27 Setembro 2022
Falam sobre a regeneração do planeta há quatorze anos e sobre comida boa, limpa e justa há muitos mais. Muitos dos 'rapazes' do Slow Food sonhavam em fazer a revolução e fizeram-na, mas não como esperavam: fizeram-na mudando os hábitos agrícolas e alimentares dos italianos. Partindo do axioma de que a pobreza global é uma consequência da agricultura intensiva, que tira terras e braços das comunidades para servir, através da distribuição em larga escala, o mercado rico e esbanjador dos países ricos, nos últimos anos, com a Terra Madre, a organização fundada por Carlo Petrini, busca fazer da alimentação a plataforma de uma transição ecológica.
A reportagem é de Paolo Viana, publicada por Avvenire, 23-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O objetivo, através da mensagem lançada por eventos como o de Turim, é renovar as práticas agrícolas, os sistemas de produção e distribuição, as dietas e os hábitos de consumo. "No entanto, se queremos realizar uma verdadeira regeneração das cidades, do campo e dos vilarejos a partir da produção e distribuição dos alimentos, devemos superar a visão que vê inovação e tradição como elementos opostos", disse Carlo Petrini, inaugurando esta edição que leva à capital do Piemonte mais de 3.000 agricultores e criadores, povos indígenas e cozinheiros, migrantes e jovens ativistas de 150 países e 700 expositores de mercado em torno da reivindicação #RegenerAction.
“Regenerar - explica o seu sucessor, Edward Mukiibi, que nos acompanha entre os stands – não significa simplesmente renovar, mas fazer renascer o planeta. Cultivar novas relações, como acontece no Terra Madre, é o pré-requisito para aprender a cultivar, distribuir e consumir de forma diferente. Muitas ofensas ao planeta dependem da produção agroalimentar. Pensamos no fosso entre Norte e Sul, ou na biodiversidade que diminui devido a um modelo industrial baseado na agricultura. É hora de fazer alguma coisa". Enquanto falamos, nos painéis da área educacional as imagens do planeta nos questionam: 'Você sabia que existem 1000 variedades de bananas e você encontra apenas uma no mercado?', 'Você sabia que a biodiversidade é nosso seguro para o futuro? "Não existe uma única maneira de cultivar e consumir - continua Mukiibi - enquanto a revolução verde impôs um modelo global". O novo presidente do Slow Food é um agrônomo africano, ele próprio criador.
Acredita na agroecologia, no bio, na permacultura, "porque respeitam as comunidades e os territórios", enquanto nos explica, "as monoculturas industriais em grande escala aniquilam os direitos das populações locais e transformam os agricultores em empregados de grandes grupos industriais e financeiros, subtraindo os seus produtos ao consumo local. A consequência é a fome e o êxodo de comunidades inteiras nas grandes cidades. Este modelo comporta o colapso da sociedade e uma imensa perda cultural e civil, além da poluição que a agricultura intensiva acarreta”.
Ferrenho opositor dos OGM e das tecnologias patenteadas "que parecem ser a solução, porque prometem produzir mais, enquanto são o problema, porque empobrecem os agricultores e os expulsam das suas terras", apresenta um após o outro os produtores que fazem da alimentação um instrumento de inclusão e de regeneração social. Realidades como a Mataré, uma cervejaria de Matera que nasceu da atividade de uma cooperativa social filha da Caritas e o projeto Policoro: há anos, eles trabalham duro para encontrar um emprego para os migrantes que chegavam com os botes e há algum tempo começaram essa atividade empreendedora que está crescendo. Ou como a Cooperativa San Michele Arcangelo, sem fins lucrativos, que desembarcou no agroalimentar a partir de uma atividade com dependentes químicos. A terra faz parte do programa terapêutico, mas as compotas, conservas e vinhos da cooperativa estão se tornando uma excelência procurada pelo mercado local. “Há muitos produtores locais também na Europa - explica o presidente do Slow Food - que usam abordagens responsáveis para a produção. É preciso aprender a ler bem o rótulo e escolher um alimento bom, limpo e justo”.
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“Só a biodiversidade nos garante o futuro” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU