15 Setembro 2022
"O importante é que o inominável defende a Pátria, Deus e a família. A gente só não sabe qual família, se é a família brasileira ou a própria família para a realização de rachadinhas, cheques dúbios, compra de loja de chocolate, apartamentos ou mansão em Brasília", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Depois da vergonhosa “festividade” do bicentenário da Independência do Brasil, que virou palanque eleitoral, o STE poderia cassar a candidatura do Brochonaro. Até mesmo o PDT do parisiense Ciro Gomes pediu a impugnação. Mas isso não vai rolar. O STE não tem cuião para tanto.
A pergunta que fica dessa parada eleitoreira é “o que é mesmo que os adoradores do mito comemoraram?” Foram os 107 apartamento da famiglia ou os 51 imóveis adquiridos mediante o pagamento em dinheiro vivo, certamente acomodado em malas, embora Brochonaro tenha “inventado” (kkkk) o Pix.
Quando não se tem realizações a apresentar à nação cabe a “invenção” do Pix. Um triplex e um sítio fizeram um barulho ensurdecedor no Brasil; 51 apartamentos resultados da lavanderia da famiglia não faz nem cócegas. O JN não faz o mesmo alarde quando, no tempo do PT, trazia, em tela de fundo, em minutos e minutos de denúncias, aquela tubulação em que rolava dinheiro do petrolão. Afinal, agora se trata apenas de simples apartamentos, nenhum triplex.
Será que os adoradores do mito comemoram a volta do Brasil ao mapa da fome? Os 33 milhões de brasileiros e brasileiras que não têm como fazer três refeições por dia? Ou aplaude a atuação de pastores, recomendados pelo Brochonaro, na intermediação de recursos do Ministério da Educação para municípios, intermediação cobrada em ouro ou impressões de bíblias? Não será o orçamento secreto o motivo para tanto festejo dos adoradores?
Ah, mas pode ser também as invasões de garimpeiros em terra indígenas, incentivados pelo Brochonaro, ou o contrabando de madeira avalizado por um dos seus (ex) ministros, ou, ainda, as queimadas na Amazônia. Tem também aquele ministro da Fazenda que, numa clara demonstração de credibilidade à economia brasileira, investe em paraísos fiscais.
Também podem comemorar a performance do Brochonaro ao interpretar pessoa com falta de ar por causa da covid. Ou a morte prematura de mais de 400 mil brasileiros e brasileiras por causa da demora na aquisição de vacinas, ou a falta de oxigênio em Manaus. Ah, tem ainda as latinhas de leite condensado, carnes, bebidas alcoólicas e prozac para militares.
O importante é que o inominável defende a Pátria, Deus e a família. A gente só não sabe qual família, se é a família brasileira ou a própria família para a realização de rachadinhas, cheques dúbios, compra de loja de chocolate, apartamentos ou mansão em Brasília.
O deus de Brochonaro não é o Deus de amor, solidariedade, paz, justiça, anunciado por Jesus. É o deus da arminha, da mentira, da violência e da enganação. Está mais para diabólico do que para santo!
E a pátria do capitão é aquela que compra briga com chineses, franceses, chilenos e americanos. Chineses por causa da “vachina”; franceses, no comentário machista dirigido à esposa do Macron; estadunidenses, na dúvida da eleição de Biden, e o Chile, ao atacar o presidente daquele país. A pátria do inominável é o que pode ser desmanchado e vendido.
Como se vê, adoradores têm motivos para ir à rua e proclamar os feitos do “mito”. Afinal, o Brasil não tem corrupção, a educação se expande, a saúde vai muito bem, obrigado, e o país é reconhecido no espectro internacional. Tudo crescimento negativo, mas não deixa de ser crescimento. É isso que adoradores festejam.
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O que há para festejar? Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU