16 Agosto 2022
O Climate Media Center Itália escreveu uma carta aberta à mídia italiana: é preciso falar sobre a crise climática e sobre as suas soluções, ainda mais em período de campanha eleitoral. A carta foi assinada por cientistas e especialistas em clima e ambiente, incluindo vários autores italianos do último importante relatório do IPCC. Ao mesmo tempo, o Climate Media Center Itália produziu cinco dicas práticas sobre como comunicar o risco climático, destinadas a jornalistas e não só [disponíveis em italiano aqui]. A carta foi publicada em 12 de agosto de 2022.
O sítio Settimana News, 14-08-2022, republicou o documento. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É nossa responsabilidade, como cidadãos italianos e membros da comunidade científica, alertar da forma mais clara e eficaz possível sobre qualquer ameaça séria que diga respeito às pessoas e ao nosso país. É dever dos jornalistas defender o direito à informação e divulgar notícias científicas verificadas.
Ondas de calor, secas prolongadas e incêndios são apenas alguns dos graves sinais recentes da intensificação dos impactos das mudanças climáticas nos nossos territórios. No entanto, as notícias divulgadas pela mídia italiana muitas vezes não informam o público sobre as causas desses eventos e as suas respectivas soluções. Isso apesar do consenso da comunidade científica sobre o vínculo entre o aumento da frequência e intensidade desses fenômenos e as mudanças climáticas.
Calar as verdadeiras causas dos eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos que afetam o nosso planeta e não explicar quais são as soluções para uma resposta eficaz apresentam o risco de alimentar a inação, a resignação ou a negação da realidade, traduzindo-se em um aumento dos riscos para o presente e o futuro das nossas comunidades.
As soluções já existem e precisam ser implementadas com urgência. Para agir, é necessário vontade política e diálogo, em todos os níveis da sociedade, reconhecendo que as causas das mudanças climáticas são as emissões de gases do efeito estufa produzidas pela utilização de combustíveis fósseis.
No próximo dia 25 de setembro, os italianos votarão para eleger seus representantes no Parlamento. É importante, especialmente neste momento, que os cidadãos participem da votação com a consciência de que as mudanças climáticas são uma crise que diz respeito a todos os setores da sociedade e que precisa ser enfrentada pela próxima legislatura com políticas proporcionais à gravidade do problema. Estas também são as mensagens de um recente abaixo-assinado dirigido aos partidos políticos italianos publicado no caderno Green & Blue do jornal La Repubblica [disponível em italiano aqui].
Por essas razões, convidamos todos os meios de comunicação italianos a garantirem a cobertura dos temas ligados à crise climática e à transição ecológica, valendo-se de notícias científicas verificadas, fontes qualificadas e evidências sólidas. O hábito de apresentar as questões pertinentes ao clima dando espaço a vozes “negacionistas” e cientificamente erradas é prejudicial para o debate público e ofusca a existência de um consenso científico sobre as causas antrópicas das atuais mudanças climáticas.
No terceiro volume do seu último relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reiterou a necessidade de uma imediata e consistente redução das emissões dos gases de efeito estufa já nesta década e ilustrou claramente, com uma honesta explicação das incertezas, as opções mais eficazes para alcançar esses objetivos, com relação aos setores da energia, dos transportes, da construção, da indústria e da gestão das florestas e dos solos.
Ainda temos tempo para escolher o nosso futuro climático. Ainda temos tempo para escolher um futuro sustentável que coloque a segurança, a saúde e o bem-estar das pessoas em primeiro lugar, como previsto, aliás, pelos fundamentais objetivos europeus de redução das emissões em 55% até 2030 e de neutralidade climática até 2050. Podemos fazer isso graças a uma correta comunicação, à boa-fé e à cooperação entre todos nós.
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Jornalistas, falem sobre a crise climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU