26 Mai 2022
Lá vamos nós de novo. "Dom Matteo", aquele verdadeiro, que agora lidera a Conferência Episcopal Italiana - CEI, terá que aguentar mais um pouco a história de "padre de rua", algo que sempre o fez rir muito: "É óbvio, me diga você, onde mais deveria estar um padre, na sala de estar?' Talvez, "nas" ruas. Como Francisco, que escolheu Santa Marta em vez do Palácio Apostólico, o cardeal Zuppi em Bolonha não foi morar no arcebispado, mas na casa do clero na via Barberia 24 junto com os sacerdotes idosos aposentados, "eles me darão conselhos". De Roma trouxe a bicicleta com a qual chega à Cúria todas as manhãs e circula pela cidade.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada por Corriere della Sera, 25-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Padre callejero, como Francisco gosta, mas não porque é moda agora. Quando estava no quinto ano do ensino médio, no início dos anos 1970, no colégio Virgílio de Roma, conheceu Andrea Riccardi, um jovem 5 anos mais velho que havia fundado a Comunidade de Santo Egídio. "Ali encontrei um Evangelho vivo e aprendi o que um cristão deve fazer: amar a Deus e ao próximo e, assim, a si mesmo". Entre os colegas de ensino médio estavam Francesco De Gregori e Riccardo Di Segni, rabino-chefe de Roma. Estava David Sassoli, cujo funeral ele celebrou, "o colega de escola que todos gostaríamos de ter".
E lá estavam eles, os pioneiros da comunidade nos anos da efervescência pós-conciliar. Encontravam-se lendo o Evangelho e colocando-o em prática na realidade, o impulso para ajudar os pobres e os menos favorecidos, as escolas populares para as crianças das favelas dos subúrbios, os idosos sozinhos, os imigrantes e os sem-teto, os doentes e os nômades, os portadores de deficiência e os viciados, os presos e os refugiados.
As bem-aventuranças, o Evangelho sine glossa. Na Sapienza, Letras e Filosofia, decidiu tornar-se sacerdote: “me formei em história do cristianismo, com uma tese sobre o cardeal Schuster. O padre Turoldo ajudou-me a entendê-lo: em Milão acolheu muitos membros da resistência e depois, com razão, escandalizou-se com a barbárie de piazzale Loreto, não porque fosse antifascista ou fascista, mas porque era padre e monge”.
Depois de bacharelado em teologia na Lateranense, foi pároco no Trastevere e na periferia de Torre Angela, em Roma. No meio tempo, esteve entre os mediadores do processo de paz em Moçambique. “Eu era pároco assistente em Trastevere, celebrava no bairro de Primavalle. A primeira vez que fomos a Moçambique foi em 1984. A seca, a guerra. Os mercados vazios, não havia nada. A atenção aos outros nos torna melhores: a necessidade de fazer alguma coisa, não nos resignarmos à lógica da impossibilidade”.
Bispo auxiliar de Roma em 2012, Francisco o escolheu como arcebispo de Bolonha em 2015 e o tornou cardeal em 2019. Quinto de seis filhos, ele é o segundo cardeal da família depois de Carlo Confalonieri: "Era tio de minha mãe, de Seveso, foi secretário de Pio XI. Lembro-me do seu rigor ambrosiano, da ideia de serviço à Igreja: ônus e não honras”.
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De Santo Egídio à África. A vida para os últimos do padre de bicicleta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU