininas, forneceu uma atualização sobre o estado dos debates na metade do sínodo do Vaticano, que dura quase um mês.
Francisco convocou o encontro para promover sua visão de uma Igreja mais inclusiva e acolhedora, na qual os católicos comuns tenham mais voz nas decisões do que a hierarquia sacerdotal exclusivamente masculina. Um tema central tem sido o papel das mulheres na governança da Igreja, mas outras questões polêmicas também estão na pauta, incluindo a aceitação de católicos LGBTQ+ e o celibato sacerdotal.
Murray é uma das 54 mulheres a quem foi concedido o direito de voto pela primeira vez em um sínodo. Ela também foi eleita para a comissão que redigirá o documento de síntese no final do encontro, também pela primeira vez para uma mulher. Esse documento servirá de base para reflexão quando uma segunda sessão for convocada no próximo ano.
Murray, que preside a União Internacional das Superioras Gerais, afirmou em uma coletiva de imprensa no Vaticano que sua eleição para a comissão de redação foi simbolicamente importante e é uma evidência de que as vozes femininas estão sendo ouvidas e consideradas: "nomeações como essas são simbólicas. Elas são uma afirmação e um indicativo do desejo de ter a participação das mulheres nas tomadas de decisão", disse. Mesmo que as mulheres ainda sejam minoria entre os 365 membros votantes, "como mulheres, somos capazes de fazer valer nosso ponto de vista e usar nosso tempo e espaço de maneira eficaz".
A religiosa também foi questionada sobre as discussões a portas fechadas sobre a posição da Igreja em relação à homossexualidade, depois que o documento de trabalho pediu que os gays e outros que se sentem excluídos da igreja fossem acolhidos. Especificamente, perguntaram a ela se o sínodo de alguma forma iria reparar a dor causada a gerações de católicos LGBTQ+.
O ensinamento católico afirma que os gays devem ser tratados com dignidade e respeito, mas que atos homossexuais são intrinsecamente desordenados. "Acredito que, em muitas das mesas, se não em todas, a questão da dor e da ferida das pessoas, tanto individualmente quanto coletivamente, foi abordada e ouvida", disse Murray. "Igualmente, houve debates sobre como simbolicamente, de certa forma, representar essa dor. Algumas pessoas disseram que pedir desculpa não é o bastante".
Ela disse que era cedo demais para saber como um gesto de perdão ou o próprio documento-síntese abordará a questão. Mas deixou claro: "Há uma profunda consciência da dor e do sofrimento que foram causados".
Separadamente, o Vaticano confirmou que os dois bispos chineses continentais que foram autorizados a participar do sínodo estão indo embora mais cedo. O porta-voz do sínodo, Paolo Ruffini, citou necessidades pastorais como o motivo de sua partida antecipada.
A presença dos dois bispos havia sido bem recebida pelo Vaticano como evidência da universalidade da Igreja, após tensões em relação à nomeação de um bispo pela China que parecia violar um acordo de 2018 com a Santa Sé.
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Vozes femininas são ouvidas na grande assembleia em Roma sobre o futuro da Igreja, diz freira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU